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·09 de setembro de 2025

Assassinato com suspeito ligado ao PCC intriga polícia e causa temor no futebol de várzea paulista

Imagem do artigo:Assassinato com suspeito ligado ao PCC intriga polícia e causa temor no futebol de várzea paulista

O assassinato de Richard Martins da Silva, de 19 anos, chocou a comunidade do futebol de várzea de São Paulo. Morto a tiros no dia 30 de agosto, o jovem participava de uma partida entre Conexão da Toca e Garotos da 2, no Clube da Comunidade Jardim Petronita, no distrito do Grajaú, Zona Sul da capital. O principal suspeito está foragido e, segundo autoridades, é da liderança do Primeiro Comando da Capital (PCC).

A vítima trabalhava em uma quitanda na Vila Progresso e, naquela tarde, atuava como técnico improvisado do time do bairro. Após se envolve em uma das três brigas registradas durante o jogo, Richard foi surpreendido na saída do CDC Petronita.


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O suspeito retornou ao local em uma motocicleta, trajando o uniforme do time rival e portando uma arma. Antes de atirar, levantou o capacete para ser reconhecido. Ele efetuou 16 disparos à queima-roupa logo em seguida, a maioria na cabeça do jovem.

Outro torcedor do Conexão também acabou atingido no ombro, mas recebeu atendimento numa unidade de saúde próxima e não corre risco de vida.

Silêncio e medo após a execução

O crime mobilizou atenção nas redes sociais logo nas primeiras horas após o ocorrido, mas desapareceram rapidamente. A página do time de Richard, por exemplo, acabou desativada na sequência, e testemunhas se recusam a colaborar com a polícia.

Nas palavras de um diretor do clube ouvido pela reportagem do ‘O Globo’, todos estão temerosos. “Está todo mundo com medo de aparecer ou falar”, disse.

A polícia trabalha com a suspeita que o assassino tenha recebido uma “autorização retroativa” do chamado “tribunal do crime”. Assim, estaria caracterizado como ato de retaliação aceita por lideranças do PCC.

Apesar das suspeitas, as autoridades ainda não têm elementos suficientes para solicitar a prisão preventiva do suspeito — tampouco realizar buscas por armas. Nenhuma das testemunhas ouvidas na investigação disse reconhecer o autor dos disparos.

E o torneio de várzea?

O jogo fazia parte do “2º Torneio Mata-Mata do CDC Petronita” — competição de várzea local com prêmio de R$ 4 mil. Mesmo com o homicídio, o torneio prosseguiu e não teve sequer paralisação.

A administração do clube, embora negue formalmente relação com o evento, aparece vinculada à organização nas redes sociais. Questionada pela polícia, a direção do CDC informou que a câmera de segurança do local estava inoperante por problemas técnicos e que não há imagens do crime.

O campo estava lotado no momento do crime, e o portão principal estava bloqueado por um carro que impedia entrada e saída de pessoas. Há quem descreva o clima como “tenso” no local, e o medo ganhou corpo nos dias seguintes.

“A gente sabe que é melhor não falar nada”, admitiu uma comerciante local. Uma moradora, próxima da UPA onde o torcedor ferido recebeu atendimento, reiterou: “A gente ouve falar. Mas a gente não quer se envolver”.

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Luto silencioso

O sepultamento de Richard ocorreu no dia em que completaria 20 anos, 1º de setembro. Marcado por indignação, o velório também contou com forte comoção de familiares e amigos.

O CDC Petronita repudiou a violência e lamentou o ocorrido através de uma nota breve publicada nas redes sociais. Mas sem qualquer menção direta ao homicídio.

A polícia, por sua vez, segue com dificuldades para avançar no inquérito diante do silêncio de testemunhas e ausência de imagens. Segundo investigadores, a ausência de denúncias formais por parte da família da vítima também reflete o temor de retaliações.

“Se ninguém veio pedir Justiça, então esperam que ela venha de ouro lugar”, afirmou um agente envolvido no caso.

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