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·15 de outubro de 2025
'A Libra é verde': Bap levanta suspeitas sobre bloco e advogado rebate

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·15 de outubro de 2025
Luiz Eduardo Baptista (Bap) presidente do Flamengo, fez duras acusações contra André Sica, uma das principais lideranças jurídicas da Libra. Bap apontou um "conflito evidente" de interesses, alegando que o advogado e sua família teriam um longo histórico de trabalho para o Palmeiras, o que, segundo ele, influenciaria as decisões do bloco.
"O [André] Sica é advogado do Palmeiras, trabalha para o Palmeiras, a família dele trabalha para o Palmeiras há muito tempo. O escritório que entrou com agravo da Libra contra o Flamengo é do Sica. Isso é um conflito evidente", declarou Bap em entrevista ao "UOL".
O mandatário rubro-negro foi além, personalizando sua crítica na cor do rival paulista e lamentando a criação do grupo.
"Se eu pudesse voltar atrás no tempo, eu jamais teria concordado com a construção de uma Libra. A Libra é verde. A Libra é toda verde. A Libra é palmeirense", afirmou.
A réplica não demorou. Em conversa com a "ESPN", André Sica, sócio do escritório CSMV Advogados, que representa diversos clubes tanto da Libra quanto da Liga Forte União (LFU), respondeu às declarações de Bap, negando as acusações sobre seus familiares e revelando que sua escolha para liderar o projeto partiu do próprio ex-presidente do Flamengo, Rodolfo Landim.
"Eu fico lisonjeado com as palavras do BAP, mas imagino que ele não tenha acesso a todas as informações. Meu pai faleceu em 2001 e era engenheiro. Minha mãe é professora de francês. Portanto, não é verdadeiro que qualquer pessoa da minha família tenha trabalhado para o Palmeiras. Apenas eu tenho essa honra", disse Sica.
O advogado também rebateu a ideia de que seu trabalho seria direcionado a um único clube, citando a ampla gama de clientes de seu escritório.
"Meu escritório trabalha para mais de 30 clubes pelo país. Tenho também a honra de trabalhar para o Red Bull desde 2011, para o Cruzeiro desde o início da SAF, para o Bahia desde a compra pelo Grupo City, além de muitos outros gigantes, tanto da Libra quanto da LFU", pontuou.
Finalizando sua defesa, Sica fez questão de mencionar sua indicação por Landim e expressou um desejo de união futura.
"Justamente por isso fui escolhido pelo Landim e Bellintani como o advogado para iniciar o movimento de Liga no Brasil. Meu sonho e minha ambição profissional é ver o futebol unido. [...] Tenho certeza que o Presidente BAP perceberá isso com o tempo e, por que não, ainda pode virar um grande parceiro e amigo", concluiu.
As falas de Bap encontram eco em um profundo desacordo financeiro e de governança entre o Flamengo e a Libra, entidade formada por clubes como Palmeiras, São Paulo e Atlético-MG para a venda conjunta de direitos de transmissão. O ponto central da discórdia é o critério para a divisão de receitas, que levou o clube carioca a buscar a Justiça.
O Flamengo obteve uma liminar no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro para bloquear o repasse de uma parcela de R$ 77 milhões a todos os membros do bloco.
A alegação rubro-negra se concentra na divisão de 30% da verba total, que é baseada em critérios de audiência. O clube argumenta que a fórmula para calcular essa fatia é incompleta e omissa no estatuto, necessitando de uma regulamentação que exigiria aprovação unânime dos membros, o que não ocorreu.
A divisão da receita da Libra está estruturada da seguinte forma:
Embora uma premissa básica para o critério de audiência tenha sido aprovada em 2024 pelo então presidente Rodolfo Landim, a diretoria atual do Flamengo sustenta que o detalhamento de como aplicar essa regra nunca foi acordado, como relatou o próprio ex-presidente. Segundo o clube, seis cenários diferentes foram debatidos ao longo de 2025 sem que se chegasse a um consenso.
A crise se intensificou quando a Libra efetuou o pagamento da primeira parcela utilizando um dos cenários propostos, contra o qual o Flamengo alega ter votado contra em assembleia. A iminência do pagamento da segunda parcela sob os mesmos critérios motivou a ação judicial do Rubro-Negro.
O conflito escalou para uma troca de notas oficiais. A Libra acusa o Flamengo de "disseminar desinformação" e de não buscar o diálogo, enquanto o clube garante que deseja negociar, mas insiste que o estatuto é omisso e que a entidade tenta impor um critério de divisão não regulamentado.
Este impasse financeiro e jurídico é o que inflama as declarações e a desconfiança da diretoria do Flamengo, liderada por Bap, em relação à condução do bloco.