Candidatos às eleições do Benfica em debate: veja tudo o que foi dito | OneFootball

Candidatos às eleições do Benfica em debate: veja tudo o que foi dito | OneFootball

In partnership with

Yahoo sports
Icon: Zerozero

Zerozero

·23 ottobre 2025

Candidatos às eleições do Benfica em debate: veja tudo o que foi dito

Immagine dell'articolo:Candidatos às eleições do Benfica em debate: veja tudo o que foi dito

Decorreu, esta quinta-feira, o debate entre os seis candidatos à presidência do Benfica e o zerozero esteve no acompanhamento do mesmo.

Foram oitos os temas em debate: futebol profissional (duas rondas); futebol de formação; futebol feminino e modalidades; contas e finanças; direitos televisivos; obras, infraestruturas e projetos; associativismo e relações externas.


OneFootball Video


Para melhor entendimento do debate, colocámos as iniciais de cada candidato antes das respetivas respostas. 

  • JDM: João Diogo Manteigas
  • JNL: João Noronha Lopes
  • LFV: Luís Filipe Vieira
  • RC: Rui Costa
  • MM: Martim Mayer
  • CC: Cristóvão Carvalho

Relações externas

JDM: «O Benfica tem me manter relações com a Liga e com a FPF e não pode esquecer a AF Lisboa. O Benfica tem de analisar os relatórios da arbitragem, fazer escrutínio do VAR. Foi criado um Centro de VAR a Norte com a AF Porto para descentralizar o VAR. Porquê? O Benfica tem de acompanhar as arbitragens para perceber desvios padrões nas nomeações dos rivais. As comunicações do VAR são sigilosas, mas o Benfica tem acesso na semana seguinte e deve transcrever para os sócios. Sobre a lei da arbitragem, não há leis nem regulamentos. Os jogadores e treinadores têm lei, uma equipa em campo não tem regras tirando regulamentos. Se o Benfica é força motriz, tem de assumir a responsabilidade.»

JNL: «O Benfica quer ter as melhores relações institucionais. Mas para ser respeitado o Benfica tem de se dar ao respeito. Rui Costa disse que coloca o Benfica acima de tudo. Estou completamente de acordo, mas não foi o que aconteceu com Pedro Proença. Votou em Proença porque não podia ir contra a corrente. Se tiver de ir contra a corrente, vou. Garanto que estarei a defender os interesses do Benfica até à primeira à última jornada. Não será com comunicados meiguinhos. Quando o presidente tiver de dar a cara, dará»

MM: «Para nos respeitarem, não nos podem levar valor para fora, temos de reverter isso. A minha abordagem é instituicional. O Sporting tem um pedido de desculpas para nos fazer»

LFV: «Se eu ganhar as eleições, Pedro Proença e FPF... Não vou cortar nada, mas enquanto não correr com ele dali para fora... Não vou perdoar ter colocado um lençol verde nos principais órgãos da Federação. Se eu não andasse a fazer barulho, o penálti do SC Braga não era marcado. Pedro Proença promoveu-se à custa dos clubes e sempre nos prejudicou.»

RC: «Concordo em grande parte. O Benfica tem de liderar os vários dossiers de viragem do futebol português. Na relação com outros clubes, fomos sempre o alvo a abater. Queremos procurar o melhor para o futebol português, limpo e jogado nas quatro linhas. Não quero cortar relações, mas ser intransigente.»

CC: «Se o Benfica for avassalador e ganhar com tranquilidade em campo, não nos temos de preocupar com essas instituições. Não se pode envolver nas trocas de galhardetes, estamos a ser arrastados para uma lama onde temos demasiada exposição. Quem enche as televisões com Benfica é o Benfica. Temos de os deixar a falar sozinhos, ir embora e ir trabalhar. A comunicação do clube tem de estar alinhada. As televisões não podem desgastar o Benfica com pessoas que se dizem benfiquistas e não defendem o Benfica


Associativismo

JNL: «As Casas não podem ser só notícia em altura de eleições e aniversário. O presidente tem de ir às Casas. Cresci fora de Lisboa e sou emigrante. Dou um grande valor às pessoas que estão nas Casas. Vamos realizar duas reuniões da Direção por ano fora de Lisboa. Vamos criar a figura de provedor de sócio, para ouvir as queixas e reclamações. Os sócios vão passar a ter resposta. Vamos criar o congresso das Casas. As Casas e a sociedade mudaram. Há uma nova geração que não tem a dedicação para ir às Casas com a geração mais velha. Acaba a recair sobre os mesmos. Vamos criar o Portal da Transparência, com todas as comissões de intermediação e o calendário do meu programa eleitoral.»

MM: «Temos de munir a Casa do Benfica de condições para que possam receber os plantéis da formação e das modalidades para almoçarem e jantarem nas Casas, darem-se a conhecer, tirarem fotografias. Em vez de jantarem em hotéis ou restaurantes que não são do Benfica, temos de criar infraestruturas para que se possa receber os atletas e eles misturarem-se com a nossa gente. Volto a falar do Benfica Global. Quero abrir escritórios de representação nos EUA, Canadá, França e Suíça. Dois maiores clubes suíços têm 12 mil sócios: Basileia e Grassophers. Temos 200 mil benfiquistas lá. O Benfica deve pegar no Benfica de Genebra e esta deve ser uma filial gerida pelo clube. Temos de propor aos 200 mil benfiquistas que sejam sócios do Benfica de Genebra.»

LFV: «As Casas do Benfica estão desmotivadas, há casas fechadas. Só falei com quatro ou cinco casas e mudaram radicalmente. Antes estavam disciplinados, quando uniformizámos a marca fomos nós que pagámos.»

RC: «Tenho visto nas redes sociais e têm espalhado por aí que o Benfica fechou 120 Casas neste mandato. O Benfica fechou três casas. Paris, Mira e Luxemburgo. E no Luxemburgo está para abrir de novo. E abrimos quatro que estavam fechadas: Arganil, Foz Coa, Montreal e Ourém. Fizemos obras em 29 Casas, inserimos o modelo 2.0 em Santarém. As Casas são um pilar fundamental e queremos uma aproximação maior E que a situação da bilhética se resolva. Têm toda a razão nisso e é uma das situações que queremos melhorar. Temos o orgulho de termos chegado aos 400 mil sócios e temos a ambição de chegar aos 500 mil. É verdade que vai haver uma renumeração onde estes 400 mil vão baixar, mas todas as iniciativas que temos desenvolvido para a aproximação dos sócios... A Casa do Sócio, uma promessa eleitoral minha, não está feita por causa das obras que vão ser feitas aqui à volta do estádio. E também se encaixará dentro do Benfica District"»

CC: «Tenho de pedir desculpa aos sócios porque não consegui que estas eleições tivessem voto eletrónico. João Noronha Lopes e João Diogo Manteigas assim não quiseram, mas tudo farei para que daqui para a frente exista. Temos de acabar com AG controladas por três ou quatro sócios, o Benfica é democrático. As Casas do Benfica estão ao abandono e não aceito que uma Casa do Benfica feche, é uma vergonha. O Benfica pode entrar nas Casas com soluções financeiras que as ajudem sem gastar dinheiro. O merchandising tem de mudar radicalmente na Casa do Benfica, com descontos adicionais e margens de lucro. Os patrocinadores oficiais têm de dar retorno de desconto às Casas. Não admito que alguém tenha de estar de madrugada a comprar bilhetes. A bilhética tem de abrir 24 horas antes nas Casas para virem à Luz. São coisas simples para chegar.»

