Clube Atlético Mineiro
·10 de dezembro de 2025
Atlético apresenta o novo CEO Pedro Daniel

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·10 de dezembro de 2025

O Atlético realizou a apresentação oficial do novo CEO da SAF, Pedro Daniel, na manhã desta quarta-feira, 10 de dezembro, na Sala de Imprensa da Arena MRV. O acionista Rafael Menin esteve presente para fazer a despedida e os agradecimentos a Bruno Muzzi, CEO do Galo entre 2022 e 2025, e ao ex-diretor de futebol Victor Bagy.
Em seguida, Rafael Menin realizou uma introdução sobre o Atlético e projetou os próximos passos da SAF antes de chamar Pedro Daniel ao microfone. O novo CEO do Galo começou falando de sua trajetória profissional até esse novo desafio na carreira. Por fim, houve o espaço para perguntas dos jornalistas presentes na Casa do Galo.
Pedro Daniel tem quase 20 anos de atuação na indústria do futebol, atuando a maior parte do tempo na parte de consultoria. Fez parte, diretamente, de projetos de reestruturação financeira e planejamento estratégico de clubes da Série A do Campeonato Brasileiro. Traz na bagagem, ainda, o trabalho de liderança na implementação do Fair Play Financeiro, pela CBF, no futebol nacional, da criação da Lei do Profut (refinanciamento de dívidas fiscais) em 2015, e da criação da Lei das SAF’s.
“Sou um profissional do setor do futebol, especificamente. Trabalho há quase duas décadas nessa indústria, quase sempre prestando consultoria, trabalhando com quase todos os clubes da Série A, principalmente. Vários projetos fora, de investidores que entravam no Brasil, de reestruturações, planejamentos estratégicos. Fui líder de trabalho do Fair Play Financeiro, pela CBF” – Pedro Daniel.
“E vejo aqui o Atlético como um potencial gigantesco. Por isso estou aqui, trouxe minha família para cá, morava em São Paulo, pois acredito que podemos fazer algo diferente. Mais uma vez, é um prazer estar aqui. Estou aberto para a gente discutir e debater sobre diversos pontos” – Pedro Daniel.
Veja, abaixo, a transcrição do que foi dito na apresentação de Pedro Daniel
Introdução de Rafael Menin:
“Queria falar desse ano que chegou ao fim no calendário esportivo. Não chegou ao fim para quem está no dia a dia, pois tem muito trabalho pela frente. Mas, realmente, foi um ano abaixo do que a gente esperava. Um ano mais confuso que os outros cinco anos nos quais a gente está trabalhando nesse projeto tão desafiador, que é estar à frente dessa instituição, que é a mais apaixonante e importante de Minas Gerais. Fazemos isso com muita paixão, com senso grande de responsabilidade”.
“Sabendo que, na vida, às vezes a gente sobe dois degraus no ano, dá dois passos para trás no ano seguinte, mas certos de que iremos continuar nessa caminhada, sempre olhando para frente, querendo o melhor para o nosso Galo. Temos a convicção de que, se não for todos os anos, mas o nosso projeto… Estou vendo colegas aqui que trabalham incansavelmente para um Galo melhor. E temos essa convicção de que estaremos entregando um Galo um pouco melhor, um pouco mais estruturado a cada ano, sabendo que os desafios são inúmeros. Mas aqui tem muita gente trabalhadora, séria, honesta, e com muita vontade de fazer bem-feito, e com isso, teremos um Clube cada vez mais estruturado, ano após ano”.
“Hoje se inicia um novo ciclo com a chegada do Pedro. Ele está conosco há cinco anos, participando desse projeto, projeto muito difícil. A gente chegou aqui no fim de 2019 com esse desafio gigantesco que era fazer a Arena MRV. Logo depois, começou a Covid, que fez o desafio ficar ainda maior. A gente vem, ao longo desses seis anos à frente do Clube, procurando fazer o melhor, acho que muitas coisas foram feitas, obviamente, erros foram cometidos, muitos aprendizados, passamos aí, há dois anos, por um episódio importante, que foi a constituição da SAF, que deu um respiro para o Clube, mas não foi um movimento definitivo”.
“Todos sabem que a gente ainda tem um balanço, uma situação financeira delicada, que foi melhorada após a SAF, e a gente vem trabalhando ao longo desse ano, incansavelmente, para fazer um novo movimento, e parte desse processo, a gente avançou com a cláusula de diluição da associação, porque esse era um empecilho para a gente fazer um novo movimento”.
“O Brasil continua sendo um contexto não tão, não diria atrativo, mas com um rol de investidores menor, por não termos uma liga estruturada, agora está chegando o Fair Play, que será um movimento importante. Ainda é um cenário não trivial para a atração de investidores para entrar no futebol brasileiro. Mas avançamos em várias discussões. A família (Menin) muito envolvida nesse processo. Falamos muitas vezes do tamanho da nossa participação, que começa com a doação do terreno do estádio. Antes da SAF, falamos também que a família, antes de poder ter SAF, colocamos nesse Clube uma quantia relevante de dinheiro, sem correção. Sempre olhando com carinho para esse clube, querendo construir um legado”.
