Esporte News Mundo
·17 de outubro de 2025
Coordenador do São Paulo admite alto índice de lesões em jogos e explica metodologia de avaliação

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·17 de outubro de 2025
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O departamento de Saúde e Performance do São Paulo está em alerta por causa do número de lesões durante as partidas. O tema ganhou destaque após o lateral-esquerdo Wendell deixar o campo lesionado logo nos primeiros minutos da derrota por 2 a 0 para o Grêmio, na última quinta-feira, pelo Brasileirão.
Durante o “Sport Integrity & Innovation Summit”, realizado em 10 de outubro, o coordenador Felipe Marques apresentou dados que mostram que o clube tem uma média de lesões em jogos acima da estabelecida pela Uefa, embora o índice em treinos seja significativamente mais baixo.
Felipe afirmou que a entidade europeia considera como referência 3,4 lesões por mil horas de exposição para jogadores profissionais.
“A incidência de lesões é o número de lesões a cada mil horas. A média da Uefa é 3,4 para jogador de futebol profissional. A nossa em 2025, só em treinos, deu 0,9. Em 2024 e 2023 havia sido 2,1, em 2022 havia sido 4,0 e em 2021 foi 2,3”, detalhou.
De acordo com Felipe, porém, o problema aparece quando se observam os dados referentes às partidas.
“Agora, quando se fala a média de jogos, a da Uefa é 23,8, enquanto a nossa está em 32. Está alta. Já se pegarmos a média geral, com jogos mais treinos, estamos em 3,6, enquanto a média da Uefa é 7,7. Estamos pela metade. Dá para melhorar? Podemos. A gente deve diminuir as lesões em jogos. Por isso, estamos analisando e observando”, afirmou.
Segundo o coordenador, o número absoluto de atletas lesionados não deve ser usado isoladamente para comparar equipes ou departamentos médicos.
“Usamos uma métrica da literatura mundial no futebol, que é o número de lesões dividido pela exposição. Eu posso pegar um grupo de 30 atletas e dizer que tivemos um número absoluto de cinco lesões. Mas vamos supor que esse grupo não treinou, só subiu a escada ali e machucou. Agora, se pego o mesmo grupo de 30 atletas e faço 60 sessões de treino no mês, esse grupo vai ter dez lesões. Esse número absoluto não é real, e é o que a imprensa relata. É minha crítica ao que se fala”, explicou.
O fisioterapeuta destacou que o tamanho do elenco do São Paulo, que costuma ter entre 40 e 43 jogadores, também influencia a quantidade de ocorrências.
“Se a gente pegar o número absoluto do São Paulo, talvez seja alto, já que a gente trabalha com um grupo maior, sempre com 40, 43 atletas. E como exponho mais atletas, eu tenho mais lesões. Para evitar esse tipo de viés, a gente pega o dado e divide pelo número de exposição. Isso é usado mundialmente. E comparamos os dados da Uefa, que concentra todos os clubes europeus. Temos a comparação com a literatura e com nós mesmos, olhamos mês a mês e ano a ano”, afirmou.
Ainda de acordo com Felipe, o departamento médico não deve ser responsabilizado diretamente pelas lesões, mas sim avaliado por critérios objetivos, como o tempo de recuperação e a reincidência de problemas.
“É injusto cobrar: ‘o departamento médico machuca jogador’. O departamento médico tem de ser cobrado pela sua métrica, que é tempo de afastamento. Tempo de afastamento por mil horas, quando isso começa a aumentar, eu tenho de chegar: ‘Doutor, o que está acontecendo que eles estão demorando?’. Ou pela taxa de recidiva, que é o atleta está batendo e voltando”, disse.
Para ele, a cobrança deve ser feita de forma construtiva e também estendida aos demais setores envolvidos na preparação dos atletas.
“Aí ele tem de ser cobrado, não cobrado negativamente de forma ofensiva ou ameaçadora, mas para entender o que está acontecendo. Da mesma forma o departamento de preparação e fisiologia deve ser cobrado pela incidência. Por que está machucando mais? ‘Olha, nós tivemos 30% mais lesões em treino, o que está acontecendo?’ Aí cabe num caso assim o coordenador fazer essa ingerência para saber o que está acontecendo e como os setores estão funcionando”, completou.
Com os dados em mãos, o clube pretende entender as causas do aumento de lesões em partidas e aperfeiçoar seus métodos de prevenção, buscando reduzir o impacto físico sobre os jogadores ao longo da temporada.
Durante a última Data Fifa, o São Paulo registrou cinco jogadores com problemas clínicos durante os treinos: Cédric Soares, Enzo Díaz, Juan Dinenno, Leandro e Oscar.