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·11 de novembro de 2025

Compliance do Corinthians identifica ‘red flags’ e levanta questionamentos sobre a SAFiel

Imagem do artigo:Compliance do Corinthians identifica ‘red flags’ e levanta questionamentos sobre a SAFiel

O departamento de compliance do Corinthians analisou a Carta de Intenções Não Vinculante entregue pelos idealizadores da SAFiel ao clube e recomendou à diretoria, presidida por Osmar Stabile, que não assine a proposta antes que algumas dúvidas sejam esclarecidas.

Conforme apurou a Gazeta Esportiva, o compliance identificou algumas ‘red flags’ (termo em inglês para sinalizar “sinais de alerta”) no projeto, que prevê a transformação do Corinthians em SAF (Sociedade Anônima do Futebol). O departamento averiguou este e mais de 100 outros contratos no último mês e apontou a necessidade de esclarecimentos sobre alguns pontos.


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Antes de tais questionamentos serem respondidos, há sugestão de que a diretoria alvinegra não vá adiante com a proposta, apresentada ao clube em uma reunião dos fundadores da SAFiel com Romeu Tuma Júnior, presidente do Conselho Deliberativo do Timão.

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(Foto: Divulgação/SAFiel)

Red flags

Uma das red flags apontadas pelo compliance é o fato de a empresa Invasão Fiel S.A ter sido aberta recentemente, com capital social baixo, de apenas R$ 3 mil, apesar de prometer arrecadar R$ 2,5 bilhões para quitar dívidas do Timão e investir no futebol.

Além disso, o departamento constatou que Maurício Chamati, um dos criadores do projeto, está envolvido em um processo por estelionato na Justiça. Também pesa contra o empresário, que é cofundador do Mercado Bitcoin, a relação com a antiga gestão do clube, liderada pelo presidente destituído Augusto Melo.

Chamati participou, durante sete meses, do Comitê Independente de Finanças do Corinthians. Os membros do grupo, criado por Pedro Silveira, então diretor financeiro do clube, assinaram um NDA (Non Disclosure Agreement, termo em inglês para “Acordo de Não Divulgação”) válido por cinco anos, a fim de evitar o vazamento de informações sigilosas. Essas informações foram publicadas inicialmente pelo Uol.

O empresário, portanto, comprometeu-se a manter sigilo sobre os dados aos quais teve acesso. Porém, meses após a dissolução do Comitê, extinto após o impeachment de Augusto Melo, Chamati passou a trabalhar em conjunto com Carlos Teixeira e Eduardo Salusse na elaboração da SAFiel. O projeto foi oficialmente lançado em 28 de outubro deste ano.

SAFiel vê “exagero”

De acordo com fontes ligadas à SAFiel ouvidas pela Gazeta Esportiva, integrantes do projeto entendem que há uma “suspeita exagerada” por parte de dirigentes e conselheiros do Corinthians. Existe também uma insatisfação com a forma como o tema está sendo conduzido internamento no clube, marcada por um clima de “nós contra eles”.

Além disso, apoiadores defendem que Mauricio Chamati, embora integre o grupo de idealizadores da SAFiel, não teria benefícios com o projeto caso ele se concretize.

Não é possível garantir que o presidente Osmar Stabile não irá assinar a proposta da SAFiel. Porém, a probabilidade de isso acontecer neste momento é baixa, tendo em vista a recomendação do compliance.

O que pensam os conselheiros

A manifestação do compliance levou alguns conselheiros do Corinthians a recuarem em relação ao projeto da SAFiel. Ainda assim, uma parte do Conselho Deliberativo segue defendendo a proposta e pretende levá-la para discussão no Parque São Jorge.

Segundo informações obtidas pela reportagem, conselheiros se articulam nos bastidores para reunir 50 assinaturas e, assim, obrigar Romeu Tuma Júnior a pautar o tema nas próximas reuniões do Conselho. No entanto, de acordo com a Lei Geral do Esporte, essa medida pode expor os conselheiros a responderem nominalmente em caso de eventual indenização, já que o compliance recomendou ao clube que não avance com o projeto, ao menos nos moldes atuais.

Em meio à proposta da SAFiel, o Conselho também irá votar em breve o projeto de reforma estatutária do clube, apresentado por Romeu Tuma Júnior. O presidente do CD está sofrendo pressão nos bastidores, mas pretende insistir e levar o texto para discussão no plenário o mais breve possível.

O que é SAFiel?

Idealizada por Carlos Teixeira, Maurício Chamati, Eduardo Salusse e Lucas Brasil, a SAFiel prevê a transformação do Corinthians em uma SAF, com gestão profissional, administrada pelos torcedores. Os corintianos poderiam comprar ações a preços populares e votar nos conselheiros.

O clube seria composto por quatro Conselhos: Administrativo, Fiscal, Cultural e de Governança. Os integrantes de cada setor seriam escolhidos pelos acionistas. Os órgãos teriam a responsabilidade de fiscalizar, além de haver auditorias externas periódicas para afastar eventuais irregularidades.

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Carlos Teixeira, Maurício Chamati, Eduardo Salusse, três dos idealizadores da SAFiel (Foto: André da Silva Costa/Gazeta Press)

De acordo com o projeto, a administração ficaria sob responsabilidade de executivos profissionais, que seriam “contratados ou demitidos com base em capacidade e cumprimento de metas”. O departamento de futebol ficaria separado do clube associativo.

Como funcionaria o aporte?

três possibilidades para que os acionistas façam o aporte financeiro: uma reserva popular, na qual cada torcedor poderá comprar no máximo dez ações; um varejo amplo, voltado a corintianos com maior poder aquisitivo; e um terceiro grupo destinado a investidores profissionais.

Para adquirir as ações, o interessado deverá comprovar sua associação ao Parque São Jorge ou a inscrição no programa Fiel Torcedor. Nenhum acionista poderá comprar mais de 1,8% das ações, a fim de evitar concentração de poder. Quem quiser investir também terá de comprovar a origem dos recursos.

A meta é arrecadar R$ 2,5 bilhões para quitar dívidas e investir no futebol e na sede social do Corinthians. Os idealizadores afirmam basear-se em estudos e acreditam que as ações tendem a se valorizar com o passar do tempo.

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