Revista Colorada
·19 Desember 2025
“Não querem porque você é gordo”: Ex-Inter expõe preconceito no futebol

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Ex-técnico do Internacional e recentemente sondado para um possível retorno ao Beira-Rio junto à nova comissão técnica, Guto Ferreira fez um forte desabafo sobre os bastidores do futebol e a forma como a aparência física ainda influencia decisões no mercado. Em entrevista ao quadro “Abre Aspas”, do ge, o treinador revelou que a obesidade foi determinante para que oportunidades importantes, inclusive no exterior, não avançassem.
Segundo Guto, o preconceito raramente é exposto de forma direta ao profissional. No entanto, ele afirma ter recebido a confirmação por meio de intermediários e empresários que atuavam em negociações fora do Brasil. Em uma das situações mais marcantes, envolvendo clubes do mundo árabe, a justificativa foi clara e dura: sua imagem não se encaixava no perfil desejado.
“O que posso dizer é assim: tête-à-tête ninguém vai falar isso para você. Mas, em determinados momentos, eu vivia fases espetaculares em clubes da Série A. Os empresários, um dos sócios que vivia no mundo árabe, vinha e falava assim: ‘pô, os caras não querem porque você é gordo’”, relatou o treinador.
O depoimento escancara uma realidade pouco debatida publicamente no futebol: a avaliação de treinadores vai além de resultados, ideias de jogo e capacidade de gestão. Em alguns mercados, especialmente fora do Brasil, a estética e a imagem vendável do comandante pesam tanto quanto — ou até mais do que — o currículo profissional.
Guto Ferreira construiu uma carreira marcada por trabalhos sólidos, especialmente em contextos de pressão, sendo conhecido por “arrumar a casa” em clubes ameaçados pelo rebaixamento. Ao longo da trajetória, comandou equipes tradicionais, disputou Série A em diferentes projetos e ficou reconhecido pela leitura de jogo, organização defensiva e capacidade de adaptação a elencos limitados.
Mesmo assim, segundo o próprio treinador, isso não foi suficiente para superar barreiras impostas por critérios que nada têm a ver com futebol. O relato ganha ainda mais relevância em um momento em que o debate sobre diversidade, inclusão e preconceito avança em várias áreas do esporte, mas ainda encontra resistência nos bastidores.
A fala de Guto também dialoga com a realidade brasileira, onde técnicos são constantemente avaliados não apenas pelo desempenho, mas pelo “perfil”, postura e imagem pública. O episódio expõe como o futebol, apesar de profissionalizado, ainda carrega traços subjetivos e discriminatórios em processos decisórios.
Sondado recentemente no mercado e com seu nome lembrado em diferentes contextos, inclusive no Internacional, Guto Ferreira segue ativo e aberto a novos desafios. Seu depoimento, no entanto, deixa um alerta claro: nem sempre competência e resultados são suficientes quando o preconceito entra em campo.









































