Apenas esforçado, Cristian Molinaro simbolizou época de vacas magras da Juventus | OneFootball

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·07 de agosto de 2022

Apenas esforçado, Cristian Molinaro simbolizou época de vacas magras da Juventus

Imagem do artigo:Apenas esforçado, Cristian Molinaro simbolizou época de vacas magras da Juventus

Lateral modesto e ofensivo, Molinaro desenvolveu uma trajetória na qual, majoritariamente, ocupou o lugar de coadjuvante. Razoável na defesa, bom e veloz no apoio, o canhoto viveu seus melhores momentos da carreira jogando pelo Stuttgart, da Alemanha, onde chegou a ter sua primeira oportunidade de vestir a camisa da Squadra Azzurra. Na Itália, representou as cores da Juventus, mas tanto o time quanto ele não se destacaram no período. Aliás, ele foi uma espécie de símbolo de tempos negativos para a Velha Senhora, no fim da década de 2000. No rival Torino, por sua vez, teve grande utilidade.

Cristian é originário de Vallo della Lucania, na região da Campânia. Seu começo no futebol foi por lá mesmo, onde, depois de atuar por um clube local, entrou nas categorias de base da Salernitana, onde se desenvolveu durante quase toda sua adolescência. Descrito como um jovem tímido e de poucas palavras, impressionava a todos principalmente pela sua facilidade em atacar, ainda que não fosse um primor em matéria de técnica.


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Sua estreia foi logo com uma pedrada. Em 26 de abril de 2003, a equipe de Salerno lutava contra o rebaixamento na Serie B. Em um clássico contra o Napoli, que também estava na briga contra o descenso, o técnico Franco Varrella decidiu colocar Molinaro em campo quando o  jogo estava empatado em 1 a 1. A partida acabou com vitória napolitana por 2 a 1 e a temporada melancólica foi concluída com a permanência na segundona, apesar do péssimo desempenho do time.

Depois de cinco partidas no seu ano como debutante, Cristian teve mais oportunidades. Stefano De Angelis havia sido contratado para ser o lateral-esquerdo titular em 2003-04. No entanto, uma grave lesão ainda em outubro fez com que o reforço tivesse que ficar mais de dois meses parado, enquanto a jovem promessa pedia passagem. Assumiu a vaga para não largar mais.

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Molinaro sofreu bastante na Juventus, mas sua chegada ao menos possibilitou que Chiellini trocasse a lateral esquerda pela zaga (New Press/Getty)

Foram campanhas modestas na Serie B. Molinaro ainda ficou mais um ano na Salernitana, equipe em que desencantou como profissional, num duelo contra o Bari, que terminou empatado em 2 a 2. Ao fim da temporada, o clube granata faliu e o jogador rumou para a Toscana, onde passou a vestir bianconero pela primeira vez.

Na época, com o esquema de copropriedade, Siena e Juventus adquiriram o jogador, e Molinaro estreou na Serie A pelos toscanos. Titular apenas na reta final, ajudou a Robur a conseguir a permanência na elite. Depois, com presença constante na esquadra principal, atuando em 36 das 38 rodadas, Cristian participou de uma campanha mais tranquila, concluída com o 14° lugar. Na mesma época, a Juve voltou à primeira divisão após ser rebaixada por envolvimento de diretores no escândalo Calciopoli e o período sombrio foi importante para sua chegada a Turim.

Com a perda de jogadores importantes na defesa nos anos anteriores, a Vecchia Signora optou por contratar em definitivo o lateral. Sua chegada, por cerca de 2 milhões de euros, foi importantíssima para outro atleta. Como Molinaro assumiria a titularidade na ala esquerda, Giorgio Chiellini passou a ser ainda mais utilizado como zagueiro – e o resto dessa história todo mundo conhece.

Em uma primeira temporada sólida, a de 2007-08, Molinaro foi a maior parte do tempo coadjuvante de uma equipe que ainda mantinha pesos pesados, como Pavel Nedved, David Trezeguet, Alessandro Del Piero, entre outros. Seu momento de maior brilho talvez tenha sido na vitória dos bianconeri sobre a Inter, na 30ª rodada da Serie A. O gol que abriu o duelo, de Mauro Camoranesi, contou com uma clamorosa assistência do lateral. Uma enfiada de bola precisa que deixou o ítalo-argentino de frente para o crime.

