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·10 de setembro de 2025
Guilherme Dalla Déa, da Seleção Sub-15: “Na base, o técnico tem também o papel de educador”

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·10 de setembro de 2025
Com um currículo recheado de títulos, Guilherme Dalla Déa, técnico da Seleção Brasileira Masculina Sub-15, é referência para muitos jovens jogadores, ainda em categorias de base, e também para profissionais que com ele já trabalharam. Contratado pela CBF em junho, foi campeão da Copa 2 de Julho e agora direciona suas atividades para a disputa da Conmebol Liga Evolução, de 26 de setembro a 6 de outubro, no Paraguai.
Antes, a Seleção Sub-15 vai passar por uma etapa de treinos em Tocantins, que começa nesta quinta (11) e se estende até o dia 22.
Nesta entrevista ao site da CBF, Dalla Déa, campeão mundial como técnico da Seleção Brasileira Sub-17, em 2019, destaca aspectos de sua nova passagem pela CBF e trata do seu papel, e de sua comissão técnica, no processo de formação de atletas. Antes de dirigir a Sub-17, ele treinou a Sub-15, de 2025 a 2018.
Confira por tópicos o que disse o treinador.
Integração das Seleções – “Estamos desenvolvendo um trabalho bem alinhado, que abrange a Seleção Principal, com Carlo Ancelotti, a Sub-20, com Ramon Menezes, a Sub-17, com Dudu Patetuci, e a Sub-15. Há uma linha coerente, de critérios bem definidos com a experiência de outros profissionais de gabarito, como Rodrigo Caetano, Branco, Cícero Souza. Temos uma equipe muito competente no Departamento de Seleções.”
A Seleção Sub-15 – “Somos a porta de entrada para esses jovens que chegam à Seleção Brasileira. É o início da trajetória da quase totalidade deles. A gente tem que ter cuidado, pois é uma longa estrada que ainda vão percorrer. O mais importante é que eles se identifiquem com a Seleção, que se orgulhem de vestir o manto amarelo e de representar o símbolo máximo do futebol mundial que é a Seleção Brasileira.” Essa porta de entrada da Sub-15 tem um viés diferente da Sub-17 e da Sub-20, que é entender o que é a Seleção Brasileira, entender a cultura do futebol brasileiro que muitos deles não viveram, que não vivenciaram a experiência de ver o Brasil ganhar uma Copa do Mundo.
Peso da camisa amarela – “Esses jogadores precisam saber que a Seleção Brasileira não é normal. Que, muitas vezes, foge à normalidade. Está bem acima disso. A gente tem uma particularidade muito grande aqui na Sub-15, que é mostrar que eles precisam competir, com muito respeito, sendo aguerridos contra nossos adversários. Que têm de se impor, é isso que o torcedor brasileiro quer, imposição de jogo, jogadores ousados, valentes, mas sempre com muito equilíbrio. Esse é o espírito desta camisa.”
Comissão técnica da Seleção Sub-15 comandada por Guilherme Dalla Déa, observa jogo-treino na Granja ComaryCréditos: Fabrício Felix / Vasco
Papel de educador – A gente tem que ter muito cuidado, muito critério com esses jovens que iniciam sua trajetória vindo para a Seleção Brasileira. Quando estou à frente deles tenho sempre a voz do treinador e também a do educador. Cobro, explico por que estou cobrando e gosto quando eles me contrapõem pra me dizer o porquê disso ser assim, desse modo e não de outro, coisa e tal. Com isso, a gente vai conquistando essa nova juventude. Muito importante também a relação deles, nesse ambiente de Seleção, com os funcionários que cuidam da Granja Comary e que sempre deixam tudo muito bem organizado. Importante que eles saibam se expressar, que saibam se comunicar e agradecer as pessoas que cuidam deles, da alimentação, do quarto, da rouparia. Isso faz parte da formação de um grande atleta. Faz com que se tornem pessoas melhores. Eles são de várias escolas do Brasil. Temos atletas do Norte, do Sul, do Sudeste, então eles têm que entender que cada um tem uma cultura e que é preciso respeitar todos para que o convício seja muito bom. Em todas as conquistas que vi na Seleção, havia uma harmonia muito grande, uma sinergia muito forte na relação da comissão técnica com os atletas.
Garimpo de joias da base – A gente tem que estar observando esses atletas diariamente nos seus clubes para ver o potencial de cada um e o que podem trazer para a Seleção Brasileira e representar o nosso país, a fim de projetar a chegada deles no nosso profissional. É uma longa estrada a ser percorrida. Hoje, nós temos um calendário que já inicia no Sub-14; essa geração já foi observada no ano passado. Estamos sempre em busca de informações, atentos às competições, que são muitas, espalhadas pelo Brasil, como os Estaduais, Copas e diversos torneios.
Atual geração - É uma geração que vem mais bem preparada mentalmente. Como eu disse, é uma geração que questiona, com muito respeito, e se você não souber o que está dizendo da parte tática e física, eles dizem que você não entende. Isso é muito interessante, a gente vê o desenvolvimento dos clubes com os treinadores que trabalham com esses jovens; um trabalho muito bom também nesse aspecto psicológico. É uma geração das redes sociais, que tem seu jeito próprio de se expressar. São jogadores de alto nível cognitivo. Tudo mudou e a gente tem que se adaptar à nova realidade. É uma geração diferenciada.