Comentarista esportivo é preso suspeito de corrupção | OneFootball

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O comentarista esportivo Fernando Gomes, um dos nomes mais conhecidos do rádio e da televisão paranaense, foi preso, na manhã nesta quinta-feira (9), em operação deflagrada pelo Ministério Público do Paraná (MP-PR). A informação foi confirmada pelo jornalista Eduardo Luiz Klisiewicz, do jornal Tribuna.

A operação, batizada como “Fake Care”, investiga um esquema de corrupção e desvio de recursos públicos na área da saúde de Fazenda Rio Grande, na região metropolitana de Curitiba. Outras quatro pessoas foram presas.

De acordo com o MP-PR, a ação busca desarticular uma organização criminosa que teria desviado mais de R$10 milhões dos cofres municipais, por meio de contratações direcionadas e superfaturadas. O grupo é acusado de cometer corrupção ativa e passiva, contratação ilegal, peculato e lavagem de dinheiro.

Fernando Gomes, de 77 anos, é nome consagrado no jornalismo esportivo paranaense. Registrado oficialmente como Abrilino Fernandes Gomes, o comentarista ficou conhecido pelo nome artístico criado ainda no início da carreira, na década de 1960.

Segundo a investigação, ele é sócio de uma das empresas apontadas como envolvidas no esquema, que teria sido beneficiada por contratos direcionados com a Prefeitura de Fazenda Rio Grande para prestação de serviços de testagem domiciliar e levantamento estatístico.

Ainda de acordo com o MP-PR, a empresa seria usada como fachada para o desvio de recursos públicos, com a participação de servidores de alto escalão e pagamento de propina.

A organização criminosa utilizava mecanismos simulados de contratação pública, criando um aparente cumprimento das exigências legais para mascarar pagamentos superfaturados e repasses ilícitos.

A apuração teve início após denúncias internas e cruzamento de dados financeiros que apontaram incompatibilidades entre os contratos firmados e os serviços efetivamente prestados.

O MP-PR informou, ainda, que novos desdobramentos podem ocorrer e que outras pessoas podem ser denunciadas conforme o avanço das investigações. Por determinação judicial, os nomes de outros investigados permanecem sob sigilo.

Além de Fernando Gomes, foram presos Marco Antonio Marcondes Silva, prefeito de Fazenda Rio Grande (PSD), Francisco Roberto Barbosa, secretário municipal da Fazenda e ex-secretário de Saúde, Alberto Martins de Faria, auditor do Tribunal de Contas do Estado (TCE-PR), e Samuel Antonio da Silva Nunes, sócio de empresa investigada.

O Tribunal de Justiça também determinou o afastamento de quatro servidores públicos de suas funções. O caso corre sob sigilo judicial.

O advogado Rafael Guedes de Castro, que representa Fernando Gomes, divulgou nota à imprensa ressaltando que o cliente “goza da presunção de inocência” e que “nenhum julgamento deve ser feito antes do trânsito em julgado de eventual sentença condenatória”.

A Rádio Transamérica informou, por meio de seu diretor Rogério Afonso, que a emissora aguardará o desenrolar das investigações antes de se manifestar oficialmente.

A liderança do PSD na Assembleia Legislativa também se pronunciou, esclarecendo que Fernando Gomes “cumpriu suas funções de forma satisfatória” entre junho de 2024 e setembro de 2025, e que o vínculo foi encerrado “a pedido do próprio jornalista”. O partido reiterou compromisso com a “transparência, a ética e o respeito ao devido processo legal”.

Em nota, a Prefeitura de Fazenda Rio Grande afirmou estar colaborando integralmente com as investigações e que “todas as informações e documentos solicitados pelas autoridades competentes foram prontamente fornecidos”. A administração municipal destacou ainda que as atividades seguem normalmente, com a continuidade dos serviços públicos essenciais à população.

Os presos foram conduzidos para Curitiba, onde passaram por oitivas e procedimentos de custódia. O Gaeco deve encaminhar, nas próximas semanas, relatórios complementares ao Tribunal de Justiça e ao Ministério Público Federal, devido à possível existência de repasse irregular de verbas federais para a área da saúde do município.

O MP-PR reiterou que divulgará novas informações somente após o levantamento do sigilo judicial.

Enquanto isso, a prisão de Fernando Gomes — uma das vozes mais tradicionais da crônica esportiva paranaense — causa forte repercussão entre jornalistas e torcedores. Nas redes sociais, colegas de profissão pedem cautela e respeito ao devido processo legal, enquanto o público acompanha com espanto o desenrolar de um caso que mistura política, esporte e corrupção.