Nosso Palestra
·13 de junho de 2021
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·13 de junho de 2021
Honestamente, eu cansei. A gente sempre vem pra cá, neste espaço, com palavras, teorias e soluções para o bom jogo, para o mau jogo, para tudo e todos. E pra morte, temos?
É chegado um momento que batemos a cara contra o muro. No mesmo dia no qual jogamos um Dérbi, dois funcionários do clube perderam a vida. Cris se foi enquanto seus parceiros de trabalho – e de vida, estavam em suas funções, de cara contra o inimigo invisível que o levou. Lutando, todos, para encher a mesa com comida e rezando para não perderem a saúde.
De manhã, um adeus. De noite, outro. E segue a vida?
Eu sou só um jornalista – e um comerciante, filho de comerciante e professora, que estamos há mais de ano, dia sim e dia também, na rua para manter o sustento em pé e fazendo de tudo que podemos para não adoecermos. E me sinto confortavelmente desconfortável em apelar por misericórdia. Não dá pra colocar tanta gente em risco. Muito menos no futebol.
Jogadores são jovens, atletas e menos suscetíveis – e ainda assim, no risco de caírem desacordados no gramado e não mudarem de plano por conta de mãos abençoadas de alguns médicos – mas o resto, quem faz o futebol acontecer, da cozinha à segurança, do motorista à faxina, do jornalista ao médico, todos estão no raio do fogo, das viagens, do imenso perigo.
Eu sei de todos os argumentos do dinheiro, mas eu estou pensando além dele. De que vale tudo isso? Do que valeu para a família do Cris, que não tem mais o Cris. Do Edson, que não tem mais o Edson. E quantos Edsons e Cristianos não estão vivendo o fim por aí. O futebol não tem jurisprudência para tanta frieza. Abel, de olhos marejados, falando sobre tática logo após lamentar a partida de um colega.
É tudo frio demais pro meu gosto, sinceramente. Não consigo normalizar.
Baby, vá na paz, companheiro, mande abraços ao Edson. E que Deus receba vocês em bom lugar. E que, aqui, a gente perceba que não vale a pena seguir tudo como está. Só me resta uma oração pela família de vocês para que tenha forças.
Eu não sei qual a solução, mas eu sei que como está, não pode ser. Fica aqui meu humilde apelo.