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·10 de setembro de 2021

Como Messi construiu seu novo recorde: Os detalhes de seus 79 gols pela seleção

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Pelé construiu sua reputação como o melhor jogador da história, sobretudo, com a seleção brasileira. Foram 77 gols contra seleções filiadas à Fifa, além de 22 anotados contra combinados ou clubes. Tal marca permitiu que o Rei ficasse por 50 anos, desde seu último tento, como maior goleador do futebol de seleções na América do Sul. Um feito que acaba superado por Lionel Messi, que não apenas igualou o recorde anterior, como já elevou o sarrafo para 79 gols depois de sua tripleta contra a Bolívia pelas Eliminatórias.

Falando apenas de gols, Messi não se compara à produtividade de Pelé com a seleção. Foram 153 jogos para anotar seus 79 gols, contra 92 de Pelé. Todavia, a longevidade do camisa 10 com a Argentina permitiu o recorde e também a melhora de suas médias com o passar dos anos. A fama do craque se explica muito mais pelo Barcelona do que pela Albiceleste. Ainda assim, é possível perceber um antes e um depois na importância do atacante à equipe nacional, sobretudo a partir de 2012, quando os argentinos realmente se tornaram mais competitivos e emplacaram melhores campanhas. O primeiro título demorou, mas coroou a lenda na Copa América.


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Aproveitando o gancho do recorde, analisamos os números de Messi pela seleção. Apontamos como o craque evoluiu com o passar dos anos e também se tornou mais preponderante nas competições internacionais, não só nos amistosos. Também analisamos como, não jogando como um homem de referência na Argentina, o atacante contribuiu ofensivamente também com muitas assistências. Abaixo, os dados:

Como os números de Messi progrediram

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Lionel Messi (Imago / One Football)

Messi se tornou apenas o sexto jogador na história a anotar 79 gols ou mais por sua seleção. Considerando a idade do argentino, parece improvável que ele consiga igualar as marcas de Cristiano Ronaldo (111 gols, ainda contando) e de Ali Daei (109 gols) no topo da lista. O camisa 10, porém, muito provavelmente entrará no pódio. À sua frente, Ferenc Puskás (84 gols) e Mokhtar Dahari (89 gols) são dois concorrentes alcançáveis, para que o capitão albiceleste se coloque no Top 3 de todos os tempos.

É importante notar como a média de Messi deixa a desejar, se comparada aos demais jogadores que anotaram pelo menos 70 gols por suas seleções. Dos 20 primeiros da lista, todos com 70 ou mais tentos, o argentino possui a pior média de gols – igualado a Miroslav Klose, ambos com 0,52 gols por jogo. O nível mais alto das Eliminatórias na América do Sul costuma ser um empecilho, se comparadas às Eliminatórias na Europa ou em outros continentes. Ainda assim, vale pontuar como Messi levou um tempo para engrenar, até pela mudança de sua posição e pela maneira como atua na Albiceleste.

Messi inaugurou sua contagem no sexto jogo pela seleção principal da Argentina, com um gol sobre a Croácia, num amistoso meses antes da Copa do Mundo de 2006. O craque precisou de 33 jogos para anotar seus dez primeiros tentos pela Albiceleste, em tempos nos quais costumava ser mais utilizado como ponta direita. Foram apenas 13 tentos nos primeiros 50 compromissos com a seleção, completados justamente na eliminação diante da Alemanha na Copa do Mundo de 2010 – na qual o craque acabou passando em branco.

Uma guinada nos números de Messi começa a se esboçar durante o segundo semestre de 2010, mas a Copa América de 2011 marca outro incômodo jejum do craque. Sua produtividade realmente cresce em 2012, quando abocanhou o recorde de gols em um só ano por clube e seleção. Aquele foi o primeiro ano com a Argentina que o camisa 10 superou a média de 0,5 tentos por jogo. Aliás, conseguiu ir bem acima disso: foram 12 tentos em nove aparições pela Albiceleste. Anotou suas duas primeiras tripletas pela seleção, em amistosos contra a Suíça e o Brasil. Já em 2013, Messi alcançou os 34 gols de Maradona pela seleção e já o ultrapassou com uma nova tripleta contra a Guatemala. Diego precisou de 91 jogos para tanto, nove a mais que Lionel.