JDM: «Os sócios são o nosso maior ativo e tenho seis propostas. Reabertura do apoio físico e provedor do sócio; treinos abertos com preço simbólico; 500 mil sócios até 2029 com projeto forte e ação das casas do Benfica; exponenciação do programa 'Mais Vantagens' e Red Points por jogos, modalidades, AG, compra de produtos; Benfica em movimento, ajuda as Casas do Benfica nos transportes; bilhética resolver os problemas de transparência e definir critérios para a aquisição de bilhetes»


Infraestruturas

MM: «A minha proposta para o património prioriza sócios e atletas. Apresento três propostas: o aumento do estádio em 15 mil lugares, o Campus das modalidades e a atualização e o aumento do Seixal. Três obras críticas para o crescimento do clube e estão estudadas e orçamentadas. O Estádio tem esse prejuízo e tem de ser feita faseadamente, temos de fechar uma bancada de cada vez, como fez o Real Madrid. As modalidades será feito com as reduções dos custos deste amaranhado de alugueres que Rui Costa falava. Se projetarmos essa poupança a 10 anos reunimos 10 milhões de euros. Não vai custar mais caro ao clube, vai ser feito com a poupança que vamos conseguir. Além do futebol feminino, é importante criar a solução de 360 graus para os atletas e criar um colégio.»

LFV: «O Benfica tem de ter a cidade desportiva completa com tudo. Fazer uma cidade para as modalidades só dá prejuízo. É ver as receitas das modalidades, não contam. Não sei como pagar uma cidade para as modalidades para cima dos 100 milhões de euros. O Benfica tem condições para arranjar um terreno de 200 hectares e centralizar tudo. Dizem muita coisa fácil, mas fazer melhorias e gastar dinheiro para mandar tudo abaixo… Está condenado, tem de ter um sítio único. O Estádio tem capacidade para 75 mil pessoas e é preciso projetar um crescimento. Não há estacionamentos, temos de ir abaixo do chão e meter a nota. Não quero mandar dinheiro para a rua. Não sei quanto custa uma cidade desportiva, mas farei uma projeção toda num terreno onde o Benfica possa ficar. Quanto custam as receitas aqui? O Benfica District não custa 200 milhões, pode chegar aos 300.»

RC: «No fundo, tudo o que ouvi aqui entre as várias modificações que querem fazer, tudo se inclui no Benfica District e parece-me uma coisa muito simples. É uma questão de modernizar e dar uma dimensão diferente ao Benfica. A criação deste estádio fez o Benfica crescer, a criação do Benfica District irá na mesma medida. É uma situação que resolve os problemas das entradas, saídas, Fan Zones, o aumento da capacidade para 80 mil lugares para fazer frente à necessidade dos sócios. Em relação à Casa das Modalidades: o Benfica consegue ter as equipas profissionais dentro dos pavilhões a treinar e jogar, mas tem muitas equipas, como o rugby, espalhadas por Lisboa inteira. Tem uma série de modalidades espalhadas por todo o lado. Não foi concretizado por uma razão simples. Precisamos de um terreno com uma certa medida e numa certa modalidade. Para fazermos, vamos fazer uma coisa à séria, à Benfica, e que vá ao encontro das necessidades.»

CC: «No que toca a infraestruturas, também gostaria de fazer muita coisa, mas as contas do clube não me permitem- daí ter apresentado um projeto a 12 anos. Uma das prioridade tem a ver com a manutenção, que deixa a desejar no estádio e no Seixal. Tem de se aumentar o número de lugares sem entrar em investimentos loucos, no máximo até 15 mil lugares. A fan zone não é do agrado dos sócios, não cria a alma benfiquistas. Temos de a modernizar, o pré-inferno da Luz. Relativamente às modalidades, temos de pensar nos próximos anos em construir um novo complexo para as modalidades. Mas julgo que não é este o sítio certo, terá de ser nos limites de Lisboa, onde haverá essa concentração de pavilhões e piscinas. Depois, temos efetivamente de ampliar e modernizar o Seixal. É o nosso pote de ouro. Deve haver uma modernização efetiva, onde deve ser incluído o lar do Benfica e uma escola internacional do Seixal para completar o projeto. Acho fundamental, e quero fazer isso com brevidade, adquirir as instalações da Farmácia Franco, que estará disponível para isso, e instalar a Fundação do Benfica, que acho que é uma coisa que há muito é devida aos benfiquistas: estarmos no sítio emblemático onde nascemos»

JDM: «Nas infraestruturas, o Seixal tem uma preocupação especial e tem de ser alargado. Depois, temos de aumentar o Estádio. O safe standing pode ser também uma forma de dar resposta aos 27 mil sócios em lista de espera no Red Pass. Devem também ser feitas duas pontes pedonais, por segurança, e fazer um terceiro pavilhão ou um grande multiusos. Há certas modalidades, como o polo aquático, que são gritantes no que toca a andar com a casa às costas.»

JNL: «Neste capítulo tenho três prioridades: Tenho um estudo prévio para aumentar a capacidade do estádio para 83 mil euros, feito por uma das maiores empresas de engenharia de construção de estádios do mundo, a Dar. Não vou apresentar ao presidente da Câmara e aos jornalistas primeiro, mas sim aos sócios. Quero melhorar os pavilhões e a piscina. Vieira deixou um trabalho bem feito nas infraestruturas. Vejo os pavilhões e as piscinas e vejo o estado ao que aquilo chegou. A terceira área é investir no Seixal e melhorar as condições da formação. Quero criar um centro de convívio para os sócios que vivem à volta do estádio e para as casas do Benfica quando vêm de fora. O meu vice para o património é Manuel Mota e as estradas e as pontes em que circulamos podem ter sido feitas por empresas dele.»


Direitos Televisivos

MM: «É uma tema fulcral para que exista uma correspondência da economia Benfica e o peso instituicional do Benfica. Os direitos televisivos são uma receita recorrente do clube e pedi a Rui Costa na AG que deixasse em aberto até ao fim a assinatura do contrato para as duas próximas épocas, porque são muito importantes para o Benfica. Não é olhar para o montante, é o tipo de contrato assinado. Não se pode assinar um contato em que os jogos do Benfica dêm em todos os operadores de comunicações. Quem ganhar os direitos televisivos não deverá poder vendê-lo aos outros operadores. Esta é a minha posição. Como aconteceu no Jamor, não nos podem pisar na cabeça.»

