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·23 de novembro de 2022

Apesar dos lamentos, Atiba e Eustáquio formaram uma dupla de primeiro nível na atuação impositiva do Canadá

Imagem do artigo:Apesar dos lamentos, Atiba e Eustáquio formaram uma dupla de primeiro nível na atuação impositiva do Canadá

O Canadá voltou a uma Copa do Mundo depois de 36 anos com altas doses de honra, mas sem deixar de lado o pesar. Os Canucks mereciam um resultado bem melhor que a derrota por 1 a 0 para a Bélgica. A equipe de John Herdman dominou os adversários na maior parte do duelo e criou uma porção de chances. Entretanto, a falta de pontaria e o pênalti perdido custaram o resultado aos canadenses. Isso não impede que elogios sejam feitos aos alvirrubros. Sobretudo pela dupla formada por Atiba Hutchinson e Stephen Eustáquio no meio-campo. Os dois volantes foram os motores da intensidade do time e impulsionaram a pressão incessante.

Atiba e Eustáquio formam uma parceira complementar. O primeiro carrega uma longa experiência pela equipe nacional e uma presença impressionante na faixa central, de quem destrói e aparece para definir. O segundo, por sua vez, é o encarregado da cadência e ascendeu exatamente no atual ciclo dos canadenses. Foram duas peças de uma mesma engrenagem dos Canucks, que sufocaram a saída de bola da Bélgica e impediram a criação dos adversários. Na batalha das trincheiras, os dois volantes foram os principais responsáveis por travarem o incensado adversário mesmo com Kevin de Bruyne do outro lado.


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Para Atiba Hutchinson, a Copa do Mundo soa como um prêmio. E o volante precisou penar bastante com os canadenses ao longo de sua duradoura carreira. A estreia do meio-campista pela seleção principal aconteceu ainda em 2002. Um resultado emblemático: uma goleada por 4 a 0 dos Estados Unidos. Ao longo dos anos, Atiba precisou se acostumar com as campanhas fracas na Copa Ouro e sequer chegava às fases finais das Eliminatórias. O fundo do poço viria há dez anos, numa goleada por 8 a 1 sofrida contra Honduras em San Pedro Sula, nas fases iniciais do qualificatório para o Mundial de 2014. O volante esteve em campo os 90 minutos.

Aqueles tempos de penúria passaram a Atiba Hutchinson. O meio-campista, que na época atravessava grande temporada no PSV, depois se transformaria em gigante do Besiktas mesmo acima dos 30 anos de idade. E virou a referência para um Canadá que se renovou bastante. Passou a usar a braçadeira de capitão e se consolidou como o grande exemplo dentro dos vestiários, ao lado de uma série de companheiros em seus 20 e poucos anos. Aos 39, Atiba está entre os mais velhos da história das Copas. E sua imposição se expressou nesse ápice tardio.

Stephen Eustáquio foi um dos tantos que puderam aprender bastante com o veterano. O meio-campista deslanchou em sua carreira apenas nos últimos cinco anos. Descendente de portugueses, passou a defender clubes modestos de Portugal e subiu degrau a degrau. Por mais que tenha passado pela seleção sub-21 dos lusitanos, aceitou o chamado do Canadá em 2019. Virou o nome ideal para a cabeça de área, pela maneira como dita o ritmo do jogo e oferece qualidade nos passes. Aos 25 anos, o auge com os Canucks também deu mais visibilidade por clubes e, no Porto desde o início de 2022, virou um dos destaques na boa campanha na Champions League atual.

Eustáquio era nome certo do Canadá para a estreia na Copa do Mundo. Atiba Hutchinson estava em xeque, numa temporada em que sofreu com os problemas físicos e só entrou em campo pelo Besiktas no último compromisso antes do Mundial. Porém, não dava para abrir mão do capitão, do cara que representa uma história da seleção canadense que vai além do boom atual. Os dois estariam lado a lado na meia-cancha, e lideraram a destemida apresentação do time de John Herdman. Os Canucks saíram para sufocar a Bélgica e, neste ponto, foram ótimos em sua estratégia.

Atiba Hutchinson foi excelente na organização do Canadá. Conduziu a leitura do jogo, errou pouquíssimos passes, venceu quase todas as divididas. Quando a Bélgica tentava sair para o ataque, o veterano aparecia com vigor para cortar as ligações dos adversários. Não ficaria em campo o tempo todo, estava claro, mas seus 58 minutos foram ótimos. Stephen Eustáquio durou mais tempo. E em todos os momentos elevou a temperatura do Canadá na partida. Também foi ótimo nessa pressão e melhor ainda na sua especialidade, os passes. Nenhum outro da equipe distribuiu mais o jogo. Melhor ainda, criou oportunidades, que os companheiros não aproveitaram. E teria o gosto de dar uma caneta em De Bruyne, daqueles lances pra contar para os netos. Sairia apenas aos 36 do segundo tempo, quando Jonathan Osorio foi uma cartada mais ofensiva.

Obviamente, a boa atuação do Canadá não se resume à dupla de volantes. Kamal Miller foi um leão na zaga e Richie Laryea demonstrou muita personalidade na ala direita. Outros oscilaram mais, mas a imprecisão nos arremates foi geral e impediu um resultado melhor – que seria condizente ao que se viu. Os Canucks ainda perseguem o primeiro gol e o primeiro ponto em Copas. Todavia, por aquilo que se viu mais cedo em Marrocos 0x0 Croácia, os canadenses permanecem no páreo mesmo com a derrota. Terão dois meio-campistas de muito bom nível para empurrar a equipe, além de nomes mais badalados.

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