Cristian fez sua estreia na Champions League no ano seguinte. Jogou quase todas as partidas, incluindo as vencidas contra o Real Madrid, na Espanha e na Itália, e também as oitavas de final – ocasião em que a Juve foi eliminada pelo Chelsea sem triunfar nenhuma das duas pelejas. Essas seriam as últimas atuações no alto nível europeu, ao menos em sua militância pela Velha Senhora.

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No Stuttgart, o italiano viveu os momentos mais sólidos de sua trajetória e recebeu até chances na seleção (imago)

Na segunda metade de 2009, Molinaro começou a perder espaço no elenco. Principalmente pela chegada de Fabio Grosso, mas também por conta da ascensão de Paolo De Ceglie, suas chances na posição praticamente acabaram. E, assim, foi buscar novos ares. Na Alemanha, o Stuttgart se interessou e contratou o ala italiano, dando origem a um casamento que funcionou muito bem.

Molinaro chegou ao sul da Alemanha em janeiro de 2010 e assumiu de cara a titularidade na lateral esquerda. Jogou todas as partidas do segundo turno da Bundesliga e, como não atuou na Champions League pela Juventus, pode disputar as oitavas de final do torneio no novo time – que enfrentaria nada menos do que o Barcelona de Pep Guardiola. Foi a última vez que o Stuttgart alcançou aquela fase, e contra um adversário tão forte, não conseguiu avançar: empate em casa e derrota pesada na Catalunha, por 4 a 0.

O bom momento do campano na Bundesliga lhe rendeu sua primeira oportunidade na seleção. Molinaro era considerado um dos melhores laterais da Alemanha na época e, por isso, Cesare Prandelli o convocou para o amistoso contra a Costa do Marfim. Cristian atuou durante os 90 minutos e viu Kolo Touré fazer o único gol da partida. Mais tarde, em setembro, teve mais uma chance nas qualificatórias europeias contra a Estônia. Desta vez, vitória de virada da Itália, com gols de Antonio Cassano e Leonardo Bonucci. Foram suas únicas aparições com a camisa azzurra.

Alternando entre bons, maus e anos medianos no Stuttgart, em 2013 perdeu completamente o espaço e só fez dois jogos pela equipe – mesmo assim, ainda foi um dos italianos que mais partidas fez na Bundesliga. Sabendo que não havia mais oportunidades pelo time da Suábia, Molinaro voltou para seu país natal na janela de transferências de inverno de 2014. O Parma, bem colocado na Serie A, buscou o experiente defensor, que já chegou balançando as redes.

Fazer gols nunca foi característica marcante da carreira de Molinaro – que só fez seis em toda sua trajetória. Apesar de costumar chegar à linha de fundo, o lateral sempre foi mais reservado, e costumava cruzar as bolas ao invés de buscar finalizações. Na sua estreia como titular pelos crociati, isso mudou: atuou como ala na segunda linha, mais avançado que o de costume, pela formação com três zagueiros, e deu sorte. Jogando contra a Atalanta, recebeu um cruzamento de Jonathan Biabiany, finalizou forte e anotou seu tento graças a um desvio na defesa da Dea. Em nove minutos já havia guardado mais tentos do que nos quatro anos que passou na Alemanha. E ainda viria mais.

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Molinaro atuou somente seis meses pelo Parma, mas agradou (Getty)

O Parma vivia uma sequência de 17 partidas sem perder quando encontrou a Juventus, em Turim, na 30ª rodada. Carlos Tévez praticamente liquidou as chances dos visitantes ao anotar uma doppietta no primeiro tempo. Na volta do intervalo, Molinaro marcou um golaço: fazendo valer a lei do ex, dominou a sobra de um chuveirinho na área e emendou uma bomba para diminuir a desvantagem. Por pouco, também não empatou o confronto, parando em defesa de Gianluigi Buffon.

