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·23 de novembro de 2025

Gonçalo Batalha: capitão em todos os escalões leoninos cumpriu um sonho em Alvalade

Imagem do artigo:Gonçalo Batalha: capitão em todos os escalões leoninos cumpriu um sonho em Alvalade

Sporting e Marinhense cruzaram-se na 4ª eliminatória da Taça de Portugal, num jogo que terminou com uma vitória segura para os leões. Campeões nacionais de um lado e um emblema que milita no Campeonatode Portugal do outro. Uma luta entre David e Golias que, desta vez, foi ganha pelo gigante (3-0).

Foi uma grande oportunidade para os jogadores do Marinhense, que pisaram a casa do bicampeão nacional. Uns mais jovens, outros mais experientes, mas houve um atleta da turma da Marinha Grande que teve, certamente, uma noite mais especial do que a dos seus colegas. Esse futebolista é Gonçalo Batalha, caro leitor. Um médio que tem uma ligação muito forte com o clube de Alvalade e que cumpriu um dos sonhos da sua vida no jogo deste sábado.


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«Leão da formação... O eterno capitão»

Gonçalo Batalha, natural da Marinha Grande, foi formado no Sporting, onde passou 13 anos - dos 7 aos 20 - e viveu grande parte da sua adolescência na Academia de Alcochete. Capitão em todos os escalões de formação, cresceu ao lado de talentos como Nuno Mendes, Gonçalo Inácio, Tiago Tomás e Eduardo Quaresma, e assume ser um grande sportinguista, tendo até uma gamebox própria (lugar anual no Estádio José Alvalade).

Apesar da longa ligação ao clube de Alvalade e das 29 internacionalizações jovens por Portugal, o grande sonho de se estrear na equipa principal leonina no relvado da casa leonina ficou por cumprir. Chegou aos sub-23 do Sporting e, depois de duas épocas completas na equipa que atua na Liga Revelação, tomou a decisão de mudar de ares e quebrar a ligação ao clube do coração a meio de 2022.

Assinou pela UD Leiria, contribuindo para a subida à II Liga sob a batuta de Vasco Botelho da Costa. Passou ainda pelo Peniche, clube que militava no Campeonato de Portugal, e pelo Amora FC, outro emblema da Liga 3, que desceu de divisão enquanto o atleta lá estava. Apesar disso, não abandonou o clube da margem sul e ajudou o emblema a regressar à Liga 3.

Este verão, o médio decidiu regressar ao clube da sua terra natal, o Marinhense, onde havia vestido a camisola pela primeira vez com apenas quatro anos. O regresso a casa não tem sido fácil. O emblema ocupa o 12º posto da Série C do Campeonato de Portugal, lugar de despromoção. Além disso, os atletas vinham enfrentando um desafio duro, que ninguém conhecia, mas que acabou por ser exposto.

Rui Sacramento era o homem do leme da equipa da Marinha Grande, até que uma polémica rebentou na última semana. O plantel apresentou uma queixa ao Sindicato dos Jogadores acusando o técnico de abuso psicológico. Recorde-se que o português teve uma carreira de jogador, mais precisamente como guarda-redes, tendo chegado a jogar na I Liga. A direção do clube instaurou um processo e suspendeu o treinador das suas funções.

Apesar dos tempos conturbados, Gonçalo Batalha tinha finalmente motivos para sorrir. Depois de eliminar o Anadia FC nas grandes penalidades, num jogo a contar para a 3ª eliminatória da Taça de Portugal 2025, o Marinhense ia deslocar-se a Alvalade na ronda seguinte. O sonho, mesmo que não da forma idealizada, ia ser cumprido. O médio ia jogar no relvado do Estádio José Alvalade.

«Caíram-me lágrimas...»

O dia do reencontro estava marcado: 22 de novembro de 2025, uma data que ficará gravada na memória de Gonçalo Batalha para sempre.

A ficha de jogo foi divulgada e o médio constava no onze titular da formação visitante. Essa mesma ficha tinha uma informação que se veio a revelar errada: João Vieira, experiente jogador de 33 anos, aparecia indicado como capitão da equipa, mas não foi ele quem levou a braçadeira no braço.

As equipas subiram ao relvado e era Gonçalo Batalha quem seguia à frente da fila de jogadores do atlético. Depois dos habituais cumprimentos antes do início da partida, o antigo capitão dos leões juntou-se ao árbitro e a Matheus Reis para o momento da moeda ao ar. O apito inicial soou e a braçadeira continuou no braço do médio. Não era um sonho - era tudo realidade, e ainda estavam por vir mais surpresas.

Renato Sousa, treinador interino do Marinhense, foi questionado sobre a decisão relativa à braçadeira e foi transparente: «A braçadeira foi um ato fantástico do nosso João Vieira, que tem muita experiência no futebol, e acho que foi um gesto muito bonito da parte dele. O João veio falar connosco e pediu para a braçadeira ser dada ao Gonçalo. Também aproveito agora para agradecer ao João esse gesto.»

Nos descontos da primeira parte, um grupo de adeptos do Sporting levantou tarjas - acompanhadas de pirotecnia - com uma mensagem dirigida ao jogador do Marinhense: «Leão da formação... O eterno capitão... Gonçalo Batalha». O atleta estava certamente concentrado no jogo e pode até nem ter tido perceção do momento, mas os adeptos leoninos não o esqueceram.

A confirmação de que a passagem do jogador marcou a memória dos sportinguistas surgiu no minuto 69. Gonçalo Batalha foi substituído e, entre o processo de saída do campo e a passagem da braçadeira, foi fortemente ovacionado pelos adeptos da casa - e também pelos visitantes, que marcaram presença em força em Alvalade. O jogador retribuiu o gesto e aplaudiu de volta.

Mais tarde, na flash interview aos microfones da Sport TV, Gonçalo Batalha revelou: «Caíram-me umas lágrimas quando fui substituído e aplaudido. É bom saber que ainda se recordam de mim. É espetacular.»

«Dormi muito pouco, com esta emoção e vontade de vir aqui. Toda a equipa está de parabéns. Fizemos um excelente trabalho, mostrámos a união do nosso grupo e aquilo por que lutámos nestes últimos dias. Estou muito contente», acrescentou.

O técnico interino do Marinhense destacou a prestação do atleta na conferência de imprensa: «Se nós tivemos o resultado de hoje, muito se deve ao Gonçalo Batalha. Por tudo aquilo que ele fez por nós enquanto equipa técnica, desde o primeiro minuto ele ajudou-nos bastante.»

O cumprir de um sonho de uma vida - com grande estilo, diga-se de passagem. Gonçalo Batalha disputou, finalmente, um jogo no Estádio José Alvalade. A derrota e consequente eliminação do Marinhense mancham ligeiramente a recordação, mas nunca serão suficientes para apagar o feito e a emoção vivida. Sem a Taça de Portugal, a prova mais mágica do panorama nacional, nada disto seria possível. Houve Festa da Taça!

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