JNL: «Dossiê absolutamente fundamental. Nos próximos dois anos, esta Direção resolveu deixar para a próxima o dossiê. Foi uma decisão sensata e ponderada. É fundamental negociar bem. Assumirei pessoalmente a negociação. Em relação aos direitos televisivos há falta de coerência de Rui Costa. Sancionaram o projeto de Proença durante quatro anos. Quando se verificaram os acontecimentos da Taça, saltaram do processo. O Benfica esteve omisso, foi entregue um projeto e o Benfica nem foi informado. Isto não é defender o Benfica. 94 por cento das receitas são geradas por 3 clubes. Nesses três, o Benfica gera mais receitas. Geramos mais receitas, audiências, impacto social. O Benfica tem de defender os seus interesses. É muito importante iniciar já conversas com o Governo sobre este decreto-lei, perceber se continua a fazer sentido. O panorama audiovisual mudou. Se a Liga e a FPF não o fazem, o Benfica tem de ser líder no processo. Temos de ouvir o mercado. O Benfica vai ser respeitado. Não é pelos outros votarem a favor que eu voto. Se tiver de ficar sozinho a defender os interesses do Benfica, eu fico.»

JDM: «O Benfica tem de ser disruptivo. Pedro Proença anunciou um estudo de 300 milhões de euros para o futebol em Portugal e a direção do Benfica foi conivente. Não vale isso pelas audiências, clubes, horários, sócios do Benfica são convidados a sair. O futebol em Portugal sem o Benfica vale zero. Temos de nos sentar à mesa para liderar o processo. É preciso reduzir o número de clubes na Primeira Liga, falta competitividade nos clubes intermédios. O Benfica tem mais jogos em janeiro na Champions, não pode ter sobrecarga. O que está a Taça da Liga a fazer em janeiro. O Benfica vale um terço dos direitos, mas a sua massa social vale muito mais.»

CC: «Os direitos televisivos são fundamentais. Não podemos trabalhar os dois anos e depois pensar a seguir. O Benfica tem um problema complexo e não se pode prender no que o João Diogo disse. Já está a perder na negociação. O Benfica tem de criar condições para em dois anos vender os direitos se achar que são interessantes ou de comprar os direitos televisivos com um parceiro a negociar em dois anos. O Benfica tem de ter os jogos na BTV para todos os sócios com as quotas em dia verem os jogos de forma gratuita para diminuir o gap entre os sócios de longe e os que veem ao estádio. É preciso um parceiro. Não vou dizer qual é, é internacional. Estamos a trabalhar com um ou dois, não avançámos muito nessa parte. É preciso uma solução diferente e pensar à frente. Não podemos perder já, são fundamentais, os únicos que são certos.»

RC: «Acho que neste tema acabamos por estar todos de acordo, mesmo quem dá mais um floreado para abrilhantar a festa. Na verdade, estamos todos de acordo com a preocupação que há com os direitos televisivos. Recordar que quando isto foi apresentado aos clubes, foi com a promessa que nenhum clube iria perder. E visava o crescimento do futebol português. Ao dia de hoje, temos todos a consciência que isto está a andar para trás e não para a frente. Já temos propostas em cima da mesa acima do que temos hoje em vigor. É uma realidade que esperámos pelas eleições e esperamos por uma melhor proposta para a fechar para 2026 e 2028, assim como é uma realidade que tudo iremos fazer para que esta lei, se não houver o compromisso de nenhum clube ficar a ganhar... Iremos atuar em consonância. Não vou estar aqui a dizer o que pode estar mais envolvido, se são os quadros competitivos, se é o que vem a seguir, mas a realidade é muito simples. O Benfica vai defender-se até ao limite. Há uma lei que sai em 2028 e se o Benfica ficar a perder alguma coisa, não vai participar nesta centralização. E vai até à última circunstância para defender a causa. Não vale a pena florear mais um tema que é muito simples. Ninguém está de acordo com isto, penso que os candidatos também estejam preocupados. Há duas regras básicas: 2026 a 2028 o Benfica tem de fazer um ótimo contrato, e depois defender a causa, nem que a lei seja adiada, como é o que andamos a propor há meses.»

LFV: «A lei não vai ser adiada, já foi confirmado. Os operadores querem pagar, mas somos nós os clubes que temos de resolver a pirataria. Um primeiro ministro disse que tirava votos. Vou dar sempre preferência ao operador que está connosco desde o início. Tenho argumentos para chegar lá como cheguei na altura. Em relação à centralização, nada vai ser adiado. Os clubes têm de resolver o problema. Pedro Proença prometeu 300 milhões de euros, mas não conseguem. Ajudem a resolver o problema da pirataria. Não podemos hostilizar os outros clubes, o Benfica não pode estar sozinho. Tem de respeitar quem compete em Portugal, também respeitam o Benfica. Há gente que defendeu a centralização e não pode voltar atrás. Vamos fazer uma reunião com todos os clubes para resolver a pirataria. Os operadores não têm nada a ver. Onde vão buscar o dinheiro?»


Finanças

LFV: «A única coisa que posso adiantar é que precisamos de estabilizar o Benfica. Tem de passar a dívida para o longo prazo a uma boa taxa. Temos um empréstimo de 200 milhões para fazer essa operação porque temos de investir se for preciso e precisamos de dinheiro. O Benfica tem é de ganhar, nós a partir de 2010 investimos mas fomos buscar rapidamente o dinheiro. O Benfica precisa de uma equipa para ganhar, sem pensar que tem de vender. Depois vai recuperar, ninguém inventa a roda. Reduzir por reduzir não vale a pena. Há gorduras a mais e temos de eliminá-las. Mas só lá dentro é que podemos analisar a sério. Até lá, não vale a pena especular.»

MM: «Do lado dos custos, temos de atacar os 200 milhões com a filosofia Kaizen. Trabalho com ela, sei que funciona, 15 a 20 por cento dos custos podem ser cortados. Nas receitas, duas medidas concretas: o Benfica Global, que vai internacionalizar o Benfica como clube e não como marca, olhando para Angola e Moçambique. A maior empresa de pagamentos de Moçambique está interessada e já falámos, podemos trazer 15 milhões de dólares. Outra medida: aumento do Estádio, para reduzir a fila de espera. Pago o financiamento, vai dar 20 milhões de euros por ano em dias de jogo. Este é o meu plano e é isso que vou fazer.»