Sua história no Parma terminou cedo, já que os gialloblù atravessavam por uma intensa crise política e financeira. O clube não conseguiu cumprir os requisitos necessários para disputar a Liga Europa, classificação obtida graças à sexta posição conquistada na Serie A, e, com atrasos e mais atrasos de salário, viu seu elenco debandar – e a falência, decretada ao longo da temporada seguinte, se tornar inevitável. Molinaro passou apenas sete meses na Emília-Romanha e depois assinou com o Torino, que herdou a vaga dos ducali na competição continental.

Na fase de grupos da Liga Europa, o defensor marcou seu único gol em nível continental. Contra o modesto HJK Helsinki, da Finlândia, recebeu um cruzamento na medida de Matteo Darmian e completou, de direita, para a meta escancarada. Também foi seu primeiro tento com a camisa granata de Turim.

Jogando principalmente como ala defensivo pela esquerda, Molinaro somou mais de 100 partidas pelo Torino – que viria a se tornar o clube que mais representou na Itália. Seu segundo e último gol pelo Toro também foi marcante. Fazendo a diagonal e invadindo a área, num duelo com a Inter, Cristian recebeu um ótimo pivô de Maxi López e colocou no cantinho, com a perna ruim, tirando de Samir Handonovic e empatando o confronto. Mauro Icardi havia aberto o placar e, após o tento campano, Andrea Belotti fechou a conta e deu o triunfo aos grenás em pleno San Siro.

O começo do fim da carreira de Cristian aconteceu devido a uma lesão gravíssima. Em setembro de 2016, o lateral sofreu uma ruptura do ligamento cruzado anterior do joelho esquerdo. Sua capacidade física nunca mais foi a mesma, e a queda de rendimento, natural pelo avançar da idade, acabou sendo mais acentuada. Molinaro até ficou mais uma temporada em Turim, mas assim que Cristian Ansaldi assumiu a posição, o italiano percebeu que era o momento de mais uma mudança de ares.

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No Torino, Molinaro viveu os últimos bons momentos de sua carreira (Getty)

Dessa vez para jogar em um patamar mais baixo, Molinaro se transferiu ao Frosinone, que voltava à Serie A e brigava para não cair – um cenário bem diferente do vivido no Torino, que emendava campanhas tranquilas, de meio de tabela. O veterano chegou com status de capitão, mas isso não durou muito. Acometido por lesões e depois afastado da equipe titular, Cristian viu, do banco de reservas, os giallazzurri serem rebaixados com muita facilidade, na penúltima colocação. Aparentemente, o lateral havia chegado em seu limite, mas ainda tinha mais um clube disposto a lhe dar uma chance.

Molinaro passou alguns meses sem vínculo com qualquer agremiação, mas, em janeiro de 2020, o Venezia lhe ofereceu um contrato na expectativa de que sua experiência contribuísse para a luta do time contra o rebaixamento na Serie B. Deu certo. Novamente como capitão, o lateral contou agora com uma química imediata, que ajudou os arancioneroverdi, treinados por Alessio Dionisi, a escaparem da zona de descenso. E não só isso: na temporada seguinte, o veterano alternou bons e maus momentos, mas no fim ajudou a levar o clube à elite depois de quase duas décadas.

Na primeira divisão, Molinaro, de 38 anos, jogou somente oito vezes – que foi o que o seu físico permitia. O joelho esquerdo já lhe limitava muito, e seus avanços ofensivos perdiam força e qualidade. Ao fim da Serie A, com o Venezia rebaixado, Cristian recebeu uma chance para continuar no Vêneto e topou. Em junho, pendurou as chuteiras e assumiu uma função na diretoria dos leões alados.

Cristian Molinaro Nascimento: 30 de julho de 1983, em Vallo della Lucania, Itália Posição: lateral-esquerdo Clubes: Salernitana (2002-05), Siena (2005-07), Juventus (2007-10), Stuttgart (2010-14), Parma (2014), Torino (2014-18), Frosinone (2018-19) e Venezia (2020-22) Seleção italiana: 2 jogos

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