Inter se viu obrigado a recuar, tá evitando STJD e tem carta na manga por posição da CBF | OneFootball

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JB Filho Repórter

·28 de novembro de 2025

Inter se viu obrigado a recuar, tá evitando STJD e tem carta na manga por posição da CBF

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  • O Internacional aguarda os próximos passos na tentativa de ver reconhecido o título do Campeonato Brasileiro de 2005, e a discussão voltou à tona após declarações do ex-presidente Fernando Carvalho em um evento promovido pela CBF. Carvalho participou das palestras — no mesmo encontro em que o presidente Alessandro Barcellos estava previsto para falar sobre “reconstrução de clube”, mas acabou recuando após a repercussão negativa — e conversou com jornalistas sobre o andamento do processo. Segundo ele, neste momento tudo está travado. A direção colorada considera que a atual situação do time, lutando contra o rebaixamento no Brasileirão, torna inviável avançar em conversas com a CBF ou fomentar o tema publicamente. A retomada do assunto deverá ocorrer somente após a definição da vida do Inter em campo, o que deve acontecer após as últimas três rodadas do campeonato, já na metade de dezembro.
  • Embora o caso não tenha avançado nos últimos meses, Carvalho admitiu que existe uma diferença clara de entendimento entre Inter e CBF sobre como a discussão deve ser conduzida. Recentemente, o presidente da CBF, Samir Xaud, declarou em entrevista ao Duda Garbi que o reconhecimento não seria fruto de uma decisão administrativa imediata — um “canetaço” — e que o caminho natural seria o Inter procurar o STJD para tentar validar o pedido. A lógica da entidade é: há um tribunal esportivo para tratar de decisões dessa natureza, e esse seria o órgão responsável por qualquer revisão. No Beira-Rio, porém, o pensamento é o oposto. O Inter entende que o reconhecimento precisa ser dado pela própria CBF, como ocorreu em casos anteriores. E há um motivo claro para evitar o STJD: a decisão mais importante do caso, ainda em 2005, saiu de lá. O tribunal, naquela época, decidiu anular 11 partidas após os depoimentos do árbitro Edilson Pereira de Carvalho, envolvido no esquema de manipulação de resultados. Como foi o próprio STJD que tomou a decisão que afetou diretamente a disputa do título, a direção colorada acredita que não existe ambiente para o mesmo órgão revisitar e “desfazer” sua própria conclusão tantos anos depois.
  • Um dos pilares do Inter é justamente o estudo contratado pelo clube mostrando que nem todos os 11 jogos deveriam ter sido anulados. O árbitro Edilson, em diferentes momentos, apresentou versões divergentes: em depoimento à Polícia Federal e em entrevistas na época, afirmou ter vendido seis jogos, apitado onze e nem sempre conseguido manipular as partidas. Há gravações telefônicas e registros que embasam a acusação, mas a confusão de versões pesou para o STJD decidir anular todas as partidas envolvidas. O clube entende que, por essa contradição e pelo impacto direto na tabela, haveria motivo para uma revisão administrativa. Mas no tribunal esportivo, ainda que hoje os personagens sejam outros, dificilmente haveria disposição para contrariar uma decisão histórica e rever um julgamento que marcou aquele Brasileirão.
  • A aposta colorada dentro da CBF está em outro ponto: o argumento de que a entidade já reconheceu títulos nacionais muitos anos depois dos fatos, inclusive dividindo conquistas. O Atlético-MG ganhou o reconhecimento do título de 1937; Santos e Bahia também tiveram campeonatos homologados retroativamente. Em 1968, por exemplo, tanto Santos quanto Botafogo foram declarados campeões em um cenário envolvendo Taça Brasil, Robertão e a unificação organizada pela própria confederação décadas mais tarde. A partir disso, o Inter sustenta que não quer tirar o título do Corinthians, mas sim ter o reconhecimento de que também é campeão de 2005, utilizando precedentes oficiais como base. Segundo Carvalho, se a CBF já considerou situações históricas semelhantes, também poderia reconhecer o que o clube considera uma injustiça daquele campeonato.
  • Apesar desse entendimento, o momento político e esportivo trava qualquer avanço. A prioridade do Inter é escapar do rebaixamento antes de retomar a discussão com a CBF. Há também uma preocupação em esclarecer para os torcedores mais jovens que o famoso pênalti não marcado no Tinga não faz parte do caso da manipulação: aquele lance envolveu Márcio Rezende de Freitas, árbitro sem ligação com o escândalo. O foco do processo é, e sempre foi, Edilson Pereira de Carvalho — o único envolvido comprovadamente na manipulação, com gravações e confissões que embasam o pedido colorado.
  • Com o Brasileirão prestes a terminar e o clube esperando uma definição dentro de campo, o processo segue totalmente parado. A direção entende que há precedentes para uma decisão administrativa da CBF, enquanto a confederação indica o STJD como destino natural da disputa. A divergência segue sem solução, mas o Inter pretende retomar o assunto ainda em dezembro, quando a situação esportiva estiver definida e o assunto puder voltar a circular tanto internamente quanto na própria confederação.
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