JNL: «Com todo o respeito pelo Rui Costa, como é possível ter quatro responsáveis financeiros em quatro anos? Tivemos Domingos Soares de Oliveira que saiu, Luís Mendes que saiu, Jaime Antunes que saiu e agora há Nuno Catarino. Não é uma surpresa que seja apresentada uma diferença a perder 15 milhões de ano. Porquê? Não serviu para nada, tem de haver rigor financeiro. Temos de equilibrar as contas correntes, sem contar com vendas. José Theotónio é o meu vice, um dos melhores gestores nacionais, e fomos traçando um plano. Como? Com resultados, a ganhar, porque Relatório e Contas não deu títulos, fazer uma boa negociação dos direitos televisivos e aumentar as receitas em Dia de Jogo, incrementando também as receitas comerciais. Mais quatro anos e fica complicado.»

JDM: «Passivo aumenta 25 por cento. O investimento financeiro não resultou, continuamos dependentes de receitas extraordinárias que parecem ser ordinárias como Champions e vendas. O que queremos? Aumentar as receitas no clube e na SAD, não perder dinheiro com os direitos audiovisuais. Depois, fazer uma reestruturação da dívida, aumentando a maturidade da dívida para receber dinheiro e ir pagando. Olhando para as contas da SAD parece haver excessos, com 80 milhões de FSE na SAD e 18 milhões no clube.»

CC: «Todos estamos de acordo que, efetivamente, os números do Benfica não são bons. É preciso trabalhar. Já aqui foi dito que temos de atingir determinados objetivos, aumentar a receita, e efetivamente proponho que tente atingir 450 milhões de euros em quatro anos e 750 milhões de euros em oito anos. É um objetivo. Temos de fazer uma avaliação do estádio, um corte de 30 milhões de euros por ano em custos de ineficiência até 2028. É perfeitamente possível. Tudo isso é fantástico. A questão que coloco é esta: quanto tempo é que isto vai demorar a fazer. Não se chega ao Benfica e se começa a fazer este processo e a ter resultados. Leva tempo. Foi aqui dito que o nosso défice é 70 milhões de euros. Parece-me que são mais, 100 milhões de euros, e na última AG falou-se em 120 milhões de euros. E é por isto que é preciso fazer a venda extraordinária de jogadores. E quero terminar com isso. E o que fiz? Pensei no Benfica e encontrei uma solução. E estou plenamente de acordo com Luís Filipe Vieira. 200 milhões de euros não chega. 400 milhões de euro foi o projeto que determinei e encontrei essa solução. Para ter 100 milhões de euros por ano no Benfica para, depois, poder fazer o que todos dizem que vão fazer: com a devida calma e sem o garrote financeiro, reestruturar a dívida, diminuir os custos e aumentar as receitas. Mas sem este valor, não é possível. E este valor é o que tenho disponível no dia a seguir a ser presidente do Benfica. Só com contas certas se faz uma grande equipa e só assim se coloca o Benfica a ganhar.»

RC: «São só milhões e esses milhões depois não serão pagos também. É uma coisa extraordinária. Fala-se tanto da questão financeira. Não tive cinco diretores financeiros, tive três, terminando com o Nuno Catarino, que está a fazer um excelente trabalho. Se falarmos das pessoas que saíram, talvez o recorde seja seu: 58 dias. É uma coisa que está em ata. A única coisa que fui enquanto jogador de futebol foi ter a vontade de voltar ao Benfica para jogar e seja com A, B ou C. Está aqui o senhor que era presidente na altura e pode prová-lo. Em relação à parte financeira. Se contabilizarmos a dívida total do Benfica, hoje é de 241,5 milhões de euros. Baixou e não aumentou. É verdade que aumentou a dívida líquida, estabilizámos e vimos até onde podia aumentar dentro de três pilares muito simples. A primeira parte é do Covid, e não é uma crítica, é uma constatação. Tivemos os mesmos custos mas sem o aumento de receitas. Tem a ver com a reestruturação do futebol e tem a ver com isto [Estádio da Luz]. Planos para o futuro? O que já tem vindo a fazer no último ano, onde tivemos os resultados que tivemos. Tivemos um aumento de receita de 11 por cento ao ano e, no próximo mandato, queremos chegar ao 500 milhões de receita de receita. O estranho é chumbar um exercício de 30 milhões de euros ao Benfica. E era sobre isso que gostava de perguntar. Em relação aos custos, repito. Subiram 5,6 para um aumento de receitas de 11 por cento ao ano e vai aumentar até aos 500 milhões de euros com as várias medidas. Subimos em todas as alíneas. De área comercial, todas. Subiram no meu mandato e vão continuar a subir.»


Futebol Feminino e Modalidades

RC: «O investimento do futebol feminino, vocês conhecem o que foi feito nestes quatro anos. É um projeto de grande sucesso onde procurámos dar a dignidade dentro do clube que a modalidade merecia. Colocámo-las a trabalhar diariamente no Campus com todas as nossas outras equipas profissionais, alocámos o futebol feminino à SAD para poder ter uma maior capacidade de investimento. Creio que, para Portugal, os resultados são aqueles que estão à vista de todos. Vamos e queremos crescer de forma sustentável, porque em termos europeus, quer o Benfica, quer o futebol português, estão muitos furos abaixo. Este investimento não pode ser de uma vez só, tem de ser algo construído, que é o que temos vindo a fazer para não perder hegemonia nacional e ganhar mais poder a nível europeu. Modalidades? Foi um mandato onde investimos bastante para equilibrar as nossas equipas com os adversários. Resultou no dobro dos títulos dos anos anteriores. Não contentes ainda com isso, porque há dois títulos europeus que queremos conquistar porque são duas modalidades onde Portugal é expoente máximo, hóquei em patins e futsal, curiosamente neste mandato fomos campeões europeus no andebol [feminino], uma modalidade na qual estamos há muito carentes em Portugal. No resumo, queremos muito mais e vamos apostar muito mais nas modalidades, que para nós não são apenas um outsider, mas sim um pilar importante. Vai continuar a ser uma das nossas apostas e vai dar muito mais frutos no futuro. Queremos mais vitórias, mas acabámos por ganhar mais do que todos os outros juntos.»

LFV: «O futebol feminino, penso que, com mais algum investimento, nós podemos lutar por um título europeu mais a sério. É uma modalidade que está a crescer bastante e vale a pena esse investimento. Modalidades? Acho que o Benfica tem de tomar uma decisão numa ou outra modalidade. Se no caso do hóquei formamos muitos jogadores e depois não ficam cá - e temos muitos exemplos disso -, o Benfica tem de ter o objetivo de nesse mandato e traçar uma meta que é - tirando o voleibol e o basquetebol - que o Benfica possa ter 30-40 por cento de jogadores da formação e, assim, irem crescendo. Temos de apostar na nesses jovens no hóquei e não deixá-los sair. Basta olhar para o Óquei de Barcelos. Queremos as modalidades ganhadoras e não podemos querer ganhar sempre em tudo. Temos uma modalidade, que é o andebol, que toda a gente já percebeu que é difícil enquanto o Sporting mantiver aquela equipa, que é das melhores do mundo neste momento. Não vamos ganhar todas as modalidades e mandar dinheiro à rua também não vale a pena.»