“Aí veio a SAF, aumentamos o aporte para acelerar um pouco alguns processos, e continuamos avançando. Esperamos, quem sabe no primeiro trimestre do ano que vem, talvez um pouco mais para frente, dar um novo passo para o Atlético ficar com o balanço um pouco mais limpo. Não significa que iremos resolver todos os problemas de uma vez. Temos a expectativa que, em algum momento nos próximos meses, possamos dar um novo passo e deixar a nossa situação um pouco, ou mais tranquila”.
“O Pedro trabalhou como sócio de esportes da EY por muitos anos. Ele tem um legado enorme no esporte. Está conosco, pela EY, há cinco/seis anos. É uma pessoa que eu conheço bem, um profissional de altíssimo nível, que eu tenho a certeza que ele dará continuidade a esse trabalho, sem ruptura, mas, obviamente, querendo deixar o legado dele, colocar as digitais dele no projeto, com o objetivo de construir, dar um passo para frente, sempre, a cada ano. Não é fácil, temos desafios importantes, mas com a sua chegada, com a sua condução, com o time que nós temos, certamente, a gente vai continuar avançando nesse projeto, nesse legado, nessa paixão que é o Clube Atlético Mineiro”.
“Os acionistas continuarão dando todo o suporte, já falei algumas vezes, é um projeto de vida, não é um projeto de um ano. É, de fato, um legado. Uma paixão pessoal minha, do meu pai, da família, a participação do Sérgio, do Renato, do Ricardo, do Conselho, enfim… Todo mundo querendo o bem desse Clube, todo mundo trabalhando para o bem desse Clube. E a gente quer, muito, que a cada ano, esse Clube continue avançando. E o Pedro vai conduzir esse processo daqui para frente, e tenho certeza que ele o fará com muita competência. Então, Pedro, desejo o melhor, que você tenha muita resiliência, muita garra, e sei que você tem muita competência, você será parte importante desse projeto e vai marcar uma era importante aqui dentro. Tudo de bom, sucesso para gente, e agora te deixo aqui na mesa para falar com a turma, falar algumas palavras para a nossa Massa”.
Introdução de Pedro Daniel:
“Queria agradecer toda a confiança, todo o respaldo… Todas as conversas que eu tive com a estrutura do Clube, não só os acionistas, mas a diretoria, o Bruno (Muzzi), nesses primeiros momentos aqui no Clube. Para mim, é um orgulho fazer parte, um privilégio, de um Clube com tanta história, ao lado de pessoas capacitadas”.
“Para o meu momento de carreira, conversei bastante com todos, me sinto um privilegiado. É um projeto fantástico. Eu pego um legado do Bruno, que muitas vezes há um trabalho invisível, que é tão fantástico, num momento histórico do Clube, seja a conversão em SAF, inauguração da Arena. Tantas coisas acontecendo”.
“Me sinto feliz e honrado pelo convite do Atlético. Aceitei esse convite pelo fato de que podemos fazer um projeto fantástico, que o Clube seja referência em várias frentes. Estou muito feliz. Sou um profissional do setor do futebol, especificamente. Trabalho há quase duas décadas nessa indústria, quase sempre prestando consultoria, trabalhando com quase todos os clubes da Série A, principalmente. Vários projetos fora, de investidores que entravam no Brasil, de reestruturações, planejamentos estratégicos. Fui líder de trabalho do Fair Play Financeiro, pela CBF”.
“E vejo aqui o Atlético como um potencial gigantesco. Por isso estou aqui, trouxe minha família para cá, morava em São Paulo, pois acredito que podemos fazer algo diferente. Mais uma vez, é um prazer estar aqui. Estou aberto para a gente discutir e debater sobre diversos pontos”.
Coletiva de imprensa com Pedro Daniel
Pergunta: Você foi um agente do Fair Play Financeiro, ajudou a fazer a legislação da SAF. Com conciliar toda essa responsabilidade que você prega, daqui para frente, com a alta performance do esporte, do futebol, com os altos investimentos? Para se ter resultado, você precisa de investimentos. Como equilibrar essa balança?
PEDRO DANIEL: Vamos pensar no seguinte: há uma correlação direta entre o financeiro e a performance. Não há como fugir. Quando discutimos bastante não só o planejamento estratégico do Atlético, como consultor e agora desse lado da mesa, pensamos em como ser o mais eficiente possível dentro da nossa realidade. Então, seja por conta da receita, ou da nossa estrutura atual, da dívida que temos, como a gente consegue buscar esse equilíbrio financeiro, ser sustentável, sem perder a performance? Afinal de contas, somos um clube de futebol, vivemos de resultados. Então, como buscar equilíbrio? Estamos fazendo diversas reuniões, não só com o Paulo Bracks, com a estrutura do futebol, com o Luiz (Carlos de Azevedo), gerente-geral da base. Exatamente para entender como a gente consegue ser o mais eficiente possível, pensando que não temos a maior receita do futebol brasileiro, não temos o maior caixa, e temos que ser mais cirúrgico. Estamos discutindo bastante como fazer isso, obviamente, sem perder a performance, que é o nosso foco.
Pergunta: Para além da necessidade de performance em campo, esse ano, o que a gente viu, de certa forma, foi o afastamento da torcida, com os piores públicos da Arena MRV esse ano, pode se justificar pelos resultados, mas nunca foi da torcida do Atlético se afastar do Clube desse jeito. Como estão planejando recuperar a confiança do torcedor, esse sentimento de pertencimento?
