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·15 octobre 2025
Noronha Lopes: “Preparei-me para isto, estou a trabalhar para isto há mais de um ano.”

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Motivo da candidatura.
— Sou sócio desde 1972, Benfica tem-me dado muito, nesta altura, como em 2020, é fundamental haver uma mudança a pensar no futuro, com equipa e projeto novos e ideias inovadoras, que torne o Benfica mais vitorioso e sustentável financeiramente, mais defendido e que cresça mais fora.
Remuneração.
— Sim, por uma questão de princípio e transparência. A remuneração, prevista nos estatutos, veio democratizar o acesso ao cargo. Quem está à frente do clube deve ser transparente e nada mais transparente do que haver uma remuneração, fixada por uma comissão independente. Não é a remuneração que me faz ser querer ser presidente. Fui vice-presidente de Manuel Vilarinho, numa altura em que não havia remunerações, trabalhei bastante sem remuneração e fui candidato quando essa possibilidade não era consagrada.
Futebol profissional.
— Há quatro ideias-chave no meu projeto: estrutura, estabilidade, identidade e ambição. Benfica precisa de ter uma estrutura clara, com responsabilidades definidas em que as pessoas sabem para onde vamos e o que cada um tem de fazer, uma equipa solidária e unida. Temos o Nuno Gomes como vice-presidente, o Pedro Ferreira como diretor-geral a reportar ao Nuno Gomes, o Tomás Amaral como diretor desportivo e o Vítor Paneira como diretor técnico. Sobre a estabilidade, Benfica não pode viver em constante mudança. Não podemos vencer quando temos cinco treinadores em quatro anos ou quando entram e saem em média 13 jogadores. Este carrossel não interessa ao Benfica. Garanto que essa estabilidade vai existir. Temos uma das melhores formações. Quero uma formação para vencer e não para vender. Fazemos isso com investimento financeiro sem precedentes, para reter os nossos jogadores mais tempo. Se os nosso adversários conseguem reter os melhores jogadores para serem bicampeões o Benfica também tem. Nomeadamente jogadores que simbolizam o que os benfiquistas sentem, a mística entrega e garra como João Neves, que não deveria ter sido vendido tão cedo. No scouting, temos de ir buscar os jogadores mais cedo. Identidade nunca podemos esquecer, constrói-se com os símbolos, ex-jogadores que acolhem jogadores e garantindo que jogadores que personificam essa mística fiquem mais anos.
Plano de 4 anos.
— Formação integrada, plano de desenvolvimento e progressão dos jogadores, retenção de técnicos de formação. Departamento scouting a funcionar, com área de análise de dados reforçada, departamento de futebol feminino que precisa de investimento.
Rentabilização do talento do Seixal.
— Tem de haver alinhamento entre treinador, diretor geral, vice-presidente do futebol sobre a progressão dos jogadores. A nossa formação é uma das melhores do mundo, obviamente é uma obra bem feita. Temos de criar condições para reter os jogadores, com plano financeiro para não ter de vender tanto nem mais cedo e fazer com que os jogadores queiram ser primeiro campeões no Benfica que lá fora. Estou farto de ouvir a conversa de que não podemos cortar as pernas aos jogadores. Temos de garantir que sejam bem remunerados, possam suceder no Benfica e possam seguir a vida deles.
Mercado português.
— Temos de olhar mais para o mercado português.
Sistema de jogo.
— Perfil do jogador que vem para o Benfica — precisa de talento, de saber o que representa ao Benfica, fico preocupado quando alguns dizem que querem dar o salto depois de chegarem, depois é importante existir uma coordenação entre formação e scouting. As contratações têm de ser decididas em conjuntos em face de um filosofia, que não tem a ver com o facto de jogarmos em 4x3x3 ou 4x4x2, mas com o tipo de futebol que o treinador quer implementar.
Futebol feminino.