MM: «Jonker foi selecionador dos Países Baixos. É alguém na vanguarda. Temos de criar identidade para o futebol feminino. Temos de criar um estádio com oito a dez mil lugares para fazer um Inferno da Luz no futebol feminino. A ideia de Jonker é que a diretora do futebol feminino seja uma mulher e faz sentido que volte a ser. Modalidades? Temos de olhar para as infraestruturas. Merecem a sua infraestrutura. Alugamos pavilhões por todo o lado, alugamos casas para equipas técnicas e atletas deslocados. Temos de ter um Benfica Campus das modalidades. Queremos vencer no curto prazo, mas ter uma estratégia de médio prazo.»

JNL: «O futebol feminino está em expansão. Vi aqui o Benfica frente ao Arsenal, senti o entusiasmo à volta da equipa. Várias mulheres disseram-me que gostavam de ter mais merchandising sobre o futebol feminino. Podemos continuar a investir, aposta na formação e no scouting. Vamos a tempo de ter uma aposta europeia. Modalidades? Como no futebol, ganhamos pouco para o que investimos. As femininas deram boas notícias, nas masculinas ganhamos cerca de 30 por cento dos títulos no ano passado. Temos de começar pela organização. O meu vice-presidente é Felipe Gomes. Além de ter sido capitão no basquetebol, tem uma carreira como gestor na angariação de patrocínios. Tem uma organização formada com coordenador desportivo e um coordenador operacional. É importante reforçar a aposta na formação. As modalidades não são escolas de benfiquismo. Não são só os jogadores que evoluem para a equipa principal, mas são também as famílias. Tem de haver maior transparência. Na última AG já foram dadas mais informações sobre o que gastamos em cada modalidade, o que é positivo. Sem maior transparência, é difícil responsabilizar as pessoas. Não consigo perceber a razão pela qual os pavilhões estão vazios. Não é o facto de termos bilhetes gratuitos que faz com que os pavilhões se encham. Precisamos de uma linha de merchandising com camisolas vintage de figuras do Benfica. É um setor em crescimento. As modalidades podem servir para aproximar o clube dos benfiquistas fora de Lisboa. O Benfica não é um clube de Lisboa. Podemos criar condições para que o Benfica jogue mais vezes como visitado fora de Lisboa, indo mais vezes às Casas. As modalidades têm de ser embaixadoras de benfiquismo.»

CC: «Futebol feminino: perdemos um bocadinho o barco. Começámos relativamente bem e fomos ficando para trás com alguma falta de investimento. Concordo com o que foi dito. No futebol feminino, temos muitas possibilidades de ganhar um título europeu. E aposto exatamente num título europeu. Benfica tem essa possibilidade. Será necessário um pouco mais de investimento, perceber melhor o que se está a fazer na Europa e não perder o barco. Falta um bocadinho de carinho e de aproveitar sinergias do futebol masculino para o feminino, algo que não está a acontecer, mas sente-se - e também estive aqui a ver o jogo com o Arsenal - cada vez mais um carinho dos adeptos. Ainda há muita coisa para fazer, mas julgo que ainda vamos a tempo de ter um grande Benfica no futebol feminino. Estarei disponível para fazer esse investimento. Modalidades? São algo que foi muito difícil perceber. Quanto se gastava, quais as especificidades... Na última AG tivemos mais algumas informações e percebemos que há um desequilíbrio muito grande entre algumas delas. Há muito trabalho a fazer. E fazer esse trabalho implica dar um passo atrás em algumas para dar um passo à frente noutras. Hóquei em patins, futsal, existem muito bons jogadores em Portugal neste país e não vejo necessidade de gastar muito dinheiro em jogadores lá fora. Acho que conseguimos ganhar com jogadores portugueses. Depois, tem de se apostar numa ou duas modalidades de referência e têm de ter um elevado investimento. Basquetebol é uma delas. É preciso algum investimento, mas o retorno, bem feito e de forma profissional, conseguimos tê-lo e colocar o nome do Benfica nas Superligas. Para que possamos criar o sonho nos nossos sócios, os objetivos, e esse é o segredo para encher pavilhões.»

JDM: «Começando pelo futebol feminino, nós discordámos da estratégia que o clube fez no ano passado em passar para a SAD, o que obriga um orçamento que ainda ninguém percebeu se foi aprovado ou chumbado devido ao que aconteceu naquela AG aqui no Estádio. Nesse aspeto, o investimento que foi feito pela SAD não se traduziu em resultados desportivos, pois perdemos as duas últimas Taças, curiosamente até com o mesmo clube. O que vamos fazer? O futebol feminino para nós faz sentido num sistema em que é criada uma SAD autónoma completamente. A FIFA e a UEFA já investem muito, a FPF também. É preciso continuar a investir e o Benfica é o melhor exemplar em Portugal para esse efeito. Um projeto autónomo e independente que vai optar por um parceiro estratégico com know-how, proveniente de um modelo vencedor, como é o caso dos EUA ou os países nórdicos da Europa, para reconhecer a marca Benfica e que mantenha a hegemonia nacional. Mas também para olhar para a Champions. Eu começo a ver os clubes espanhóis a aumentarem os seus orçamentos, o Benfica pode perder o barco relativamente a ganhar um título europeu. Modalidades? Uma das três grandes características do Benfica - ecletismo e associativismo e formação - simplesmente não podemos continuar a gastar milhões e não sermos campeões. Pegando agora neste exemplo deste ano, mas colando o futebol a nível europeu - andebol e basquetebol - 14 jogos e 13 derrotas. Uma única vitória, por parte do andebol. Um clube que gasta 20 milhões de euros para as modalidades, em patrocínios são 2 milhões de euros, nem 10% em termos de receitas. O que vamos fazer? Vítor Pataca é o vice-presidente para as modalidades. Um homem conhecidíssimo no desporto. Pedro Nunes, o diretor geral. Vamos reestruturar o modelo desportivo. O objetivo também passa pelas modalidades olímpicas, basquetebol, voleibol e andebol, para progredir nas fases de grupo a nível europeu. Captar um main sponsor para termos algum sustento em capacidade financeira, mas que não impossibilite para a entrada de pequenos patrocinadores. O hóquei e o futsal são dois casos que ninguém consegue perceber. O hóquei e o futsal praticadas quase em exclusivo em Portugal e têm que ganhar inevitavelmente em Portugal. Temos de ser hegemónicos a nível nacional e europeu. Terminando, tenho aqui para apresentar-vos a todos. Finalmente conseguimos fazer uma parceria estratégica para encetarmos que o emblema do Benfica volte à estrada. Uma parceria estratégica com um clube do pelotão nacional que fica para quem ganhar as eleições, com o meu compromisso. O Benfica vai voltar patrocínio numa equipa de ciclismo.»