PEDRO DANIEL: Nós debatemos bastante isso. E aí, um dos pontos que discutimos bastante é: nós queremos nos aproximar mais da torcida. Falo da gestão como um todo, ouvir mais a torcida, entender quais são as necessidades. E não é só por conta da performance, ela é uma consequência. Nós temos que entender que essa SAF aqui não é igual a outras SAF’s. Nós estamos falando de uma estrutura que a gente não tem investidores, a gente tem torcedores, como o Rafa falou há pouco. São pessoas que querem o bem do Clube, não estão preocupados em dividendos, em lucros. Estão preocupados em deixar o Clube sustentável, de alta performance. Como faremos isso? Precisamos ouvir a torcida, é o nosso maior ativo. O Clube vive por conta da torcida. Por isso falo que é uma SAF diferente das outras, porque a gente precisa entender quais são as necessidades, os anseios. Por isso, entre os diversos debates internos, vamos colocar em pauta e em prático, e até antecipo o anúncio, um “Conselho de Massa”. Queremos que a torcida esteja desse lado da mesa, porque, de fato, ela faz parte. Ela é um pilar mestre de um clube de futebol, ainda mais o Galo, já que estamos falando de 9, 10 milhões de torcedores. Nós queremos ouvir. É um dos pilares que estamos discutindo. Não só o pertencimento, mas a aproximação. Muitas coisas que estamos vendo, recentemente, na verdade é uma consequência. Vamos trabalhar mais nas causas, entender o que está acontecendo, de que maneira conseguimos alinhar expectativas, o que é fundamental. Esse é, se não o principal pilar, o nosso foco aqui.
Pergunta: Recentemente, saiu uma notícia na qual o Atlético tem um débito com o clube Palestino. Há outros clubes com os quais o Atlético se encontra como devedor. Especialistas financeiros falam que, sem um aporte financeiro imediato, o Atlético é insustentável para 2026. O aporte entra nesses primeiros três meses da sua gestão? E como vai ser feita essa gestão de emergência, uma vez que há uma necessidade de se contratar, o Fair Play entra em janeiro, e as dívidas que não estiverem inscritas na CBF, irão virar uma trava de contratação…
PEDRO DANIEL: É até curioso. Eu liderei a parte técnica do Fair Play. Depois veio esse convite do Galo. Eu brinquei com eles que queria ver se funcionava esse Fair Play. A grande verdade é que, desde o primeiro dia que cheguei aqui, com o Thiago (Maia), do Financeiro, e Paulo (Bracks), o executivo da estrutura do futebol. A gente faz todas as contas possíveis para entender, não só o âmbito financeiro do ano, porque a regra do Fair Play é pagamento em dívida, mas como encaixar um fluxo que, de fato, se adeque. Quando falo de fluxo, algumas vezes há o descasamento de entrada e saída de recursos. Nem sempre a receita é o mesmo valor todo mês. E estamos discutindo bastante como equalizar ou mitigar os riscos nesse sentido. Tivemos ano difícil no Galo, e teremos um ano desafiador.
Em termos de estrutura de capital, de aporte, essa é uma nova pauta. Estamos discutindo todas as alternativas possíveis, sabendo que a gente mora em um país no qual a taxa de juros é de 15%. A dívida pega muito forte quando a gente pensa em despesa financeira, e ela tira dinheiro do futebol. Essa é a verdade. A gente paga juros e perde competitividade, perde performance. Como a gente consegue trabalhar essa estrutura de capital? A gente está trabalhando forte para ajustar essa parte no primeiro semestre, para que o futebol seja o menos afetado possível. Ainda mais que teremos uma regulação vinda de fora, não é mais apenas a gestão do Atlético. Há um órgão regulador que faz isso, e que, de fato, as penalidades são bem sensíveis. Então, desde o dia 01, temos trabalhado para casar esse fluxo para evitar que nós não consigamos cumprir os requisitos mínimos, que é o Fair Play, principalmente.
Mas, novamente, estrutura de capital a gente está avançando em algumas alternativas. E a operação demanda um pouco mais de tempo para equalizar, temos contratos. É diferente de outros setores. Para fazer estruturação, posso mandar embora, ajusto custos, de um dia para outro. Mas, no futebol, temos que ser mais eficientes. Onde alocar os recursos. O Paulo está fazendo um trabalho fantástico nessa linha, junto com o Sampaoli. Os dois estão fazendo todo o planejamento no âmbito técnico, junto com o Thiago na parte financeira, e eu no sentido de gestão, para que tudo se encaixe. Afinal de contas, vai ser mais um ano desafiador. Agora, não temos tanta margem de erro como tivemos nos últimos anos.
Pergunta: Com a saída do Victor, virá um profissional para essa função? Ou o Paulo Bracks vai assumir as atribuições? Sobre investimento, o torcedor pode esperar um time competitivo? Qual será o nível de investimento em cima do orçamento? Estamos vendo reformulação e cortes no Atlético…
PEDRO DANIEL: Quando a gente fala em reformulação, é curioso. Ontem a gente fez um bate-papo com todos os funcionários, e muitas vezes falar de reformulação, principalmente para a parte externa, isso está atrelado a desligamentos. E não necessariamente será assim. Vimos movimentos nessa semana, todos aqui têm essa ciência. Mas há situações de realocação. Estávamos brincando que, muitas vezes, temos o melhor lateral direito aqui jogando de meia. E falam que o meia não é tão bom, mas ele está na posição errada. Eu falo em todos os âmbitos, inclusive administrativo. Estamos discutindo área a área de como buscar essa eficiência. Sobre o departamento de futebol, o Paulo Bracks lidera todo o planejamento do próximo ano, junto com o Sampaoli, alinhado com o Luiz, da base, temos uma unidade única do futebol. É um dos pontos que estamos discutindo bastante. Como integrar mais o futebol de base com o profissional. O Paulo é o líder dessa frente. Temos uma estrutura de governança na qual as decisões são mais colegiadas, você tem a parte técnica, financeira, estratégica. Ele é o líder dessa estruturação.
