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·23 de outubro de 2025

É fato que a Ponte Preta nunca venceu um título?

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Campinas respira expectativa. No próximo sábado (25), às 17h, o estádio Moisés Lucarelli será palco do que pode ser um capítulo histórico: a final da Série C do Campeonato Brasileiro entre Ponte Preta e Londrina.


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O primeiro jogo, no Paraná, terminou 0 a 0. Agora, diante da própria torcida, a Macaca tem a chance de encerrar um dos maiores tabus do futebol brasileiro: o de um clube centenário que, apesar da tradição, carrega o rótulo de “nunca ter vencido um título”.

Mas é fato mesmo que a Ponte Preta nunca levantou uma taça?

Para entender o peso desse rótulo, é preciso voltar mais de um século no tempo, para a virada do século XIX. Campinas vivia o auge da expansão ferroviária, e a recém-inaugurada Estação Central integrava a Companhia Paulista de Estradas de Ferro.

Uma ponte foi construída para ligar a estação ao Cemitério da Saudade, e para resistir à fuligem das locomotivas, recebeu um revestimento de alcatrão. Ficou preta. A “Ponte Preta”. O nome atravessou os trilhos e batizou o bairro que começava a nascer ali e, alguns anos depois, um clube.

Em 1897, um grupo de jovens estudantes do Colégio Culto à Ciência limpou um terreno próximo e improvisou um campo com traves de bambu. Em 11 de agosto de 1900, nascia oficialmente a Associação Atlética Ponte Preta, o segundo clube de futebol mais antigo do Brasil, atrás apenas do Sport Club Rio Grande.

Desde o primeiro apito, a Macaca foi símbolo de pioneirismo e paixão. Não à toa, o apelido do clube virou sinônimo de resistência. Um time que não nasceu entre aristocratas ou elites, mas entre estudantes, trabalhadores e ferroviários.

A história pontepretana é marcada por passos firmes e por uma característica constante: chegar antes. Em 1970, foi a primeira equipe do interior paulista a disputar um campeonato nacional, o Torneio Roberto Gomes Pedrosa, embrião do Brasileirão moderno. No ano seguinte, estreou no próprio Campeonato Brasileiro, abrindo caminho para que outras equipes interioranas sonhassem alto.

Mas se a Ponte foi uma das primeiras a chegar, também foi uma das que mais vezes parou na porta do título.

Em 1969, venceu a Divisão de Acesso do Campeonato Paulista, o primeiro título de sua história, que garantiu o retorno à elite. A partir dali, vieram os anos de ouro e de quase.

Nos anos 1970 e 1980, a Ponte Preta montou grandes times, revelou talentos e jogou de igual para igual com os gigantes da capital. Mas o destino parecia gostar de testar sua torcida.

Em 1970, foi vice-campeã paulista, perdendo para o São Paulo. Sete anos depois, viveu um dos momentos mais marcantes da história do futebol estadual: a final de 1977 contra o Corinthians. Após três jogos e uma campanha brilhante, a Ponte viu o título escapar em um domingo quente no Morumbi. A cena do atacante Rui Rei inconsolável ainda é lembrada como símbolo de uma geração que merecia mais.

Vieram outros vice-campeonatos paulistas em 1979, 1981, 2008 e 2017 , além de uma sequência de campanhas de destaque. Em 1981, terminou o Brasileirão em terceiro lugar, a melhor colocação na elite nacional. Na virada do século, foi vice da Série B (1997) e terceira colocada na Copa do Brasil (2001). E em 2013, mais uma vez, o título escapou: vice-campeã da Copa Sul-Americana, perdendo para o Lanús, da Argentina.

A lista de “quases” virou parte do imaginário popular. A Ponte Preta passou a ser lembrada, nacionalmente, como o clube que “chega, mas não leva”. E para muitos torcedores, isso virou também motivo de orgulho. Porque, mesmo sem taças de elite, o clube sempre esteve presente, disputando, resistindo e revelando talentos.

Entre os nomes que marcaram época, estão o goleiro Carlos, o meia Dicá, considerado o maior ídolo da história pontepretana, além de Luís Fabiano e Washington, que começaram a brilhar no Moisés Lucarelli antes de ganharem o mundo.

A Ponte formou gerações. E foi delas que nasceu o lema repetido nas arquibancadas: “A Ponte não precisa ser campeã para ser grande.”

A Ponte Preta já conquistou títulos oficiais, sim, embora de menor expressão. Foi campeã da Série A2 do Campeonato Paulista em 1969 e 2023, além de ter vencido a Taça São Paulo de Futebol Júnior em 1981 e 1982, e o Paulista de Aspirantes em 1991.

Portanto, dizer que a Ponte “nunca ganhou um título” não é exatamente verdade. O que falta, e é o que faz esse sábado ter um sabor especial, é um título nacional ou da elite estadual.

Em 125 anos de história, o troféu mais cobiçado ainda não pousou nas prateleiras do Majestoso. E é exatamente por isso que a final da Série C de 2025 carrega tanto simbolismo.

O empate por 0 a 0 no jogo de ida contra o Londrina deixou tudo aberto. Agora, a decisão será no Moisés Lucarelli, estádio inaugurado em 1948 e construído pela própria torcida, uma das raras arenas brasileiras erguidas sem um centavo público.

É nesse palco que a Ponte pode, enfim, escrever o capítulo que falta em seu livro centenário.

Essa final representa muito mais do que um jogo. É a cereja do bolo de uma temporada histórica”, disse o técnico da Ponte após o primeiro duelo. “A Ponte é tradição, é paixão, e estamos aqui para transformar essa história.”

O elenco atual já garantiu o acesso à Série B, mas a torcida quer mais. Quer o título. Quer a virada da chave. Quer que o tabu vire lembrança.

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