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·12 de outubro de 2025
Consultor do Flamengo na Libra indica importante tendência para Flamengo TV

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·12 de outubro de 2025
Marcelo Campos Pinto é o consultor do Flamengo na Libra. Na reunião do Conselho Deliberativo do clube, ele foi importante ao explicar e esclarecer o imbróglio do clube com a Liga do Futebol Brasileiro. Ele participou do MengoCast, o podcast com João Guilherme na Flamengo TV e falou sobre importantes temas.
Um deles se relaciona aos direitos próprios que o clube pode e deve aproveitar. No fim da participação, Marcelo explica o que o Mengo pode fazer em um futuro próximo, em um processo que já se iniciou. Isso porque o clube já transmite os 19 jogos do Brasileirão, com imagens, para o exterior, vendendo seus próprios pacotes.
Além de consultor do Flamengo na Libra, ele é sócio-administrador da Sportsmaster Marketing Esportivo e possui experiência no esporte. Responsável pela criação da Globo Esportes, divisão que negocia os contratos esportivos da emissora, Marcelo comandou, por anos, a aquisição dos direitos de transmissão do grupo. Por isso, tem propriedade no tema e ainda se aprofundou no mundo digital após a saída.
"Essa possibilidade (de transmitir por conta própria) vai se abrir, sim. Quando entrei no futebol em 1997, fui ler e me informar. Quando me aposentei na Globo, fiz um mergulho no mundo digital. Era uma atualização que eu precisava. Eu era um daqueles dinossauros da velha mídia. Se olharmos para as verdadeiras ligas mais avançadas o mundo, todas têm um produto do conjunto dos jogos, que é dela, que ela vende direto.
A ideia é justamente explorar a possibilidade de vender seus direitos diretamente para o público.
"A revolução digital trouxe a possibilidade de qualquer um vender um produto direto para qualquer pessoa que queira comprar. A gente vivia em um mundo que a receita dos direitos de transmissão vinham exclusivamente das plataformas que distribuíam os sinais audiovisuais dos jogos. TV aberta, fechada, internet, aplicativos. Mas as ligas vendiam todos os direitos", comenta.
Ele chega a idealizar um mundo em que a Flamengo TV, no atual formato, já possa mostrar o gol dois minutos depois do acontecimento.
"Quando a gente começa a viver nesse mundo de hoje, que você pode distribuir o seu produto diretamente, se abre uma porta de você não mais vender a integralidade dos direitos de transmissão dos seus jogos, dos VT's dos seus jogos, de cortes que você pode fazer durante a transmissão do jogo, e exibir dois minutos depois que ocorreu. Não prejudico quem comprou o direito de transmissão do meu jogo, mas abro para o clube o direito de dizer como vocês fazem hoje. Vocês fazem uma narração do jogo sem conteúdo visual. Se você tivesse, na sua narração, a possibilidade, de dois minutos depois do gol, mostrar para a Nação, o gol, não enriquece?" Questiona.
Marcelo cita um exemplo simples e caseiro para mostrar que, hoje, o digital é o caminho, possibilitando um alcance até maior do que a televisão.
"Hoje, gerações, das mais diversas, vivem, se informam e compram conteúdos através de plataformas sociais e digitais. O TikTok é um fenômeno irreversível. Geração abaixo de 30 vive nela. Em casa, temos cinco filhos, vai de 27 a 38. A geração abaixo de 30 não conhece televisão aberta, fechada. Minha filha vive no TikTok e se informa lá. É onde convive com as amigas e tudo mais. Essa oportunidade existe", afirma.
O consultor do Flamengo na Libra traz ainda o relatório da Deloitte para debate, e mostra o que encontrou por lá.
"Outro dado relevante: na Europa, um relatório, preparado pela Deloitte, que é uma empresa de consultoria, uma das cinco maiores do mundo, há muitos anos, ela passou a produzir anualmente um relatório que é um Raio-X das cinco maiores ligas europeias. No relatório desse ano, uma das conclusões da Deloitte é a seguinte: a subida de preços da venda dos direitos de transmissão, a cada ciclo, na Europa, está batendo num teto", analisa.