Futebol de Formação

CC: «Temos efetivamente uma das melhores academias do mundo. É um facto e deve ser reconhecido, deve ser dado mérito a quem a pensou, idealizou e continuou. Este ano, tivemos um prémio e muitos títulos nos diversos escalões. Julgo que continuamos a fazer um bom trabalho, mas podemos fazer muito melhor. Independentemente de Rui Costa ter dado algumas explicações para explicar o porquê de alguns jogadores não chegarem à equipa principal. O pote de ouro do Benfica é o Seixal. É ali que temos os nossos grandes craques e é feito um bom trabalho. Temos de criar uma regra e aqui estou eu com mais um compromisso: terão de chegar três a quatro jogadores por ano para a equipa principal. Se me perguntarem, ao dia de hoje, se é possível encaixar os jogadores do Seixal na equipa principal, não é. A equipa não está estável, os jogadores estão a adaptar-se. Tem de haver esse compromisso. Um jogador que chega ao Seixal tem de sonhar e acreditar que vai chegar à equipa principal. Quando um menino veste aquela camisola, tem de olhar e ver. E aí têm de existir dois, três, quatro ou cinco jogadores da academia que se mantêm na equipa. João Neves seria um desses. Não me leves a mal Rui [Costa], mas essa é daquelas coisas que não te perdoo enquanto presidente. Só não falha quem não decide, mas o João não. Tens de o manter, Rui. O João queria ficar e tinha condições para ficar. Deveria ter ficado para ele ser aquele farol. Para os outros pensarem 'se o João chegou, também vou chegar'. Isto é muito importante e deve ser tido em conta para os miúdos acreditarem que podem chegar à equipa principal.»

RC: «Os dados são aqueles que são. A situação de João Neves é completamente diferente do que está a contar. Quando for presidente do Benfica, vai perceber que as coisas não funcionam dessa maneira, funcionam de maneira completamente diferente. E esqueça, João Neves não conseguia, não podia ficar no Benfica. Foi campeão nacional e saiu. Dizer que não queria sair é a coisa mais simples do mundo. Se foi o que ele disse? Não queria o João Neves nem qualquer outro jogador se o Benfica tivesse condições para pagar o que os outros pagam lá fora. Era um jogador que não tinha preço, mas também era impossível manter o João Neves. A entrada dos jogadores da formação no Benfica, como já disse, não houve ano em que não estivessem oito jogadores na equipa principal. E este ano tem 11. Em relação à formação, os dados são concretos. O ano passado, acabámos o ano a ganhar os três títulos da formação, uma coisa inédita. Ganhámos a Youth League, a primeira Taça intercontinental do futebol de formação, metemos 23 estreias na equipa principal, jogaram 31 jogadores oriundos da nossa formação na equipa principal. Os dados são muito claros e concretos. Este ano, tentámos e elaborámos um projeto de maior aceleração dos nossos jovens. É por essa razão que a equipa B e os sub-23 têm jogadores com idades de junior. Para que os jogadores possam chegar mais depressa à equipa principal. Agradeço aos diretores que tive e espero que não desmantelem o trabalho feito nestes últimos anos.»

LFV: «João Diogo Manteigas é muito novo, não sabe o que foi preciso fazer para recuperar o clube. Quando tivemos condições para trabalhar fizemos a segunda melhor década do Benfica. Fomos campeões em 2004 e não devíamos ter sido, tínhamos 13 jogadores. Não produzimos todos os anos jogadores para a equipa principal. Temos nove campeões sub-17, mas temos de os fazer crescer. O ano passado fomos campeões em todas as categorias, mas já estivemos quase, mas os jogadores foram à seleção. O Benfica tem todas as condições para continuar. Perdemos quadros fantásticos e temos matéria-prima para crescer. Há condições e o Benfica tem de ter um plantel com quatro ou cinco da formação. O treinador tem que dizer que sim, mais nada.»

MM: «Gostava que os sócios soubessem que é a minha proposta: mais jogadores da formação na equipa principal. Tem de haver uma aposta. Isso tem de estar ligado com a política de compras e vendas. Desde 2020 gastámos mais 119 milhões de euros do que os nossos rivais. Temos uma média de mais-valia entre as compras e vendas de 250 mil euros. O nosso rival tem 39 vezes o valor. Compramos demasiado e tapamos jogadores da formação. Não só gastamos dinheiro a mais como temos uma política que não serve a um clube que quer jogar com o seu talento. Já combinei com Jonker que 50 por cento da equipa principal será da formação de uma forma consistente para entrar como titular, não no plantel. Isso é possível. Não só vamos aplicar melhor os nossos fundos, mas definitivamente temos de apostar que a formação tenha o seu espaço.»

JNL: «Temos uma das melhores formações do mundo, mas temos de formar para vencer. Temos de ter incentivos financeiros e planos de progressão e através dos símbolos. Diz que não era possível segurar João Neves, mas ele não queria sair do Benfica. Quem o disse foi João Neves. O processo não foi resolvido na altura certa, em dezembro ou janeiro. Se deixamos arrastar para uma altura em que tem a cabeça noutro lado não fica. É um dos melhores médios do mundo e personificava a mística e ambição dos adeptos. A formação não é uma ciência exata, mas temos uma equipa sombra com lugares para a formação e contratações. Queremos ver quantos jogadores evoluem. João Neves não pode pagar erros de gestão do Rui Costa. Tínhamos de vender João Neves e no ano seguinte tínhamos 130 milhões. É por causa do processo eleitoral.»

JDM: «Quando a formação foi chamada para salvar o Benfica fomos campeões. O objetivo é formar para vender [da FPF], o Benfica terá de lutar contra isto. Temos o Julen Guerrero para juntar ao José Mourinho e à estrutura para a excelência. Os jovens não entram porque não sentem mais-valia. A maturidade tática e mental faz com que não seja fácil jogar neste estádio. Falta auto-descobrir os formadores na gestão, comunicação e liderança. Quanto a reter jogadores, o mais importante é ver os contratos. Tenho dificuldade em acreditar que o João Neves não daria a volta, mas falando com famílias e agentes consegue-se fazer isto, provando que há condições para o jogador jogar.»


Futebol Profissional

Primeira ronda de respostas

JDM: «É com enorme sentido de responsabilidade e profundo orgulho que me encontro com todos vós. Escrutinem as nossas equipas e propostas para depois decidirem. Temos vindo a promover aquilo que é a nossa visão para recuperar a hegemonia em Portugal e o nosso modelo assenta em três grande vetores: maior eficiência nos plantéis - mais qualidade e menos quantidade; formação - ontem voltámos a estar em primeiro lugar na formação, é o que nós queremos; transação de jogadores - o Benfica vende bem, vende caro, mas os benfiquistas comemoram vitórias. Queremos acabar com o Benfica trading e apostar no mercado nacional, como foi o caso do Manu Silva. Os três modelos são os seguintes: mais qualidade, o Benfica tem de ter os melhores jogadores em Portugal; mais equilíbrio; e, terceiro, mais compromisso. Para terminar, relembrar sempre que ao Benfica não lhe compete ganhar um campeonato em quatro e uma Taça da Liga em quatro.»

