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·17 de outubro de 2025

A culpa nunca é da vítima?

Imagem do artigo:A culpa nunca é da vítima?

Escrever sobre o Botafogo tornou-se, em 2025, um exercício constante de fuga do repetitivo. Mas vamos para mais uma missão inglória. Em agosto, após se classificar para as quartas de final da Copa do Brasil, em Bragança Paulista, Davide Ancelotti assegurou que o elenco estava blindado da renhida disputa jurídica pelo controle da SAF, entre John Textor e a Eagle Football. Dois meses depois, o técnico, sem a mesma segurança, afirmou que o extracampo não pode influenciar no desempenho da equipe. No mesmo dia, após perder para o Flamengo por 3 a 0, em pleno Estádio Nilton Santos, o capitão Marlon Freitas mencionou pela primeira vez “questões fora de campo”. Na véspera do clássico, o CEO Thairo Arruda disse que o clube só terá caixa para o fim do ano e alertou para a necessidade de um aporte de R$ 350 milhões em 2026. Horas depois do embate contra os rubro-negros, atrasos no pagamento das contratações de jogadores vêm à tona. A sensação é que o Apocalipse se aproxima do Espaço Lonier e do Colosso do Subúrbio. Não há, então, perspectiva para a próxima temporada. Os tribunais decidirão o futuro do Mais Tradicional. Sendo assim, com que tranquilidade os funcionários de uma empresa desempenham suas funções sabendo que, em três meses, tudo pode mudar?

Inexperiência (no cargo) pesa sobre Davide

A curto prazo, mais cedo ou mais tarde, a corda vai romper nas mãos do elo mais frágil: o treinador, o último na fila dos responsáveis pela crise. Davide Ancelotti é refém da falta de planejamento do big boss norte-americano, das circunstâncias negativas e do enfraquecimento do time multicampeão. É mais cômodo descer a lenha no técnico, assim como era fácil detonar Renato Paiva após a visita ao Carabobo (VEN) ou atirar pedras sobre Luís Castro no Campeonato Carioca de 2023. A vítima nunca tem culpa, na teoria. Acontece que esta máxima, no Botafogo, apresenta nuances. Afinal, inexperiente no cargo, o italiano produz provas contra si mesmo. Ele, por exemplo, vai à coletiva de imprensa e sentencia que o “jogo contra o Flamengo acabou no 2 a 0”. O comandante do atual dono da taça não pode baixar as armas desta forma, no meio de uma guerra. Depois, utiliza a palavra “contente”, momentos após a derrota contundente para o maior rival. Parece que não entendeu a dimensão deste confronto, o score e o desempenho da equipe. Sem contar algumas decisões técnicas questionáveis, como, por exemplo, improvisar Marçal na zaga quando tinha dois jogadores da posição ou meter o volante Danilo, hoje lesionado, na ponta direita, no mês passado, contra o São Paulo, no Morumbis.


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Sinuca de bico

Figura exitosa como auxiliar e com passagens de destaque por grandes ligas europeias, Ancelottinho prova que ninguém vira treinador da noite para o dia. O técnico alvinegro, agora muito pressionado e, enfim, com um ultimato pela frente, precisa de uma resposta imediata, no próximo domingo (19), contra o Ceará, fora de casa, pela rodada 29 do Brasileirão. Os líderes do elenco do Botafogo pedem mais “tempo” a Davide. O plantel se coloca contra mudanças constantes no banco de reservas. O problema é que o Mais Tradicional não está em pré-temporada. Precisa, assim, assegurar uma vaga na próxima Copa Libertadores para não implodir de vez as finanças. Ainda mais grave, contudo, seria sair à busca de algum substituto para encerrar a temporada nesta altura do campeonato. O Glorioso se meteu, de fato, em uma sinuca de bico.

*Esta coluna não reflete, necessariamente, a opinião do Jogada10

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