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·11 Desember 2025

O único português campeão pelo Malmö: «Marcámos um bocadinho as pessoas»

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O Estádio do Dragão recebe, às 20h00 de quinta-feira, um jogo inédito: FC Porto e Malmö defrontam-se pela primeira vez na história, numa partida a contar para a sexta jornada da Liga Europa

Foi precisamente à boleia desse encontro sem precedentes, que o zerozero procurou saber mais da história de um português que fez algo único até ao momento. Yago Fernández, antigo defesa central, continua a ser o único jogador luso a sagrar-se campeão pelo clube sueco.


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Ao nosso portal, recordou o que o levou a tomar esse rumo, abordando ainda os melhores e os piores momentos da sua carreira. Anteviu também o embate com os dragões, afirmando que este Malmö não é o mesmo de outros anos.

«No inverno, às 14h já era de noite»

Com apenas 22 anos, Yago reforçou o Malmö em 2010, conquistando o título naquela que foi a sua primeira temporada no clube do país do norte da Europa. Sobre esta aventura, começou por explicar como surgiu a oportunidade.

«Tinham um treinador com quem eu já tinha trabalhado no Espanyol. Ele foi para lá no verão e ligou-me a perguntar se eu queria ir também. Naquela época não era muito normal ir jogar para a Suécia, mas foi uma experiência muito agradável», referiu, revelando depois as dificuldades na adaptação.

«Foi muito difícil em dezembro. Cheguei lá no verão e tínhamos sol durante todo o dia, enquanto no inverno, às 14h já era de noite, com o tempo mais fechado e isso era o que custava mais. A adaptação foi boa no verão, mas no inverno foi mesmo muito difícil e foi o que me fez sair de lá», afirmou.

Ainda assim, guarda boas memórias dessa época: «Esse ano foi muito bom. Estávamos a sete pontos do líder e acabámos em primeiro lugar e a jogar bom futebol. Classificámo-nos depois de oito anos para as competições europeias também. Então, são boas lembranças. O Malmö não ganhava o campeonato há alguns anos e com regularidade e, a partir daí, já vimos o que são hoje

«Estão sempre nas competições europeias e a lutar pelo campeonato, menos este ano. Mas foi a partir dali que tudo começou, então as lembranças são fantásticas. As pessoas ainda se lembram e isso é muito bom, estamos a falar de 2010. Podemos dizer que marcámos um bocadinho as pessoas também», acrescentou.

Além do impacto positivo que deixou no emblema sueco, o ex-defesa ganhou um estatuto singular, que os amigos não o deixam esquecer.

«Eles é que me disseram que fazia anos desde que sou o único campeão [português] na Suécia. É uma coisa estranha também, mas é engraçado ser o único. Seja onde ver, ser o único é bonito e vai ficar na história até chegar lá outro e ser campeão. Mas, até lá, sou o único. É bastante engraçado, apesar de não pensar muito nisso.»

«O FC Porto vai ter poucas dificuldades»

A verdade é que o tempo passa a correr e já lá vão 15 anos desde que o antigo jogador, de agora 37 anos, defendeu as cores do Malmö. No entanto, nunca deixou de seguir os Blues.

«O diretor-desportivo jogava comigo e tenho lá pessoas dentro da estrutura do clube que eram meus colegas. Por isso, acompanho e sou bem recebido sempre que vou lá. Muito bem recebido mesmo», contou, antes de antever a partida contra o FC Porto.

«Atualmente, este Malmö não vai causar nenhum problema. O campeonato já acabou e agora estão a fazer uma mudança de equipa. Acho que vão fazer algumas rotações em relação ao jogo anterior da Liga Europa, porque estão a jogar com os rapazes que tiveram menos minutos. Estão a fazer uma limpeza no plantel, já que foi um ano bastante difícil para eles, onde ficaram a vários pontos do primeiro lugar», considerou, deixando um aviso.