CC: «Vivemos um momento muito importante e este é um momento onde estamos presentes, o único antes da primeira volta. Relativamente à questão, apresento um projeto europeu. Um Benfica europeu. Pensei todo este programa alicerçado num Benfica europeu. Nos próximo anos, o Benfica tem de ter uma equipa ganhadora e que permita ter a ambição de ganhar uma Liga dos Campeões. Daí o tema ser apresentado a 12 anos e não a quatro. O objetivo é ter um projeto sustentado, num grande treinador de referência e de projeto. O que é isto? Um treinador disponível para, junto com a direção, preparar em 4/5/6 anos uma equipa que possa jogar quartos, meias e finais da Champions com naturalidade. Isso implica uma mudança estrutural, nomeadamente uma segurança e certeza financeiras para que possa criar estabilidade aos jogadores que venham da formação e integrem com tranquilidade a equipa principal, mas que também seja possível os sócios estarem com a direção, crescerem e acreditarem que é possível ser campeão europeu. Porque é possível. Esse projeto terá um treinador de referência. Elenquei que seria Jurgen Klopp. Houve quem achasse demasiado ambicioso, mas hoje temos um treinador mais titulado do que Klopp e os benfiquistas acreditam que isso é possível. Temos de ter um Benfica europeu. É essa a convicção a transmitir aos sócios. O Benfica é muito maior que Portugal e tem de ter títulos europeus. É o que me pedem e o que quero levar aos benfiquistas.»

RC: «É realmente um prazer podermos debater os seis candidatos e a nossa família poder ouvir a voz dos seis juntas e não só em entrevistas separadas. Uma medida que engrandece e deve orgulhar os benfiquistas. É evidente que não ganhámos o que queríamos neste mandato, mas fizemos uma reestruturação completa no futebol profissional. Hoje estamos muito mais prontos do que no passado para seguir um caminho muito mais vitorioso. Temos uma equipa mais jovem, ambiciosa, com mais valores financeiros para salvaguarda do clube, pese embora o projeto passe sempre pelas vitórias e só depois pela questão financeira. Temos um plantel mais pronto e temos também o que reforçámos ao longo destes quatro anos: a presença da formação na equipa principal. Não tivemos um ano com menos de oito jogadores da formação no plantel principal - neste temos 11 -, e queremos reforçar esse número, mantendo pelo menos oito. Quando se fala muito da formação e das presenças dos jogadores no plantel principal, recordo que tivemos 23 estreias da formação. Ao longo dos anos de Benfica Campus, tivemos 73. Um terço. Criámos uma estrutura altamente profissional, está bem identificada. Com Mário Branco com altíssima experiência, com a ambição cada vez maior de hoje podermos estar em condições de voltarmos a ser consecutivamente ganhadores no nosso campeonato. Em termos europeus, e o candidato [Cristovão Carvalho] acabou de dizer que queria um Benfica europeu, este foi o mandato com melhor pontuação em termos europeus, com duas chegadas aos quartos, uma aos oitavos, e pese embora este ano não tenha começado bem, com certeza voltaremos a estar na próxima fase da Liga dos Campeões.»

LFV: «É um orgulho muito grande estar aqui. O meu projeto assenta na equipa de futebol. Queremos voltar a ter hegemonia no futebol em Portugal. Tenho um diretor geral do futebol para entrar, não quero mexer muito na estrutura. Não podemos chegar cá e desaparecer com umas pessoas e chegarem outras. Quanto ao treinador, vou apresentar-lhe uma proposta para quatro anos. Vamos dar preferência ao mercado português e tenho já alguns jogadores anotados. Queremos que o futebol da formação esteja connosco também. De certeza que teremos 18/20 jogadores da equipa principal e o resto será da formação.»

MM: «Falta coordenação e definição do modelo de jogo desde as camadas jovens, desde os sub-13. Mário Branco e José Mourinho preocupam-se com o curto prazo. O que trarei é um planeamento a quatro anos, que se personifica em Andries Jonker. Vai trabalhar o médio prazo e criar um modelo de jogo que acelere talento e que permita trazer à equipa principal mais jogadores. Está identificado como sendo crítico para melhorar a performance da equipa principal e é fruto do trabalho que desenvolvi nestes meses com Louis van Gaal na procura da pessoa certa para ser complementar a José Mourinho e Mário Branco. São duas pessoas com muita competência, mas totalmente focadas na equipa principal. É preciso alguém complementar destes grandes profissionais, sem a pressão do próximo jogo, mas que pense no futebol do Benfica. Desde 1904, o treinador dura, em média, um ano e quatro meses. O futebol não pode ficar órfão quando o treinador sai por não ter o volume de vitórias exigível. Jonker planeará o futebol a quatro anos e fará exatamente isto. Todos procuram aceleração de talento. É a palavra de ordem.»

JNL: «Estamos a celebrar a democracia no maior clube democrático português. O meu projeto tem três ideias-chave: uma estrutura mais forte, uma estabilidade maior e uma cultura de vitória. Na estrutura, fui o primeiro a apresentar o projeto e a equipa para o futebol, definindo as responsabilidades. Nuno Gomes será o vice-presidente para o futebol e administrador da SAD, encarregue pela supervisão do futebol do Benfica, a curto, longo e médio prazo. O Pedro Ferreira é o diretor-geral. Será o coordenador e elo com as outras estruturas de apoio ao futebol. São os interlocutores principais de José Mourinho. Há outras duas pessoas decisivas. O Tomás Amaral, que estará concentrado no scouting, e que trará a experiência que teve no Benfica e a nível internacional. O Vítor Paneira estará no banco como elo entre a estrutura e a equipa. É uma estrutura clara com responsabilidades definidas, com uma ideia de estabilidade. O Benfica não pode ter cinco treinadores em quatro anos e um carrossel de jogadores. Precisamos de uma estrutura, coesa, unida e que saiba a nossa visão de futuro e com uma visão a longo prazo, que saiba o que tem a fazer desde o primeiro dia. A terceira ideia é cultura de vitória. O Benfica não pode normalizar a derrota. O Benfica não pode ser o clube do quase. Não pode ser o clube quase ganhou o campeonato e a Taça. Temos de querer ganhar. Essa cultura de vitória tem de começar no presidente e transmitir-se a toda a organização. Temos de recordar as palavras de Eriksson, que dizia que o segundo lugar não significa nada.»

Segunda ronda de respostas - foco no mercado de janeiro

JDM: «Obviamente que será a estrutura com o treinador. A estrutura diretiva tem de planear aquilo que a equipa precisa. José Mourinho tem sempre uma palavra a dizer porque será ele que terá de afinar. Se necessário, retocar a equipa em janeiro, desde que haja possibilidade financeira e sem cometer loucuras.»