Pergunta: Queria citar o Muzzi na pergunta. Você está indo embora hoje, mas o maior sonho do torcedor do Atlético era ter uma casa. Talvez você não seja tão reconhecido hoje, porque o clima geral não é tão bom. Mas seu nome estará sempre marcado pela sua briga e garra na construção do estádio. Falando nisso, parece que o torcedor em geral não reconheceu essa casa como a sua casa. Quero saber, no final do ano, depois de algumas derrotas que são normais, essa relação com o torcedor está mais fria, diria até rompida. Vocês tem uma ação emergencial para trazer o torcedor de volta ao estádio, envolver o torcedor de novo? Porque sem a torcida, o time não vai longe…
PEDRO DANIEL: Esse é o ponto chave que foi alinhada com a pergunta do Pedro (Faria). Aproximação com a Massa, de fato entender quais são as necessidades, no que a gente está pecando, o que, de fato, a gente tem que melhorar. Isso é um ponto chave. Esse afastamento, essas críticas mais recentes, elas estão alinhadas com isso, são uma consequência disso. O que eu posso dizer, e o Bruno (Muzzi) está aqui, sou suspeito para falar: o trabalho que é feito na Arena MRV é imaginável, em todos os sentidos, não só em operação de jogos, em manutenção. é um negócio maravilhoso. Temos que ter muito orgulho. Eu conheço muitas arenas, muitas mesmo, no Brasil e no mundo. E essa aqui é um negócio diferente, em vários sentidos. Estávamos falando há pouco de acústica, debatemos bastante, e é um projeto prioritário para nós, de ajustar a acústica na área leste. É algo prioritário para nós. E o Galo se torna um clube poderoso e difícil de ser enfrentado aqui, só pegar as estatísticas, mas para isso, precisamos da torcida. E a torcida quer isso. Falamos do Conselho da Massa, é isso, aproximar a torcida, que ela faça parte da gestão. Acredito que isso será uma consequência, trabalhar em conjunto, no interesse em comum de todos: torcida, gestão, operação da Arena MRV. É um ponto chave para nós isso aí.
Pergunta: Em relação aos investimentos no futebol: no ano passado, o Atlético fez investimento na primeira janela, até considerável, mas se colocou, no fim do ano, pela própria diretoria, que houve erros na gestão das contratações. Vai ser mais ou menos dessa forma? A ideia do clube, financeiramente, é fazer uma primeira janela igual ao do ano passado, com mais investimento? E a folha salarial do elenco, para 2026, tem que diminuir, aumentar, ficará do mesmo jeito?
PEDRO DANIEL: Acho que o grande manta que temos aqui é eficiência. O investimento foi feito no último ano. Acho que agora temos uma visão muito mais de futuro, menos daquilo que foi feito ou se deixou de fazer. Temos um centro de inteligência, o CIGA, eles têm dados inimagináveis, tem toda a tecnologia, conhecimento, processo. Está sendo feito um trabalho cirúrgico nesse ponto. Não vamos falar de números, pois estamos debatendo. Provavelmente na semana que vem a gente terá uma visão mais clara, pois temos visto o casamento do fluxo. Não adianta falar que vamos no mercado contratar se a gente não tiver o fluxo bem definido. Então, por isso, estamos fazendo essa reformulação, mas pautado muito com o CIGA, com dados, integração do futebol (base-profissional), Paulo, Sampaoli e Luiz. Mas temos que ser mais certeiros. Vamos ser mais certeiros, pois hoje a gente não tem um faturamento de 2, 3 bilhões de reais. A nossa margem de erro é menor. Estamos em trabalho bem forte para diminuir o número de erros. Erros vão ocorrer, mas precisamos diminuir ao máximo, caso contrário não seremos competitivos.
Pergunta: Por mais que você seja um profissional conhecido no âmbito financeiro, corporativo e financeiro, você nunca teve o posto de CEO de um clube de futebol. Como você se prepara para lidar com isso em relação à pressão, à paixão do torcedor, em detrimento desse mercado corporativo que é muito mais frio e calculista? E sobre o CIGA, o Paulo Bracks segue liderando o CIGA depois da saída do Rodrigo Weber?
