A história desconhecida da chegada de Madjer ao FC Porto: “Tours? Nunca” | OneFootball

Fazem este verão 40 anos desde que Rabah Madjer rumou ao FC Porto, proveniente do Matra Racing Paris. Contudo, muito deste episódio continua por esclarecer, como ficou patente esta quinta-feira nas declarações de Lucídio Ribeiro, o agente que tratou dessa transferência marcante.

Em declarações prestadas ao portal ShootAfrica TV, no âmbito da apresentação do livro “Il Était Une Fois la CAN – 70 ans d’Histoire” (“Era Uma Vez a CAN – 70 Anos de História”, em português”), o empresário português revelou a curiosa forma como o então promissor avançado argelino acabou por aterrar no Estádio das Antas.

“Eu estava em Varna, na Bulgária, para assistir a um seminário de árbitros. Michel Vautrot, o famoso árbitro francês, tinha na mala uma cópia da revista France Football. Ao folheá-la, eu li que o Matra Racing Paris queria emprestar o Madjer ao Tours. Eu disse para mim mesmo ‘Ah, o Rabah no Tours, nunca!'”, começou por afirmar.

“Disse-lhes ‘Eu arranjo qualquer coisa para o Madjer’. Depois, liguei ao Artur Jorge, que era o treinador do FC Porto, naquela altura, e propus-lhe fazer-lhes chegar o Madjer. Ele disse imediatamente que sim”, completou o intermediário, que, nessa altura, trabalhou sobretudo no mercado francófono.

De Hussein Dey ao calcanhar de Viena, o percurso de Rabah Madjer

Nascido em Argel, Rabah Madjer iniciou a sua carreira em Hussein Dey e saltou para a Europa no verão de 1983, com 25 anos, ao ingressar no Matra Racing Paris, onde se notabilizou.

A mudança para o FC Porto ocorreu três anos depois e foi no Estádio das Antas que viveu os melhores anos da sua carreira, somando 74 golos e mais quatro assistências em 147 jogos oficiais.

O ponto alto foi, naturalmente, a 27 de maio de 1987, no Praterstadion, em Viena, onde abriu a reviravolta frente ao Bayern Munique com um memorável golo de calcanhar, numa vitória por 2-1 que valeu aos dragões a conquista da Taça dos Campeões.

Durante os dois anos e meio em que vestiu de azul e branco conquistou ainda uma Taça Intercontinental, uma Supertaça Europeia, dois campeonatos nacionais, uma Taça de Portugal e uma Supertaça Cândido de Oliveira. Seguiu-se uma breve passagem pelo Valencia, antes de regressar ao FC Porto.

Na sua segunda fase no clube arrecadou mais um campeonato, uma Taça de Portugal e outra Supertaça Cândido de Oliveira, antes de rumar ao Qatar SC, onde pôs termo à carreira. Madjer deixou também marca na seleção principal da Argélia, vencendo o Campeonato Africano das Nações (CAN) em 1990 e a Taça Afro-Asiática de Seleções em 1990/91.