Calciopédia
·26 de novembro de 2025
Em duelo polêmico, a Inter perdeu para o Atlético de Madrid na Champions League

In partnership with
Yahoo sportsCalciopédia
·26 de novembro de 2025

Invicta na Champions League e ainda digerindo a derrota para o Milan no dérbi, a Inter viajou até a Espanha encarando o duelo com o Atlético de Madrid como chance de se reerguer e continuar no topo da competição – talvez não com 100% de aproveitamento, mas bem posicionada na fase de liga. Os madrilenhos, pressionados pela tabela, viam no confronto a possibilidade de retomada. E foi justamente com a arma que costuma pertencer aos nerazzurri – a bola aérea – que os colchoneros arrancaram a vitória por 2 a 1, já nos acréscimos. E ainda houve um gol contestado pelos italianos, que influenciou diretamente no resultado da partida.
O duelo no Metropolitano poderia ser visto como um dos grandes cruzamentos europeus – afinal, a Inter buscava a revanche pela queda nas oitavas de final da Champions League de 2023-24, com a mesma base em campo; e a torcida ainda está engasgada com a perda da Supercopa Uefa de 2010 para os colchoneros. Considerando esta edição da Liga dos Campeões, a Inter chegava invicta, com 100% de aproveitamento e apenas um gol sofrido à sequência mais complicada de sua trajetória, depois de enfrentar quatro abordáveis rivais. Já o Atleti iniciava a quinta rodada dentro da zona de playoffs e aspirava algo maior, empurrado pelo clima de decisão e pela ambição de subir na tabela.
O duelo também ganhava carga simbólica antes mesmo do apito inicial. Diego Simeone, perto de completar 14 anos à frente dos colchoneros, admitira na véspera que um dia se vê treinando a própria Inter, sua equipe do passado e com a qual mantém vínculo emocional. O discurso bonito não lhe fez esquecer as dificuldades de um elenco remendado: Oblak, Le Normand e Llorente ficaram fora por lesão. Ademais, o Atleti foi a campo com vários rostos familiares ao torcedor italiano, como Musso, Molina, Ruggeri e Hancko, além de Raspadori e González no banco.
Do outro lado, Cristian Chivu manteve o rodízio pontual que vem aplicando na Champions League, testando Akanji como zagueiro central pela primeira vez, deslocando Bisseck – que pegou o lugar de Acerbi – para o lado direito e promovendo Zielinski e Bonny nas vagas de Sucic e Thuram. Para completar o mosaico, Carlos Augusto voltou ao improviso na ala direita, evidenciando a falta de confiança em Luis Henrique, contratado no verão europeu.
Na reta inicial do jogo, um gol polêmico frustrou o ímpeto da Inter (Getty)
A bola rolou, e a Inter impôs o ritmo inicial. Logo aos 2, Dimarco obrigou Musso a fazer boa defesa em cobrança de falta, e um minuto depois apareceu novamente, lançado por Bastoni nas costas da defesa, batendo cruzado para fora. A superioridade territorial nerazzurra era evidente, mas, assim como em outras partidas, a eficácia não acompanhou o volume. Aos 8, Zielinski puxou contragolpe, Bonny tabelou com Lautaro, mas o argentino finalizou fraco, facilitando a defesa do seu compatriota.
No minuto seguinte, veio a velha sina. Após cruzamento desviado, Carlos Augusto tentou o corte, a bola subiu estranha, tocou na barriga e depois no braço de Baena antes de sobrar limpa para Alvarez, que não desperdiçou. O VAR analisou longamente a jogada, mas François Letexier validou o gol – polêmico, contestado. E, principalmente, fiel ao roteiro já conhecido pelo torcedor interista: após chances desperdiçadas, chegava o castigo imediato.
A Inter tentou responder, mantendo posse e posicionando-se no campo rival, mas o jogo esfriou por conta de faltas sucessivas, que impuseram ritmo fragmentado. Apenas aos 20 minutos veio novo lampejo: Çalhanoglu arriscou de longe e Musso mandou para escanteio. O Atlético, em vantagem, passou a controlar melhor os espaços, fechando linhas e travando progressões interiores, obrigando os italianos a circular a bola com paciência e menor profundidade.