PEDRO DANIEL: Sobre a minha experiência, tem muito aquilo que está na mídia, e aquilo que ocorre no dia a dia. Como comentei, estou há quase 20 anos no setor, e não só na parte financeira, mas na parte técnica, de estratégia, entre processos e outras coisas. Não existem muitas novidades. Não é uma coisa nova para mim. Claro, ao mesmo tempo, quando a gente traz um histórico corporativo, é importante a gente ter o equilíbrio e a dosagem daquilo que é a paixão, a emoção, e aquilo que tem a razão. É algo que eu cobro e vou cobrar que todos tenham, essa dosagem para que a gente tome as melhores decisões. Nem sempre a melhor decisão dentro de um Clube é 100% racional. E temos que entender que esse é o cenário dentro de um clube de futebol. É por isso que a busca pelo equilíbrio é fundamental para termos sucesso. Não temos como ignorar os aspectos políticas, técnicos e todos aqueles que estão envolvidos dentro de um clube de futebol. Para a gente tomar a melhor decisão, importante termos toda essa leitura. Então, de novo, estou muito empolgado pelo desafio que temos aqui. Com as pessoas que temos, com os processos implementados pelo Bruno (Muzzi), pelas pessoas que estão por trás, os acionistas, acredito que dá para fazer algo bem legal aqui.
Pergunta: Fale um pouco do momento atual do Atlético. Na temporada de 2025, jogadores chegaram a treinar com bolso do calção para fora, atraso de salário, jogador entrando na justiça, empresários e clubes com parcelas pequenas perguntando de atraso. Isso afeta a credibilidade do clube no mercado, principalmente na transformação da SAF, quando o torcedor imaginou que não aconteceria mais. Como vai ser esse trabalho de resgatar essa imagem, e para que isso não aconteça mais?
PEDRO DANIEL: Realmente, acho que talvez seja o ponto um, como recuperar a credibilidade, como ser bem visto pelo mercado, e falo em todos os cenários: clube-clube, clube-empresários, clube-atletas. Para isso, ações são necessárias. Existem princípios básicos, como honrar com os compromissos. Venho discutindo bastante com o Thiago no âmbito financeiro, equalização de fluxos, honrar com aquilo que a gente promete. Obviamente, você pode me perguntar se isso já está valendo. Não, há um período, um processo para a gente entender e equalizar, não só no financeiro, mas em todos os âmbitos. Agora, temos uma ferramenta que nos empurra para isso, que é o Fair Play Financeiro, um agente externo que pode afetar muito mais a credibilidade do que antes. Não tem coisa pior do que ser punido pelo órgão regulador pelo não cumprimento de normas das competições que participamos. Isso afeta a credibilidade em todos os cenários. Estamos falando de uma SAF, uma empresa de futebol, mas todas as áreas estão conectados. Quando a gente fala do salário do futebol, ele afeta a nossa área comercial, porque quando vai vender patrocínio, propriedades comerciais, o cliente pode não querer atrelar sua marca.
Pergunta: Fale um pouco do momento atual do Atlético. Na temporada de 2025, jogadores chegaram a treinar com bolso do calção para fora, atraso de salário, jogador entrando na justiça, empresários e clubes com parcelas pequenas perguntando de atraso. Isso afeta a credibilidade do clube no mercado, principalmente na transformação da SAF, quando o torcedor imaginou que não aconteceria mais. Como vai ser esse trabalho de resgatar essa imagem, e para que isso não aconteça mais?
PEDRO DANIEL: Realmente, acho que talvez seja o ponto um, como recuperar a credibilidade, como ser bem visto pelo mercado, e falo em todos os cenários: clube-clube, clube-empresários, clube-atletas. Para isso, ações são necessárias. Existem princípios básicos, como honrar com os compromissos. Venho discutindo bastante com o Thiago no âmbito financeiro, equalização de fluxos, honrar com aquilo que a gente promete. Obviamente, você pode me perguntar se isso já está valendo. Não, há um período, um processo para a gente entender e equalizar, não só no financeiro, mas em todos os âmbitos. Agora, temos uma ferramenta que nos empurra para isso, que é o Fair Play Financeiro, um agente externo que pode afetar muito mais a credibilidade do que antes. Não tem coisa pior do que ser punido pelo órgão regulador pelo não cumprimento de normas das competições que participamos.
Isso afeta a credibilidade em todos os cenários. Estamos falando de uma SAF, uma empresa de futebol, mas todas as áreas estão conectados. Quando a gente fala do salário do futebol, ele afeta a nossa área comercial, porque quando vai vender patrocínio, propriedades comerciais, o cliente pode não querer atrelar sua marca. Então, é um trabalho coletivo para a recuperação da credibilidade. Ela é bem profunda, não adianta falar que a gente é sério, precisamos praticar. E isso demanda um tempo de adaptação. O agente externo nos ajuda, pois irá nos forçar. Temos uma estrutura de governança dentro da SAF focado nisso. Lembrando que os acionistas tem outros negócios que também são afetados. É importante resgatar a credibilidade pra facilitar o trabalho de todos aqui.
Pergunta: Como o torcedor pode entender, de forma objetiva, de onde irá vir esse dinheiro para que haja essa reformulação que o próprio Sampaoli vem cobrando?
PEDRO DANIEL: Mais para frente, depois, terá uma coletiva do Paulo, nosso executivo de futebol, para trazer um olhar mais técnico. Não necessariamente o que investe mais investe melhor. A busca pela eficiência é entender o cenário que o Clube está inserido, para que a gente possa fazer as movimentações dentro da nossa realidade. A gente sabe que a nossa realidade não é que hoje, por exemplo, tem Flamengo e Palmeiras. Não adianta que haverá nível de contratação do mesmo nível financeiro que Flamengo e Palmeiras. Isso, nesse momento, é impossível. Ao mesmo tempo, queremos manter a competitividade. É o desafio do Paulo, do Luiz, do Sampaoli. Todos tem conhecimento da realidade do Clube, para haver o alinhamento de expectativa de todos, da torcida, internamente, dos departamentos. Quando falo de eficiência, é alocar os recursos que a gente tem da melhor maneira possível. Por isso a gente tem ferramenta, pessoas, processos. Mas, não adianta criar expectativa de que faremos contratações bilionárias. Isso é impossível nesse momento. Espero um dia voltar aqui e falar das grandes contratações internacionais que o Galo vai fazer. Mas, hoje, isso não é possível.
