Efeito Farioli: plantel do FC Porto valorizou 26.5 milhões de euros desde o mercado de verão | OneFootball

Os números são elucidativos. Desde o encerramento do mercado de verão, o valor do plantel do FC Porto aumentou 26,5 milhões de euros, atingindo 391,8 milhões. Este crescimento supera o registado pelos dois rivais diretos: o Benfica, com mais 23 milhões, e o Sporting, com 22,2 milhões. Na fotografia geral da Liga, os dragões consolidaram-se como o segundo plantel mais valioso, apenas atrás dos leões (456,5 milhões) e já à frente das águias (358,8 milhões). Para o clube, esta subida não é só motivo de orgulho: traduz-se em liquidez potencial e reforça o poder negocial em futuras transferências. Num contexto em que os orçamentos se decidem tanto no relvado como nas contas, este incremento constitui uma vitória discreta, mas determinante.

O caso de Froholdt ilustra bem esta dinâmica. O FC Porto comprou 100% do passe do médio jovem por 20 milhões de euros ao Copenhaga, acrescidos de 2 milhões em variáveis. O contrato vigora até 30 de junho de 2030 e integra uma cláusula de rescisão de 85 milhões. Chegou, adaptou-se e tem vindo a destacar-se: o internacional dinamarquês encaixou de imediato no modelo de Farioli e viu a sua cotação subir de 12 para 22 milhões de euros. Uma valorização de dois dígitos numa só atualização é rara e colocou-o entre as figuras da Liga. Em agosto, Froholdt foi escolhido jogador do mês, melhor médio e melhor jovem. Rapidamente tornou-se peça central na estratégia azul e branca. Não é apenas um jogador com passes certos ou recuperações; é a demonstração do que um treinador pode alcançar ao integrar o talento adequado no contexto certo. Já suscitou interesse de clubes como o Atlético de Madrid, sendo a sua valorização o exemplo perfeito do chamado Efeito Farioli.

Froholdt não está isolado nesta tendência. Alberto Costa, Prpic, Gabri Veiga, Borja Sainz e William Gomes também registaram subidas relevantes. Que seis jogadores valorizem em simultâneo não é fruto do acaso; reflecte um modelo de jogo que fomenta progresso, confiança e visibilidade internacional. Mesmo as exceções – as quedas de Eustáquio e Kiwior – parecem circunstanciais e com potencial de reversão. Basta observar as actuações recentes do central polaco para concluir que os 25 milhões actuais poderão ser apenas um patamar intermédio antes de nova apreciação.

É aqui que se destaca a figura do treinador. Francesco Farioli trouxe ao Dragão um fôlego renovado, um projecto de jogo bem definido e a ousadia de apostar em jogadores que, até há pouco, eram uma incógnita. O resultado salta à vista: nove vitórias e um empate em dez jogos, entre o campeonato e a Liga Europa, e um plantel que rende dentro do campo e ganha valor fora dele. O Efeito Farioli é duplo – competitivo e financeiro. O treinador italiano conseguiu forjar uma identidade colectiva sólida, assente em intensidade, mobilidade e coragem táctica, ao mesmo tempo que potenciou as individualidades. Cada triunfo, cada exibição convincente e cada jogador que progride no sistema traduzem-se em mais milhões no mercado.

Este fenómeno convém interpretá‑lo também sob uma perspectiva estratégica. O FC Porto é um clube que, historicamente, tem de conciliar ambição desportiva com sustentabilidade financeira. Foi assim com Mourinho, Villas‑Boas ou Sérgio Conceição: os resultados em campo abriram caminho a vendas milionárias que mantiveram a competitividade do clube. Hoje, com Farioli, a história pode repetir‑se. O facto de o plantel valer 45,9 milhões a mais do que no final da época passada reforça a posição do FC Porto no mercado internacional. Para além disso, dá margem para escolher o momento adequado para vender e encarar as próximas janelas de transferências com maior poder negocial.

Em síntese, se os adeptos já foram contagiados pela forma vibrante de jogar da equipa, os números confirmam: Farioli não está apenas a ganhar jogos; está a gerar milhões. A médio prazo, esse poderá ser o impacto mais decisivo da sua passagem pelo FC Porto. No futebol moderno, vencer dentro do campo é apenas o primeiro passo; o desafio real é converter essas vitórias em valor.