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·12 de setembro de 2019

Dan Petrescu foi ícone da seleção romena e se destacou no ‘Foggia dos milagres’

Imagem do artigo:Dan Petrescu foi ícone da seleção romena e se destacou no ‘Foggia dos milagres’

Dan Petrescu é um nome que soa como música para os ouvidos dos nostálgicos. Integrante da melhor geração do futebol romeno, que tinha nomes como Gheorghe Popescu e Gheorghe Hagi, o jogador foi um dos melhores laterais-direitos da década de 1990 e construiu uma grande história no futebol. Fez parte de um surpreendente time do Steaua Bucareste, que foi a duas finais europeias, se consolidou como um dos ídolos do Chelsea pré-Roman Abramovich e se transformou no sexto jogador com mais partidas seleção da Romênia. Em sua carreira vitoriosa, Petrescu também teve passagem pela Velha Bota, onde atuou por Foggia e Genoa.

Super Dan chegou ao Foggia em 1991, aos 24 anos, mas com significativa experiência. Seu currículo, já contava com três títulos romenos, duas copas locais e um vice da Copa dos Campeões: o Steaua, vitorioso contra o Barcelona, em 1986, ficou com a segunda posição, em 1989. Mesmo jovem, Petrescu foi um pilar da defesa dos stelistii na campanha concluída com derrota para o Milan e ganhou espaço na seleção. Contudo, por causa de uma lesão, Petrescu acabou ficando de fora da Copa do Mundo de 1990, disputada na Itália. Curiosamente, sua figurinha estava presente no álbum oficial da competição.


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Um ano depois do Mundial, Petrescu chegou ao Belpaese e encontrou-se com os devaneios de Zdenek Zeman, técnico que arquitetou a chamada “Zemanlândia” no Foggia. O checo conduziu os satanelli no melhor momento de sua história e protagonizou campanhas milagrosas, nas quais pode repetir o melhor desempenho do clube na Serie A: assim como na temporada 1964-65, o time rossonero obteve a nona colocação duas vezes sob a batuta do comandante.

A Zemanlândia representa uma das mais belas páginas do futebol na Bota, na qual tiveram vez um jogo rápido e ofensivo, com conceitos aplicados até hoje. A começar pelo esquema. Enquanto a moda da época era atuar com três zagueiros, o Foggia utilizava o 4-3-3, com modelos caros ao futebol moderno: transições, linhas altas e verticalidade, além de pressão alta, com Petrescu sendo fundamental. O romeno era um dos encarregados de empurrar seu time para o ataque, muitas vezes fechando pelo meio-campo ou ajudando no primeiro combate aos ímpetos ofensivos adversários.

O conceito inovador favorecia o trio formado por Giuseppe Signori, Francesco Baiano e Roberto Rambaudi: juntos, fizeram 58 gols e levaram o Foggia ao posto de segundo melhor ataque da primeira divisão, em 1991-92. O time de Zeman, por outro lado, não tinha um meio termo.

Ao mesmo tempo que se lançava com ímpeto e ousadia ao ataque, o Foggia deixava muitos buracos na defesa. Naquela temporada, sofreu 58 tentos e teve a segunda pior defesa da competição. O descompromisso defensivamente foi crucial para que a equipe rossonera, 47 anos depois de voltar à elite, não conseguisse se classificar para a Copa Uefa – na nona posição, ficou cinco pontos atrás da Roma, última qualificada. No Belpaese, Dan amadureceu bastante e usava suas excelentes habilidades para se diferenciar dos laterais que atuavam no país. O resultado disso foram os quatro gols anotados em seu primeiro ano.

O destaque do time fez com que muitos jogadores deixassem o rossonero no verão de 1992, incluindo o trio ofensivo que foi fundamental na temporada anterior. Apesar dos cofres cheios, o clube não fez extravagâncias e contratou jogadores que se destacaram na segunda divisão, como Luigi Di Biagio, e alguns destaques internacionais, como o holandês Bryan Roy e o costarriquenho Hernán Medford. Contudo, a temporada não foi tão boa e o time não foi além de garantir a permanência nas rodadas finais. Petrescu contribuiu com solidez e três gols.

A queda de rendimento do Foggia foi a senha para a saída do romeno da Apúlia. Na temporada 1993-94, Petrescu, que era considerado um dos melhores laterais em atividade no país, foi contratado pelo Genoa, que fora semifinalista da Copa Uefa dois anos antes.