Pergunta: No meio do ano, o Bruno convidou alguns veículos de imprensa para uma conversa informal na Arena MRV. E foi dito que o Atlético precisava de cerca de R$ 600 a R$ 800 milhões para conseguir respirar. Esse montante aumentou?
PEDRO DANIEL: Mais importante do que o valor, é como ele está desenhado na linha do tempo. Tem alguns que afetam mais o curto prazo, e outros que não são necessárias. Quando fala de dívida tributária, ele está refinanciado. Algumas dívidas bancárias têm taxas interessantes, outras, menos. Quando a gente fala em aporte, é saber qual dívida a gente vai atacar num primeiro momento, com as alternativas que temos de aporte, de fundos, de outras estruturas. O fato é, quando a gente pensa em um aporte, ele vai ser, se ocorrer, será especificamente destinado para a dívida. Não vamos ter alto investimento no futebol, pois seria contraditório. Eu preciso de um aporte de R$ X milhões para pagar dívida e vou saindo contratando atleta? Então, há esse alinhamento interno para a gente entender que, as próximas movimentações que estamos debatendo serão feitas para essa destinação. A partir do momento que ajustamos essa estrutura de capital, teremos mais dinheiro para o futebol no médio prazo, no curto prazo ainda não.
Pergunta: Foi muito destacado seu trabalho no Flamengo em 2013. O que tem de semelhança e diferenças entre aquela situação e a atual do Galo? O que foi feito lá que pode ser implementado aqui?
PEDRO DANIEL: Essa pergunta foi muito falada quando eu cheguei aqui. “Tá vindo o cara para fazer o que foi feito no Flamengo”. A grande verdade é que o momento de mercado era outro, o contexto era outro, o Galo é diferente do Flamengo. Naquele momento, não existia alternativa de capital, não tinha lei da SAF, não tinha o ambiente que temos hoje. Talvez se eu fosse contratado para o Flamengo hoje, certamente o remédio seria diferente do que foi feito em 2013. Ali foi feito uma reestruturação orgânica, sem dinheiro de fora, corte de gastos muito forte num primeiro momento, fechar as torneiras para, num médio prazo, com as receitas, ele voltasse a ser competitivo. Projeto de 2013 que foi dar títulos em 2019. Estamos falando de cinco, seis anos.
O momento de mercado é diferente hoje. Se pensarmos em reestruturação orgânica, a gente perderia muito a competitividade. Hoje, o volume financeiro do futebol é diferente do que era há 10 anos. Não temos esse espaço, essa margem de erro. E nem é o que a gente quer, perder a competitividade, pois iremos correr outros riscos. Temos outros competidores hoje. Temos o Grupo City, o Red Bull no Campeonato Brasileiro, multinacionais que estão competindo com a gente. Não podemos perder muito terreno, pois isso criaria outras situações. A nossa situação aqui no Galo é a busca de eficiência, mas sem o corte drástico que aconteceu no Flamengo.
Curioso que, enquanto EY, eu liderei o planejamento estratégico do Palmeiras. E a receita do bolo foi totalmente diferente. Trazendo do Palmeiras, a gente vê hoje o nível de competitividade, o nível financeiro, é muito mais pela reestruturação da base e a integração com o futebol. Ele tem um voluma de transferência de atleta que permite que ele consiga competir com o Flamengo, hoje. Não são só as receitas recorrentes, mas é um volume alto de venda de atletas. É mais próximo do que a gente vislumbra para o Atlético do que o que ocorreu com o Flamengo. Aqui a gente tem que ser, realmente, um departamento de futebol integrado, com a base, entender onde queremos chegar, para entender, de fato, essa visão estratégica. A receita recorrente, por si só, não tem volume suficiente para competir lá na frente. É um processo, é um trabalho. Eu vejo muito mais similiaridade com o que a EY desenhou no Palmeiras do que com o Flamengo.
Pergunta: Você citou as categorias de base do Palmeiras. Como fazer com que isso seja sustentável aqui no Atlético, a longo prazo? E também em relação ao futebol feminino, se teremos um maior orçamento para 2026? Estamos vendo questão de renovações de contrato, mas pensando num futebol feminino mais forte para brigar pelo título da Série A1…
PEDRO DANIEL: O Luiz tem feito um trabalho fantástico junto com o Paulo e o Sampaoli para pensar como a gente consegue potencializar a base vitoriosa que a gente tem, o Sub-17, o Sub-20, que fez uma excelente performance esse ano. Como a gente consegue usufruir desses talentos que a gente tem, em termos de performance e mercado. Muito parecido com o que foi feito no Palmeiras.