— Criar condições condignas é o primeiro passo. Reforçar o scouting e ter política que permita ser ambiciosos na Europa. É área em crescimento.
Sustentabilidade financeira.
— Dívida aumentou quase €100 milhões, situação financeira tem de ser corrigida, temos de pôr mão nisto. Prioridade é equilibrar receitas e despesas correntes. Temos um défice de €15 milhões/ano. Com contenção de custos e aumento de receitas podemos transformar esse défice em resultado positivo de €30 milhões. Não estaremos tão dependentes de vendas e poderemos usar parte desse dinheiro para pagar dívida.
Fornecimento de Serviços Externos.
— Aumentaram desde 2019 de €55 milhões para quase €90 milhões. Há espaço para cortar, cerca de 10 por cento. Não se constrói o futuro só cortando nos custos, mas também aumentando as receitas comerciais e garantindo que temos equipa futebol competitiva que esteja na Champions.
Direitos TV.
— A Direção disse que tinha duas propostas sobre os direitos até 2028 e que deixaria este processo para a nova Direção. Parece-me uma decisão acertada. Ouvirei as propostas. Benfica tem de liderar este processo. Durante quatro anos o Benfica apoio um presidente da Liga que não avançou com este processo e apresentou números que fariam com que o Benfica pudesse perder €20 milhões. Isso é inaceitável. Benfica é o clube que enche estádios, gera mais audiências, não quer mais do que aquilo a que tem direito. Quer ser valorizado pelo impacto que tem. Benfica não pode estar ausente do processo por inação e depois saltar fora após a vergonha da Taça de Portugal. Foi entregue um anteprojeto e o Benfica foi informada. Como é possível? Uma das minhas primeiras medidas será pedir uma audiência ao Governo, aos presidentes da Liga e da FPF. Não há centralização sem o Benfica. Se tiver de ficar sozinho a defender os interesses do Benfica, ficarei.
Naming do estádio.
— Existe essa oportunidade, não deve haver precipitações. Não é qualquer um que pode ser associado ao Estádio da Luz.
Modalidades
— Nas masculinas ganhámos 30 por cento dos títulos na época passada. Não podemos ter um vice-presidente que numa AG diga que vamos tentar ficar em segundo lugar no andebol. Tem de haver mais ambição, mais organização e transparência. Precisam de uma nova organização. Terei uma pessoa dedicada às modalidades, Felipe Gomes.
Infraestruturas.
— Defini três prioridades: aumento capacidade e modernização do estádio. Tenho um estudo, mas não farei como o Benfica District, apresentarei primeiro aos sócios, depois de completar o estudo que tenho. Faremos uma casa do sócio no Estádio da Luz e investir em infraestruturas no Seixal.
Associativismo.
— Criação do provedor do sócios, de um portal da transparência; aproximar benfiquistas das Casas e apoiando-as. Farei um congresso das Casas.
Estatutos.
— Não são perfeitos, foram aprovados por 90 por cento dos benfiquistas e são melhores que os anteriores.
Relação com Sporting, FC Porto, FPF e Liga.
— Benfica para ser respeitado tem de dar-se ao respeito, estar na liderança de processos fundamentais do futebol português, como na venda dos direitos televisivos, não abdicar de ter papel nas eleições dos órgãos da FPF e Liga e ser defendido atempadamente e nas alturas próprias. Defenderei os interesses do Benfica porque sou independente, permite-me colocar o interesse do Benfica acima dos interesses pessoais.
Legado.
— Gostaria de deixar um legado de um Benfica mais ganhador, mais respeitado em Portugal e na Europa, em que as pessoas reconheçam transparência, que os sócios se sintam próximos do clube, que os trabalhadores sintam orgulho e que todos se sintam motivados. Preparei-me para isto, estou a trabalhar para isto há mais de um ano. Vamos fazer mudança sem sobressaltos e com confiança, não são as pessoas que fazem parte do passado que vão construir o futuro.