Ex-Bota, Hugo comenta reencontro com Luís Castro no futebol árabe e projeta novo capítulo na carreira | OneFootball

Precoce. Não só em sua carreira, como em sua vida. Pai aos 16 anos de idade, Hugo Neto já foi ovacionado pela torcida do Botafogo e é campeão da Libertadores pela equipe de General Severiano, mas trocou o Nilton Santos pela aventura no futebol do "mundo árabe" e busca a sorte longe do Brasil.

Formado nas categorias de base do Botafogo, o lateral esquerdo de 23 anos está de casa nova no futebol. Depois de curto empréstimo no Vitória, o defensor resolveu se aventurar no rico futebol dos Emirados Árabes Unidos, para reencontrar um velho conhecido, o treinador Luís Castro.

"Trabalhar com alguém que você já conheça ajuda bastante, eu já entendo a filosofia de trabalho do Luís Castro, e ele já conhece meu futebol e entende como é, um cara que gostei muito de trabalhar, tem uma comissão fera que sabe gerir bem seus atletas, então entendi que era uma boa aceitar a proposta, e partir nessa missão para os Emirados", disse o jogador em entrevista ao oGol.

No Al Wasl, sua nova equipe, Hugo será treinado pelo português novamente. O treinador e o defensor estiveram juntos na campanha do Brasileirão de 2023, que, depois de várias rodadas do Botafogo na liderança, terminou sem título e com grande decepção para o clube alvinegro, mas que seria seguida de um ano mágico.

"Um ano que era para ser fantástico, onde todo mundo estava em festa, acabou daquele forma, que até hoje ninguém consegue explicar. Perdemos a direção do campeonato e não soubemos voltar para ele, as coisas passaram a dar tudo errado e no fim acabou como acabou. Mas há males que vem para o bem, nos fortificou mentalmente para o ano seguinte, para conquistar os títulos mais desejados no Brasil: o Campeonato Brasileiro e a Libertadores", pontuou.

O Al Wasl pagou 1 milhão de dólares (cerca de 5,5 milhões de reais) para contratar o lateral em definitivo do Botafogo, que manteve 50% das ações do jogador. Porém, apesar do vínculo com o Glorioso, Hugo já não defendia mais o alvinegro da equipe carioca.

Depois de seis anos dedicados ao clube de General Severiano, o defensor de 23 anos foi emprestado ao Vitória para a temporada de 2025 a pedido de Thiago Carpini. O mesmo treinador que pediu sua contratação, porém, não lhe deu os minutos que esperava: foram 14 jogos disputados de 40 possíveis com a camisa do Leão.

"Cheguei ao clube com perspectiva de atuar mais, mantinha uma boa relação com o treinador, mas infelizmente o futebol não o agradou. Não sou de dar desculpas, entendi que ali não iria haver espaço para mim e a diretoria do Vitória também", disse Hugo.

Motivação em casa para salto no Rio

A maior motivação para Hugo chegar longe da carreira vem de casa. Foi enquanto defendia o Auto Esporte, entre 2016 e 2017, que o paraibano conheceu sua maior inspiração para seguir em busca do sonho de ser um jogador de futebol, o Heitor Victor.

"Filhos são nossas maiores motivações para continuar buscando o melhor. A responsabilidade desde jovem já aumenta, e tem que ter uma boa mentalidade para suportar a distância da família e não desistir no meio do caminho", disse Hugo.

Foi quando Heitor estava perto de comemorar seu segundo aniversário que o Botafogo surgiu na vida de seu pai. Naquela altura, Hugo já tinha passado um curto período nas categorias de base do Corinthians, mas ainda não havia chegado à sua verdadeira casa: o estádio Nilton Santos.

Passados dois anos nas categorias de base da equipe alvinegra, Hugo começa a ter chances na equipe de cima do Glorioso, em 2021, principalmente na Série B. Um ano mais tarde, o Botafogo passa por uma transformação radical: a chegada de John Textor e, com ela, a modernização das estruturas e o investimento massivo.

"Tudo mudou desde a chegada do John Textor, ele passou a mexer em várias coisas que precisavam ser mudadas. Foi aprimorando cada setor do clube, inovando algumas coisas e trazendo o clube para um mundo mais moderno, levando a base a competições internacionais e dando mais visibilidade aos mais jovens", completou Hugo.

O lateral, porém, viveu uma montanha-russa enquanto vestia preto e branco no Rio de Janeiro. Hugo passou por momentos de glória, como quando foi ovacionado pela torcida em partidas do Brasileirão de 2023, tal qual o duelo contra o Fortaleza, mas também perdeu espaço na equipe, que o levou a escolher o Vitória como próximo passo na carreira, naquela altura.

"Acho que 2024 vinha sendo o meu ponto mais alto no clube, já havia começado bem a temporada, participando de gols, tendo muitos minutos e ajudando a equipe na Pré-Libertadores e na própria Libertadores, onde, mesmo ficando de fora no final, fui o lateral que mais atuou na competição pelo Botafogo. Em algum momento entendi que precisava sair e ir para um lugar onde pudesse ter espaço para mim", continuou dizendo.

Dos tempos de General Severiano, guarda memórias de Marçal, que chegou com pompa do futebol inglês em 2022 e assumiu a titularidade na lateral esquerda, mas perdeu algumas partidas por lesão e abriu espaço para que Hugo pudesse brilhar, quando Sophia Gonçalves, sua segunda filha, já tinha chegado em sua vida.

Mas a importância de Marçal na carreira do lateral é muito maior do que abrir essa vaga. O defensor de 36 anos foi praticamente um mentor para Hugo e, além disso, mais um combustível para que o jogador natural de João Pessoa continuasse firme em busca de seus sonhos.

"Marçal é um ser humano fantástico, sempre me ajudou com coisas ao alcance dele, buscava sempre a melhora para todo o grupo. Me ajudou a melhorar como atleta, um cara que viveu o que viveu e que continua a treinar em alto nível sem reclamar, sempre fazendo o melhor nos trabalhos. Ver ele a essa altura fazendo isso me motivou a ser melhor cada dia e trabalhar mais e mais", concluiu Hugo.

Ainda jovem, aos 23 anos, Hugo sai dos holofotes do futebol brasileiro e põe um ponto e vírgula em sua história por aqui. O foco fica nos Emirados Árabes Unidos, em um novo capítulo em sua história.