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·2 Oktober 2025

Lei do Mandante: Flamengo se beneficia ou perde com novo modelo?

Gambar artikel:Lei do Mandante: Flamengo se beneficia ou perde com novo modelo?

A Lei do Mandante mudou profundamente a lógica das transmissões no futebol brasileiro. Surgiram os blocos de clubes e o Brasileirão passou a ser transmitido por diferentes empresas e plataformas. O MundoBola Flamengo ouviu o consultor de marketing e gestão esportiva Amir Somoggi, que considera a Lei do Mandante um avanço para o futebol brasileiro, ainda gere novos desafios.

Com a nova legislação, cada clube passou a ter o poder de negociar individualmente os jogos em que é mandante. O efeito imediato foi a fragmentação do mercado, com a criação dos blocos Libra e a Liga Forte União, além do surgimento de novas plataformas: Amazon Prime Video, CazéTV e Record.


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Na avaliação do consultor e sócio da Sports Value Marketing Esportivo, Amir Somoggi, a Lei do Mandante representou um avanço para todos os clubes.

"Eu acredito que foi uma evolução. A lei do mandante permite que os clubes tenham mais independência. Antes, dependia de que cada clube, junto, cedesse seus direitos."

"Impedia que um clube, por exemplo, tomasse alguma decisão que pudesse ser melhor para ele. Como uma transmissão de algum jogo internacional ou, eventualmente, até uma briga, como essa que está tendo do Flamengo", disse o especialista.

Em 2020, o Flamengo foi o principal articulador da chamada “MP do Mandante”, depois convertida em lei. Hoje, apesar de polêmicas, é o exemplo para os dois casos citados por Amir. O clube decidiu não negociar os direitos de transmissão internacionais e lançou a própria plataforma. Além da disputa com a Libra.

Como era a divisão de receitas antes da Lei do Mandante

Até 2024, a divisão seguia a fórmula 40/30/30 (igualitária, transmissões e desempenho), além do pay-per-view. Nesse modelo, Flamengo, Corinthians, Palmeiras e Grêmio tinham mínimos garantidos de PPV.

Essa cláusula do contrato blindava esses clubes contra oscilações de mercado. Em 2023, o Mengão recebeu R$ 275,2 milhões em cotas de TV. Esse valor foi composto por:

O desafio da fragmentação

Se por um lado a Lei do Mandante deu autonomia, por outro trouxe o desafio da pulverização de contratos. Amir Somoggi aponta que isso afeta especialmente patrocinadores e marcas que investem pesado em clubes como o Flamengo.

"A fragmentação é, realmente, um grande desafio, porque, por exemplo, tanto na questão do patrocínio como na questão dos direitos, hoje, jovens, especialmente, não veem mais TV aberta."

"Então, eu imagino a Betano, que está pagando esse caminhão de dinheiro para o Flamengo na camisa, mas, para o grosso da população mais jovem, não é ali na transmissão que vai dar o retorno. A empresa tem que trabalhar muito com ativações digitais, e o clube também precisa atuar com seus canais de internet trabalhando. Então, vai muito mais além do que simplesmente botar a marca lá e transmitir", afirmou.

O ponto levantado pelo especialista mostra que a Lei do Mandante não trouxe apenas uma nova forma de negociar, mas contribuiu também para uma mudança na forma de consumir futebol. A pulverização das transmissões dificulta a entrega de visibilidade em massa.

Isso obriga clubes e patrocinadores a repensarem como ativar suas marcas. No caso do Flamengo, que tem o maior contrato de patrocínio do país, esse fator é fundamental.

Impacto no Flamengo

Embora a Lei do Mandante tenha aberto novas oportunidades e dado autonomia aos clubes, no caso do Flamengo o problema não está apenas no modelo. Isso porque a negociação conduzida pela gestão de Rodolfo Landim aceitou ceder benefícios do clube.

Os membros da Libra definiram a divisão de receitas sem PPV, sem mínimo garantido e com a audiência sendo repartida meio a meio entre os clubes. O Fla alega ser uma medida ilegal, já que precisava de unanimidade e não há comprovação de documento assinado por Landim. Contudo, a projeção do acordo atual na prática é a perda de R$ 100 milhões.

Um cenário proposto pelo Fla para solucionar a questão iria aumentar a arrecadação de R$ 20 a 30 milhões. Ou seja, o clube ainda teria um prejuízo de R$ 80 a R$ 70 milhões. A comparação entre 2023 e a projeção para 2025 mostra bem a mudança:

O Flamengo recebia mais no contrato anterior e é parte fundamental da audiência dos times da LFU. Afinal, levantamento do MundoBola Flamengo mostra o impacto do clube na CazéTV neste Brasileirão. Contudo, a projeção mostra que a maioria dos clubes deve aumentar a arrecadação.

Ou seja, a queda de receitas não pode ser atribuída somente à Lei do Mandante, mas também às escolhas feitas na hora de negociar os contratos.

Os acordos firmados a partir de 2016 possuiam diversos gatilhos benéficos ao Flamengo. Além da medição de audiência, motivo da briga com a Libra, e do mínimo garantido, renunciou aos compromissos de Marketing e Mídia.

O clube também abriu mão do direito de usar os conteúdos audiovisuais dos jogos em produtos e mais vantagens. Pontos pela gestão Bap ao Conselho Deliberativo em abril.

A Lei do Mandante foi o motivo para o Flamengo voltar à mesa de negociação em um cenário diferente. Contudo, as ações do clube em 2025 mostram que era possível brigar por um acordo mais favorável.

Liga como modelo sustentável

Para o futuro, Amir Somggi defende que o modelo realmente sustentável seria o de uma liga estruturada. Liga com capacidade de investir em branding, internacionalização e novos conteúdos digitais. Ele destaca que isso não acontece nem na Libra, nem na Liga Forte União.

"Acredito que o modelo sustentável é um modelo de liga. Porque, por exemplo, mesmo o Real Madrid-Barcelona, Bayern, Liverpool, eles não têm dinheiro para investir em marca, em conteúdos internacionais. O dinheiro vai todo para salário e contratações.

"A liga pode investir em novos conteúdos, nessa fragmentação internacional de conteúdos digitais. Esse é o grande desafio do Brasil, entender que tudo que está sendo construído hoje não é o ideal. O Flamengo está questionando, mas nem a LFU, nem a Libra têm esse modelo de liga. Eles nunca discutiram transformação de conteúdos digitais, internacionalização do mercado brasileiro. Uma série de questões que poderiam ser trabalhadas", finalizou.

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