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Num time defensivo, Dan teve uma participação mais discreta, embora fosse titular, e contribuiu com nova permanência na elite. Convocado para a Copa do Mundo, foi uma das referências da Romênia, que fez sua melhor campanha na história, alcançando as quartas de final. Infelizmente, Petrescu desperdiçou um dos pênaltis na decisão contra a Suécia.

Após o Mundial, o romeno trocou a Itália pela Inglaterra. Primeiro defendeu o Sheffield Wednesday e depois passou pelo Chelsea, clube em que atuou ao lado dos italianos Gianluca Vialli, Gianfranco Zola e Roberto Di Matteo, por exemplo. Nos Blues, acumulou 190 aparições e foi protagonista em campanhas vitoriosas de taças locais e da Recopa Uefa.

Petrescu ainda jogou por Bradford City e Southampton antes de voltar à Romênia, para encerrar a carreira no National Bucareste, aos 35 anos. Seu último jogo foi justamente contra um dos maiores rivais da equipe, o Dinamo Bucareste, mas acabou rendendo o vice-campeonato da copa romena para o craque.

Embora tenha vivido momentos de sucesso nos clubes, certamente Dan Petrescu é mais lembrado pelo que produziu na seleção, pela qual fez 95 jogos. O lateral foi um dos jogadores que ajudaram a impulsionar o futebol no país, após o fim da ditadura, em 1989. Pela Romênia, o jogador disputou duas Copas do Mundo e duas Eurocopas; as de 1996 e 2000. Na última delas, a Tricolorii chegou às quartas de final, fase em que foi eliminada pela Itália.

Dan foi titular na Copa de 1994, já citada, e também na de 1998. Na competição, disputada na França, ele e seus companheiros ficaram famosos por entrarem em campo com cabelos descoloridos no jogo derradeiro da fase de grupos contra a Tunísia. O elenco havia perdido uma aposta com o então técnico Anghel Iordanescu, que bancava a classificação antecipada às oitavas – o que ocorreu. A Romênia foi eliminada pela Croácia, na primeira partida do mata-mata.

Depois de se aposentar, Petrescu iniciou a carreira de treinador, na qual continuou vagando pelo mundo. O ex-lateral passou por sua nativa Romênia – onde foi campeão nacional pelo Unirea Urziceni –, Polônia, Rússia – por lá, faturou a segunda divisão com o Kuban Krasnodar –, Catar, Emirados Árabes e China. O sucesso no Cluj, na temporada 2017-18, fez com que Dan acabasse escolhido como o melhor treinador romeno do ano.

Craque com a bola nos pés, Petrescu aprendeu muito em suas andanças pelo futebol. Hoje aplica todo seu conhecimento e vem sendo reconhecido, novamente no comando do Cluj – que enfrentará a Lazio na fase de grupos da Liga Europa 2019-20. Não será surpresa alguma se em breve ele figure no alto escalão do futebol europeu.

Daniel Vasile Petrescu Nascimento: 22 de dezembro de 1967, em Bucareste, Romênia Posição: lateral-direito Clubes como jogador: Steaua Bucareste (1985-86 e 1987-91), Olt Scornicesti (1986-87), Foggia (1991-93), Genoa (1993-94), Sheffield Wednesday (1994-95), Chelsea (1995-2000), Bradford City (2000-01), Southampton (2001-02) e National Bucareste (2002-03) Títulos como jogador: Campeonato Romeno (1986, 1988 e 1989), Copa do Romênia (1987 e 1989), Recopa Uefa (1998), Supercopa Uefa (1998), Copa da Inglaterra (1997 e 2000) e Copa da Liga Inglesa (1998) Clubes como treinador: Sportul Studentesc (2003 e 2004-05), Rapid Bucareste (2003-04), Wisla Cracóvia (2005-06), Unirea Urziceni (2006-09), Kuban Krasnodar (2009-12 e 2016), Dinamo Moscou (2012-14), Al-Arabi (2014), Targu Mures (2015), Jiangsu Suning (2015-16), Al Nasr (2016-17), Cluj (2017-18 e 2019-atual) e Guizhou Hengfeng (2018-19) Títulos como treinador: Campeonato Romeno (2009, 2018 e 2019), Segunda Divisão Russa (2010), Supercopa da Romênia (2015) e Copa da China (2015) Seleção romena: 95 jogos e 12 gols

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