«Os titulares durante toda a época não jogam e, por isso, acho que o FC Porto que temos visto, vai ter poucas dificuldades mesmo. Isto se, claro, levar o jogo a sério, porque podem ver que as coisas estão fáceis e baixarem o ritmo.»

O calendário na Suécia é um fator a ter em conta, visto que, para Yago, acaba por ser prejudicial: «Sem dúvida, porque quando as competições europeias estão a meio, na Suécia estás já a finalizar o campeonato. As pernas estão cansadas e a cabeça só quer ter férias, então, nestes jogos, o Malmö já não tem nada a ganhar e não consegue passar. A cabeça dos jogadores já pensa nas férias, porque em janeiro começam a pré-época. Então, basicamente o que querem é despachar isto para terem a cabeça fresca para o próximo ano.»

O português comparou ainda o futebol jogado nos dois países, admitindo as muitas diferenças que sentiu no seu tempo.

«É bastante diferente porque é mais físico, não se joga tanto no pé e é mais direto. Era assim naquela época e acho que continua a ser igual. Muito jogo direto e muitos jogadores físicos, altos, fortes e à procura de segundas jogadas. É totalmente diferente do português», garantiu, confirmando depois que esta aventura tinha sido a sua melhor experiência.

«Diria que sim, porque surpreendeu-me a nível de adeptos. Os adeptos realmente gostam de futebol. Surpreendeu-me o futebol e os estádios suecos, que são bastante bons. Foi uma experiência bastante agradável. O mau da Suécia é o clima no inverno, porque de resto, é cinco estrelas

«O meu nível foi o que consegui fazer»

Depois da passagem pelo território sueco, optou por voltar a Espanha, antes de ingressar num desafio no AEK, do qual não guarda boas memórias. A equipa acabou por descer de divisão na secretaria, na sequência de incidentes violentos com os adeptos.

«Foi um ano muito difícil. O treinador era o Traianos Dellas. Foi muito duro terem invadido o campo para baterem no treinador, no presidente e a nós. Também foi um ano sem receber. Foi uma experiência que fora do campo foi fantástica, a Grécia é um país incrível, mas no futebol foi muito difícil por isso tudo. A economia estava complicada e os adeptos também não ajudaram muito», lamentou.

De seguida, reforçou o Shakhter do Cazaquistão: «Também devo ter sido um dos primeiros portugueses a ir para lá, mas essa experiência foi apenas económica. Pagaram-me muito e fui para lá, mas não foi uma experiência na qual tirei algo de positivo naquela altura. Hoje em dia, o futebol do Cazaquistão melhorou muito, mas na minha época, ainda estava em fase de crescimento.»

Antes de prosseguir carreira em países não tão conhecidos pelo futebol, Yago cumpriu formação num trio de equipas que muitos jogadores ambicionam jogar: Benfica, Sporting e Real Madrid. Contudo, desconsiderou o peso de representar esses emblemas.

«Não, apenas gostava que esses três clubes tivessem sido no final da minha carreira. Mas quando és uma criança, não sabes onde é que estás e não tens essa pressão, não sentes isso. Sabes que estás num bom clube e a desfrutar do momento, é totalmente diferente de quando és adulto», considerou, explicando de seguida o regresso a Portugal, em 2010 - antes de rumar ao Malmö -, pela mão do Gil Vicente.

«Sinceramente, tentei voltar a sentir-me jogador de futebol. Não correu bem, não joguei praticamente nada, mas é o que eu digo agora: a carreira de cada um é feita ao seu nível. O meu nível foi o que consegui fazer.»

O que também não correu muito bem foi o Campeonato da Europa sub-19 em 2007, onde o conjunto português caiu na fase de grupos - o ex-atleta fez parte dessa equipa, tendo somado 15 internacionalizações jovens no total: «Obviamente que não, porque não correu nada bem. Nós tínhamos uma geração que era muito forte a nível individual, mas que coletivamente era fraca. Deu para ver durante todos os anos, em que tivemos poucas conquistas.»

Assim, fica a história de como, às vezes, o mais improvável dos caminhos é precisamente aquele que fica para sempre.

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