A média de um gol por jogo não se repetiu desde então, mas, exceção feita a 2020 (quando a pandemia reduziu drasticamente o número de aparições pela seleção), Messi sempre sustentou médias iguais ou superiores a 0,5 gols por jogo ao ano. Um momento de destaque aconteceu nas Eliminatórias para a Copa de 2014, vice-artilheiro com 10 gols, além de anotar mais quatro tentos no Mundial. E se o gol solitário na Copa América de 2015 não auxiliou o craque, ele faria cinco na Copa América Centenário. Foi durante o torneio, inclusive, que o camisa 10 chegou aos 54 tentos pela Albiceleste e igualou o recorde de Batistuta, superando-o na partida seguinte. Enquanto Batigol precisou de 77 jogos à sua marca, Messi o repetiu com 111.

Outro momento importante de Messi aconteceu nas Eliminatórias para a Copa de 2018, com sete gols, incluindo os três em cima do Equador – no jogo que valeu a vaga no Mundial e também garantiu a primeira tripleta no torneio. Todavia, a Copa só teve um gol do craque e ele também só fez um na Copa América de 2019. O ano de 2021, assim, acaba se tornando decisivo no impulso aos números. Messi já anotou oito gols pela seleção neste ano, igualando a segunda melhor marca da carreira. Foram quatro tentos na Copa América e outros quatro nas Eliminatórias, com a tripleta diante da Bolívia sendo a sétima de sua trajetória pela Albiceleste.

Como os gols de Messi se distribuem

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Messi, da Argentina (Foto: Imago / One Football)

O grosso dos gols de Messi veio em amistosos. O craque balançou as redes 34 vezes neste tipo de partida, em 47 aparições pela Argentina. Vale dizer, porém, que há duelos de peso neste recorte. Todos os cinco gols contra o Brasil ocorreram em amistosos. O craque também marcou assim contra Espanha, França, Alemanha e Portugal – entre aquelas com título mundial ou europeu.

Messi possui 26 gols em 53 partidas de Eliminatórias. Com os três gols diante da Bolívia, o camisa 10 superou Luis Suárez e também se tornou o maior artilheiro da competição na história. Não à toa, grande parte de suas maiores vítimas se concentra entre as equipes da América do Sul. Todas as sete seleções que sofreram pelo menos quatro gols de Messi são sul-americanas. As exceções são Colômbia (com três) e Peru (com um gol). Ao todo, Messi balançou as redes de 29 seleções diferentes.

Messi ainda contabiliza 13 gols em 34 jogos de Copa América. Sua média na competição se alavancou especialmente após a última edição do torneio, quando foi artilheiro pela primeira vez. Vale lembrar que o camisa 10 disputou seis vezes o certame continental e possui o recorde de partidas, igualado ao goleiro chileno Sergio Livingstone. Todavia, está a quatro gols de se igualar como maior goleador. Já em Copas do Mundo, presente em quatro edições, Messi tem seis gols em 19 partidas. A seca ocorrida no Mundial de 2010 é o maior peso nesta conta. Fez um em 2006, quatro em 2014 e mais um em 2018.

Cabe ponderar, contudo, alguns números da produtividade ofensiva de Messi que não se resumem a gols. O atacante contabiliza 52 assistências pela seleção argentina. São seis passes para gols dos companheiros em Copas do Mundo e 17 em Copas América, além de 11 em Eliminatórias e 18 em amistosos. Cristiano Ronaldo, por exemplo, registra 41 assistências em 180 jogos por Portugal. A forma como se acostumou a jogar na seleção explica tal situação. O camisa 10 não era necessariamente o falso nove da Argentina, tantas vezes acompanhado por Sergio Agüero, Gonzalo Higuaín ou outro atacante de área. Segundo dados do Transfermarkt, em somente oito dos 153 jogos pela seleção Messi começou como homem de referência. O artilheiro se dividiu com mais frequência entre segundo atacante, meia ofensivo ou ponta direita.

A conquista recente da Copa América certamente motiva Messi e garante mais leveza para sua sequência na seleção. Neste momento, é possível perceber um time que luta por seu craque e não deixa de dividir responsabilidades na hora de resolver. Assim, sem precisar enfrentar defesas inteiras, o camisa 10 encontra mais espaços e marca mais gols. Não seria surpreendente se terminasse 2021 acima dos 12 gols, superando o teto estabelecido há nove anos, mesmo com média inferior. E se o recorde mundial por seleções não deva se tornar de Messi, a história já se cumpre por superar Pelé e consolidar seus feitos pela Argentina. É o que valoriza uma passagem pela Albiceleste tantas vezes criticada, mas que também possui um lugar especial na memória.

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