O imbróglio vivido na França também foi levado em consideração por Marcelo.
"Isso, sem falar, o drama que vive a liga francesa, que vendeu direitos para dois compradores diferentes, e antes do final da primeira temporada, um dos compradores devolve os direitos. Toma-se, com esse barulho, um prejuízo cavalar para os clubes. Eu quero ver o VT de um jogo que aconteceu no domingo. Onde ele está disponível? Em nenhum lugar. Tem valor para mim, mas eu não encontro", diz, antes de continuar:
"'Ah, é a malvada da Globo que comprou todos os direitos e não exibe'. Não, não é malvada, ela ofereceu um preço que foi aceito. Mas ela disse, para eu pagar esse preço, preciso ter isso. Porque tenho que desenvolver os meus produtos para poder pagar a vocês. No meu entendimento, não posso deixar uma brecha para você transmitir simultaneamente comigo. Isso é na regra do jogo. Todo mundo concordou, ninguém reclama. Mas não é o futuro", avisa.
A empresa respalda a visão de Marcelo. No seu relatório anual, ela mostra que o futebol europeu, na sua totalidade, teve um crescimento de 16% nas receitas em 2023. Os valores chegam a 35,3 bilhões. Premier League, Budesliga, La Liga, Série A Italiana e Ligue 1, da França, somaram 19,6 bilhões desse montante. São as cinco principais ligas europeias citadas por Marcelo.
Esse valor é referente ao retorno dos torcedores nos estádios, além de novos acordos comerciais e crescimento moderado nos broadcast rights.
A ideia de Marcelo, então, é não vender integralmente os direitos de transmissão, com o atual contexto digital abrindo espaço para uma venda direta.
Os relatórios, apesar de um crescimento, apontam um teto que não se ultrapassa em receitas nesses acordos. Isso torna ainda mais rentável e sustentável um caminho mais direto e próprio por parte dos clubes.
A crise na Ligue 1, da França, citada por Marcelo, retrata essa insustentabilidade no modelo tradicional da venda dos direitos.
É que a Liga teve dificuldades para negociar contratos nacionais e internacionais nos últimos anos. A DAZN e a beIN Sports assinaram entre 2024 e 2029 com a Liga Francesa, e os valores ficaram bem abaixo do esperado. A liga é muito dependente dos acordos de transmissão.
Mas com os números de assinantes inferiores ao esperado, custos operacionais elevados e impacto na pirataria, tiveram casos de renegociação e devolução de parcelas por essas plataformas.
Para essa época, o valor é estimado em 660 milhões de euros por temporada, o que é inferior aos ciclos anteriores.
Tudo isso mostra que o caminho para a Flamengo TV, defendida por Marcelo, é viável, retendo parte dos direitos para explorar conteúdo direto aos clientes, ou seja, os torcedores.
Na Europa, se começa a perceber que não há margem para aumento, e os resultados reais de audiência podem não ser satisfatórios.
O mercado brasileiro pode ser diferente, mas os clubes, e principalmente o Flamengo, já perceberam que o mundo digital é o futuro e é um mercado a ser explorado.
A Flamengo TV pode, por exemplo, buscar ofertar replays, gols e outros conteúdos exclusivos em paralelo aos contratos com as emissoras.
Vale lembrar que o ranking atualizado do Ibope mostra o Flamengo com 64 milhões de seguidores somados em todas as redes sociais.
O segundo clube a aparecer é o Corinthians, com 41 milhões e uma diferença incrível. Ou seja, se tem um clube no Brasil que pode engajar torcedores em busca de uma causa, é o Flamengo.
A Flamengo TV pode se beneficiar dessa grande base para ajudar a mudar a dinâmica atual das negociações contratuais e a forma como se vende direitos no futebol. Presidente do clube, Bap já afirmou que deseja ter o canal oficial no YouTube transmitindo os jogos no futuro. Esse pacote, como já citado, já .