O primeiro tempo parecia destinado a terminar sem uma nova faísca, até que, aos 43, Barella encontrou brecha e cruzou forte. Bisseck, com rara técnica e presença ofensiva, ajustou a jogada com toque de letra e serviu Dimarco, o mais perigoso nerazzurro da noite. O ala tentou colocar no ângulo, mas errou o alvo por pouco. Foi o gesto final de uma etapa em que a Inter jogou mais, mas saiu em desvantagem, enquanto o Atlético de Madrid, eficiente e pragmático, soube transformar uma ocasião solta em vantagem valiosa para o que viria depois.
A Inter retornou do intervalo com a urgência de quem sabia ter deixado pontos escorregarem por falta de precisão – inclusive no Derby della Madonnina do último domingo. O primeiro lance foi quase uma reparação imediata do roteiro anterior. Aos 46, Bastoni enxergou Barella infiltrando às costas da zaga e lançou com perfeição. O camisa 23 dominou com toque sutil, amortecendo a bola com a ponta da chuteira, e bateu com classe – o travessão, porém, lhe negou a tentativa e manteve Musso ileso. A pressão seguiu com consistência: aos 50, Lautaro costurou pela intermediária e deixou Dimarco na cara do gol, mas o ala finalizou no centro, facilitando a intervenção do goleiro argentino, que fechou o ângulo com precisão e desviou para escanteio.
Zielinski até anotou o gol do merecido empate, mas a Inter sucumbiu ao Atleti no fim (Getty)
A maré virou de vez aos 54, em momento que parecia amadurecer desde o primeiro tempo. Zielinski tabelou curto com Bonny, atacou o espaço nas costas de Molina e surgiu diante de Musso com a serenidade que faltara aos companheiros. Um toque firme, canto escolhido, empate merecido. O gol empurrou o Atlético para uma reação pontual —–aos 60, Ruggeri cruzou para Giuliano Simeone, mas o herdeiro do banco colchonero isolou em finalização apressada.
A partir daí, o jogo passou às mãos dos técnicos. Simeone, inicialmente conservador nas trocas, girou peças de setor sem alterar estrutura; mas ao perceber o controle nerazzurro, arriscou, sacando Baena e Ruggeri para lançar Griezmann e Sørloth. O plano era claro: velocidade para contra-atacar e presença física no terço final. Chivu, por sua vez, manteve a espinha dorsal e apenas renovou energia, preservando o desenho que lhe devolvera o domínio territorial.
Com as mudanças, a partida entrou em estado de tensão permanente. Aos 77, Griezmann recebeu pela esquerda, finalizou cruzado e encontrou Sommer bem posicionado. No minuto seguinte, González apareceu antes de Carlos Augusto e impediu que o brasileiro concluísse após cruzamento perigoso. Era um jogo em que a Inter rondava a virada, mas o Atlético encontrava oxigênio nas transições e começava a morder o espaço entre as linhas italianas.
Até que vieram os acréscimos – e, com eles, o golpe que uniu ironia e castigo. A Inter, que tem a bola aérea como forte, sucumbiu justamente pelo alto. Aos 93 minutos, Griezmann cobrou escanteio com curva venenosa, e Giménez saltou mais do que todos para testar firme, vencer Sommer e virar um confronto que parecia encaminhado ao empate. O Metropolitano explodiu; a invencibilidade nerazzurra desabou.
Mesmo com a derrota, a Inter permanece na zona alta da Champions League: ainda é quarta colocada, apenas três pontos atrás do Arsenal, o único com 100% de aproveitamento que restou. Na sexta rodada da competição, recebe um Liverpool em crise, ultrapassado pelo próprio Atlético de Madrid nesta jornada – respectivamente, ocupam a 13ª e 12ª posições. Os colchoneros, por sua vez, visitam o PSV Eindhoven buscando consolidar o impulso. A fase de liga se afunila e qualquer pontinho será decisivo.









































