MundoBola Flamengo
·28 de outubro de 2025
Fortaleza adota estratégia para 'driblar' regulamento e cobrar mais caro da torcida do Flamengo

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·28 de outubro de 2025

O Flamengo tem sido alvo de uma manobra recorrente de Fortaleza para driblar o regulamento da CBF e cobrar valores muito mais altos de seus torcedores visitantes. Há pelo menos quatro temporadas, o clube cearense usa o mesmo expediente para criar uma “equivalência” artificial de preços e justificar cobranças elevadas aos rubro-negros que vão ao Castelão.
Pelo regulamento geral de competições da CBF, os valores cobrados dos visitantes devem ser equivalentes aos da torcida mandante que estiver em setor similar. O artigo 127 do documento é explícito.
“Os preços dos ingressos para a torcida visitante deverão ter necessariamente, nos respectivos setores do estádio ou equivalente, os mesmos valores dos ingressos cobrados para a torcida local”, diz o documento.
Para conseguir lucrar o máximo com a presença de rubro-negros no Castleão, o Fortaleza aplicou uma estratégia no duelo contra o Flamengo do último sábado (25). O clube definiu o preço de R$ 250,00 para o setor Superior Norte, reservado à torcida rubro-negra, e igualou o valor no setor Superior Sul.
Mas o artifício é usado apenas para criar a equivalência exigida pela CBF. Afinal, foram apenas 34 torcedores que compraram ingressos de inteira ou meia nesse setor, número simbólico que expõe o caráter artificial da “simetria”. As outras entradas foram adquiridas por sócios.
Nos setores mais próximos do campo, os valores caem drasticamente: Superior Central (R$ 90), Inferior Central (R$ 150), Inferior Norte (R$ 60) e Inferior Sul (R$ 60). Ou seja, quem tem melhor visão de jogo paga muito menos que o visitante. Na prática, o torcedor adversário paga quase o mesmo que uma cadeira Premium, avaliada em R$ 300,00.
O modelo não viola o texto do regulamento, mas distorce o propósito. O clube cumpre formalmente a regra ao equiparar preços entre setores equivalentes, ainda que esses espaços não representem a realidade do estádio. É uma manobra para preservar a legalidade e ainda cobrar mais caro de rubro-negros.
O Fortaleza repete o mesmo modelo há pelo menos quatro temporadas. Em 2024 e 2023, o clube criou um setor espelho para justificar o preço de R$ 250,00 para os visitantes, enquanto manteve arquibancadas centrais e inferiores, mais próximas do campo, com valores bem menores. Nos borderôs, a presença de torcedores locais nesses setores caros é mínima.
Os registros de 2022 e 2021 mostram que a estrutura já era a mesma. Os valores variaram conforme a competição e a categoria de ingresso, mas a lógica se manteve. O setor designado ao visitante tinha preço equiparado a uma área pouco procurada, enquanto os espaços mais valorizados do estádio custavam menos.

Contraste entre o setor do Flamengo cheio e pouca torcida do Fortaleza no setor abaixo do Castelão Foto: Divulgação/ Flamengo
Entre os borderôs analisados, a maioria dos mandantes manteve coerência entre preços e localização dos visitantes. Bahia, Corinthians, Palmeiras, Grêmio, Cruzeiro, Vasco, Juventude, Santos e Red Bull Bragantino praticaram valores proporcionais, sem inversões de lógica.
O caso do Botafogo é o mais próximo, mas ainda sem grande alteração: o valor do visitante é igual aos principais setores populares, enquanto os assentos mais procurados são ligeiramente mais baratos.
A comparação reforça que o fenômeno não é nacional. Muitos clubes aumentam o ticket médio quando enfrentam o Flamengo, mas respeitam o princípio de equivalência previsto no RGC. O Fortaleza, por outro lado, transforma o regulamento em ferramenta.









