Sobre o Futebol Feminino, o grande objetivo da temporada foi conquistado, que é o retorno à Primeira Divisão. Então, estamos discutindo bastante em termos de orçamento, linha a linha, para o Atlético ser competitivo no próximo ano. Temos que pensar até aonde a gente consegue fazer com que… Em que linha ele estará em termos de competitividade. O grande foco é a Primeira Divisão, que conseguimos. E o da base não só a competitividade, mas usufruir no profissional. Para isso, é necessário uma linha forte de integração.
Um pouco do que aconteceu no Palmeiras. Eles tinham a melhor base do Brasil, mas o perfil de atletas do profissional impediam que esses jogadores subissem. Então, você retém e acaba perdendo talento. Não conseguindo nem monetizar e nem ter a performance. Esse trabalho que o Luiz, o Paulo e o Sampaoli estão fazendo, para melhorar isso em 2026. Historicamente, a gente não tem esse selo. Mas vamos ter.
Pergunta: O torcedor tem um interesse muito grande pela vida do Clube. Um dos grandes questionamentos é a questão da transparência, em alguns aspectos o Clube é bastante transparente. Em outros, o torcedor sente falta. O que você pretende fazer para melhorar isso?
PEDRO DANIEL: É uma frente que a gente abriu aqui pensando em conteúdo. Quando a gente fala do pertencimento da torcida, a gente fala também de conteúdo. Conversando com o Domênico (Bhering) mais cedo, os encontros do Por Dentro do Galo, o Galo, Logo Existo!… A gente está pensando em como potencializar. O que possa antecipar é que a gente, sim, vai ser mais aberto. Precisamos entender que o conteúdo que a gente transmite é peça-chave para a nossa engrenagem, não só pelo pertencimento, mas pelo mercado, termos financeiros, e aí a gente vai ter um futebol melhor. Acho que é um fluxo lógico nisso. E conteúdo é um dos pontos. Como o torcedor sente parte ou consegue ter conteúdos mais próximos, ter acesso e entender melhor a história que está ocorrendo no clube. É o desafio da área de comunicação, de marketing, que é uma repaginada em termos de conteúdo. Temos muita coisa boa, mas queremos alavancar isso. Não falo só de TV, mas criar conteúdos, algumas coisas para o Galo ser mais atrativo.
Pergunta: Qual é o tamanho real da dívida do Atlético, hoje?
PEDRO DANIEL: A gente tem uma reunião, inclusive, hoje à tarde, sobre isso. Porque o ano não acabou, existem entradas de recursos que a gente está esperando, então não tenho um número para te dar nesse momento. O fato, mais importante do que vamos demonstrar no balanço, é o casamento de fluxo. Esse é o mais importante. Quando pensamos em alternativa no começo do ano, seja de fundo ou aporte, ele não vai ser afetado nesse balanço, porque o ano acaba agora, no dia 31. Importante termos a ciência de que não necessariamente a fotografia do balanço retrata a realidade operacional, a realidade do dia a dia. É nisso que estamos focados agora, como fazemos para cumprir com os requisitos novos do futebol brasileiro, resgatar a credibilidade. Não tenho o número (da dívida) por conta disso, estamos fazendo todas essas reclassificações para saber como tratar, o que não necessariamente é nesse dezembro. Talvez o balanço, que sai em abril, não vai retratar a realidade daquele momento. Estamos trabalhando principalmente naquelas que nos afetam no dia a dia. Esse é o nosso foco neste momento.
Pergunta: O Atlético vive altos e baixos na gestão recente. O que você considera que esteja sendo feito de forma equivocada e que deve ser modificado imediatamente?
PEDRO DANIEL: Estamos numa virada, numa mudança de gestão. Obviamente, a gente olha o retrovisor no sentido daquilo que não deu tão certo. Mas o nosso grande foco é o futuro. Olhar para frente. Por isso estamos discutindo muito, quando falamos de reformulação, são processos, realocação de pessoas, sistemas, ferramentas. Acho que o nosso foco está para frente. Acho que a gente já discutiu muito, internamente, debatemos bastante com os acionistas, algumas situações que a gente não quer mais que ocorra. Principalmente quando falamos de governança, tomada de decisão. Essa talvez seja a principal mudança agora, para o futuro, para, não vou dizer acabar com os erros, porque isso é impossível. Mas diminuí-los ao máximo. O nosso foco não é no que a gente deixou de fazer. Estamos olhando para, como que a próxima temporada possa ser muito melhor do que a que tivemos agora.
Pergunta: Como você pretende explorar novas fontes de receitas, além da venda de jogadores?
PEDRO DANIEL: É um trabalho muito forte. Comentei de conteúdo, de área comercial, de propriedades. O fato é que o mercado, se a gente compara com os principais concorrentes, principalmente a chegada das Bets, vimos que o mercado aumentou muito, até se criou uma bolha, e precisamos entender até aonde ela vai. Antecipando alguns possíveis movimentos de mercado, a gente está olhando linha a linha, todas as propriedades que temos hoje, e mais do que isso, as linhas que não exploramos hoje. Falamos de conteúdo. Como fazer para explorar melhor? Seja nossas mídias sociais, a nossa TV, os nossos documentários que virão mais para frente. Enfim, esse talvez seja um dos pontos que vão acarretar em maior receita. Obviamente, venda de atletas é um foco que temos, mas precisamos entender o perfil de elenco. Por isso comentei o exemplo do Palmeiras. Não adianta ter a melhor base do mundo se ela não tem minutagem. Acho que, na parte de negócios, estamos discutindo bastante, realmente, como explorar propriedades que não exploramos, e mais do que isso, explorar o que não exploramos, pois temos uma margem gigantesca. Em comparação aos nossos concorrentes, ainda temos muito o que percorrer.