CC: «Essa é aquela pergunta de algibeira. O que irá acontecer no futuro no que toca ao futebol é muito simples. O Benfica tem uma estrutura e a estrutura funciona. Pode não estar otimizada, mas funciona. E tenho grande dificuldade em ver grandes mexidas numa estrutura que não se conhece tão bem. O Benfica está mais bem organizado na parte do futebol. E todas essas alterações têm de ser definidas em consonância com toda a equipa do futebol. Não é só treinador, presidente nem diretor-desportivo. Tem a ver com o scouting, com o método que se quer, com os objetivos. Ainda não tenho visto ninguém com objetivos definidos claros para o futebol do Benfica. Qual é a ambição, o objetivo, o que quero ganhar em Portugal, fora de Portugal e como o quero fazer? Com que plano e critério? Terá de ser toda uma equipa, que implica inclusive desde a formação. Que jogadores chegam, quando chegam, desde a formação... Vejo tudo a ser pensado muito no momento. Penso num Benfica profissional que não pode ser decidido nas cúpulas, mas em toda a estrutura. Sei que há coisas que estão bem, outras menos bem, outras que serão para melhorar, outras para substituir. Mas digo ao Benfica para o que venho. Venho para ganhar 3/4 títulos em Portugal e, em 6/7 anos, para jogar uma final da Champions. É este o compromisso para que saibam que é isto que este candidato propõe. Tudo o resto, para mim, são ajustes. Estando a máquina feita e preparada, está com capacidade para poder resolver esses problemas. O Benfica não está numa situação desgraçada no futebol. Precisa de melhorias, acertos, mas com profissionalismo, competência e qualidade.»

RC: «Fica muito claro que toda a gente vai querer ganhar mais, parece que toda a gente tem o método mais indicado. Relativamente a janeiro, muito simples. Como disse o candidato anterior [Cristóvão Carvalho], o Benfica sempre que teve de mexer em janeiro mexeu. Sempre de acordo com as responsabilidades que o treinador indica e dentro das possibilidades. Nunca se inibiu de corrigir erros, de melhorar o que pode melhorar, e portanto quando chegarmos a janeiro iremos ver o que o plantel necessita. Acredito que o plantel vai melhorar muito internamente até janeiro, com o aparecimento de jogadores que ainda não estão ao patamar que todos nós esperamos, com o aparecimento de mais jovens da formação que estão a ser trabalhados, mas, ainda assim, quando chegarmos a janeiro como sempre fizemos, indo ao encontro do treinador e dos objetivos, cá estaremos para resolver o problema como sempre.»

LFV: «Neste clube, não podemos pensar noutra coisa que não seja ganhar. Temos de ser campeões este ano. O Benfica fez uma grande revolução no plantel, mas continuamos a dizer que o plantel está bastante desequilibrado. Até o treinador já disse publicamente aquilo que sente e de certeza e que vai aprofundar isso com o presidente que ainda está aqui. O que eu farei é, mal seja presidente, ter uma reunião com os quadros que estão lá - alguns de grande qualidade - e traçar objetivos com o treinador. Queremos renovar para quatro anos. Teremos de fazer as alterações necessárias no plantel para continuarmos a ganhar e ganhar. Já no passado o fizemos. Ganhámos e também perdemos, mas fizemos uma hegemonia pelo menos por quatro anos. Alcançámos o tetra e essa base teve um núcleo muito coeso. Às vezes complicamos aquilo que é fácil. O futebol é muito objetivo. Ou temos jogadores ou não temos jogadores. Neste momento temos treinador. O que falta é fazer algumas alterações porque o plantel, segundo me apercebi, falta um central, alas e um lateral esquerdo. Queremos ganhar e ser campeões. Toda a gente nesta casa tem de ser campeão diariamente nesta casa. Temos de ganhar dentro e fora de campo. Objetivamente, não é preciso falar com muita gente. É tudo muito simples. Temos boa gente dentro desta casa. Não vale a pena vir aqui com uma vassoura e limpar toda a gente.»

MM: «Obviamente falar com José Mourinho e Mário Branco e perceber o que eles entendem que são as lacunas e o que deve ser a procura de reforços. Isso acontece sempre em janeiro e comigo será assim, com uma diferença. Existe uma forma muito melhor de trabalhar este universo de jogadores, que estão nos sub-23, equipa B e A. Jonker vem com vontade de falar com Mourinho sobre isso. Quer que os jogadores estejam mais em contacto. Já fez isso no Arsenal, com Wenger, no Barcelona, com Van Gaal. No Bayern também. Queremos ganhar sempre e ser campeões europeus, todos concordamos, mas a minha proposta é concreta. Jonker vem dar consistência ao futebol do Benfica. Em janeiro, isto vai ter resultados. O que surge da conversa de alguém que só pensa no curto prazo com alguém que vem com um plano a quatro anos é sempre muito positivo. As contratações têm de ter uma lógica a médio prazo e a pensar no que se pretende para quatro anos. Há-de ser uma decisão tomada a quatro, de uma discussão construtiva entre estas pessoas. Com perspetiva a médio prazo haverá melhores decisões.»

JNL: «Naturalmente que me vou sentar e conversar com José Mourinho. Quero muito ganhar, ele também e é um grande treinador. A estrutura que lhe vou apresentar é para torná-lo mais vencedor. José Mourinho trabalha com um plantel que não escolheu, tal como Lage trabalhou com um plantel escolhido por Schmidt. Há que criar as condições para o Benfica ser vencedor. Não posso deixar de estranhar que depois de investir 130 milhões de euros em jogadores o plantel ainda apresente estas lacunas. Na gestão do futebol todos cometemos erros, mas é preciso aprender com eles. Se continuarmos a cometer os mesmos erros, os resultados não aparecem. Mais uma vez, como se resolve? Trabalhando por antecipação, tendo um scouting inteligente. Temos pessoas muito competentes no scouting. Temos de chegar mais cedo aos mercados e não ir à última da hora contratar por 30 milhões de euros jogadores que podiam ter chegado por dez milhões de euros ou 15 milhões de euros. Ter uma aposta consistente na formação, fazer com que os da formação entrem na equipa para jogar. Não é para vender, é para vencer. É preciso que se aprenda com os erros do passado. Não é a repetir erros que temos os mesmos resultados. Ouvi Rui Costa a dizer que se é para perder, que seja assim, e a falar das entradas e saídas. Fico surpreendido porque parece que o candidato Rui Costa critica o presidente Rui Costa, que constituiu o plantel, tal como o presidente Rui Costa criticou o antigo vice e diretor desportivo Rui Costa quando disse que tinha herdado um plantel mais velho e com jogadores a mais. A pergunta que faço é: quantos Costas há na Direção? Vamos corrigir os erros, mas é preciso assumir as responsabilidades de uma vez por todas.»

Visualizza l' imprint del creator