Pergunta: A situação do Atlético preocupa muito o torcedor na questão financeira. O Atlético fechou o operacional no positivo. Mas o torcedor pede por mais contratações, e não menos contratações. Como fechar essa conta, sendo que a dívida é alta, o aporte não chegou, e a situação do Atlético segue piorando?
PEDRO DANIEL: É o equilíbrio que estamos comentando, sobre razão e emoção. Obviamente, todos querem o Clube mais competitivo possível, com volume de contratações. Mas temos que entender qual é o nosso cenário, a nossa realidade. Todos aqui no Atlético tem essa ciência. A expectativa tem que ser a mais alinhada possível. Sobre a torcida, precisamos mais dela para, também, que a gente esteja no mesmo lado da mesa, com a expectativa alinhada. Quando falamos da dívida, parece que é algo fora do futebol, mas ela afeta completamente. Estamos discutindo contratação que, com a estrutura de capital melhor, com a dívida equalizada, teríamos acesso a um volume maior financeiro para contratações. As coisas estão conectadas. E há uma relação direta entre investimento e performance. Não é coincidência que Flamengo e Palmeiras estão disputando as finais, são os clubes mais ricos do Brasil, ponto, não é a camisa que é mais bonita, ou torcida mais legal. Vimos isso na Europa acontecer há 20 anos, com os novos investidores. O Grupo City não tem a maior torcida do mundo, longe disso, mas é competitivo e ganha títulos porque tem mais dinheiro. O Real Madrid? É porque tem mais dinheiro. Quando fala de dívidas e pensa que o futebol não é assim… Se a gente não trabalhar e não estruturar aqui, vamos ficar todo ano aqui nos explicando que esse ano não vamos conseguir contratar… Temos que atacar a causa e parar de colocar de canto as consequências, como se depois a gente fosse ver. Caso contrário, vamos todo ano pensar em como reperfilar a dívida. Então, se a gente não atacar ali, não vamos ter um nível competitivo a médio prazo, e ter que se explicar todo ano aqui, o que não é legal.
Pergunta: Em relação à nova fornecedora de material do clube, como o Atlético trabalha, porque nos outros clubes entram outras fornecedoras e se perde a identidade. Como trabalhar isso? E sobre o Manto da Massa, há conversas com a Nike sobre isso?
PEDRO DANIEL: Depois vamos ter uma pauta especificamente sobre isso. A grande verdade é que estamos discutindo com a Nike, eles vieram aqui diversas vezes nas últimas semanas. Inclusive, o CEO veio para cá, para a gente discutir não só a questão de abastecimento, mas de novos produtos. Então, a gente quer realmente esse alinhamento Atlético-Nike seja bom para os dois lados. Isso que frisamos bastante. Temos uma Massa, literalmente, 9 milhões, 10 milhões de consumidores. E que o Atlético seja uma plataforma para essa multinacional, e seremos beneficiados. Não só aqui, mas de maneira global. Estamos discutindo com eles as ações que eles fazem em outros lugares do mundo, que deram certo, e eles estão aprendendo com a gente o nosso modelo, como a Massa gosta, a nossa linguagem, a nossa cultura. Isso está sendo discutido agora. Teremos uma pauta especifica sobre isso, quais são os produtos, de que maneira, o Manto da Massa vai existir? Estamos num debate final com eles e eu tenho uma expectativa bem grande.
Pergunta: Você e o Rafael falam dos aportes, qual será a origem desses aportes? Serão externos ou internos?
PEDRO DANIEL: Estamos discutindo todas as alternativas. Isso foi discutido dentro do âmbito de conselho, dentro do âmbito de parceiros. Temos assessores contratados para conversar com investidores. Estamos discutindo as alternativas para identificar qual é a de maior aderência com aquilo que queremos com o Galo. Acho que a grande vantagem é que os tomadores de decisão são torcedores do Galo, eles não preocupados no sentido de uma saída, ou de alguma coisa nessa linha, são torcedores. Isso, por si só, falando como executivo, isso me dá o conforto que iremos tomar a melhor decisão para o Galo. Te respondendo de maneira assertiva, não temos uma definição ainda 100%, mas posso te falar que estamos discutindo todas as alternativas possíveis, exatamente para, de alguma maneira, liberar o fluxo, a médio prazo, para o futebol, que é a nossa vida.
Pergunta: O Rafael está um pouco próximo, então há uma tendência. Então, você pode falar se é interno ou externo?
PEDRO DANIEL: Uma das alternativas, que foi o que o Rafael falou, são dos próprios acionistas atuais. Então, há sim uma discussão interna se é a melhor maneira, o que pode afetar em termos de governança. Temos que pensar nisso: vem um investidor de fora, ele também vem dentro de uma estrutura de governança na qual fará parte, é o que a gente acredita? Tem aderência com o que a gente quer? Essa discussão estamos fazendo. O fato é que o Conselho de Administração da SAF está bem convicto não só da necessidade, mas do potencial sucesso, principalmente no primeiro semestre, que é o que a gente vislumbra.
Fotos: Pedro Souza/Atlético
Confira como foi apresentação de Pedro Daniel:
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