Jardim desabafa após empate e diz repensar permanência no Brasil: “Não somos nós que controlamos os jogos”

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·27 de outubro de 2025

Jardim desabafa após empate e diz repensar permanência no Brasil: “Não somos nós que controlamos os jogos”

O técnico Leonardo Jardim fez um forte desabafo após o empate por 0 a 0 entre Cruzeiro e Palmeiras, neste domingo (26), no Allianz Parque, pela 30ª rodada do Campeonato Brasileiro. O treinador português afirmou estar repensando sua permanência no futebol brasileiro, especialmente após os seguidos erros de arbitragem que, segundo ele, têm interferido diretamente nos resultados.

Durante a partida, um dos lances mais polêmicos ocorreu ainda no primeiro tempo, quando Gustavo Gómez, zagueiro do Palmeiras, acertou Wanderson e teve a expulsão recomendada pelo VAR — mas o árbitro Rafael Klein optou por manter apenas o cartão amarelo. O episódio gerou indignação entre os cruzeirenses e foi o estopim para a forte crítica de Jardim na coletiva pós-jogo.

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“Quando eu cheguei aqui, duas ou três pessoas disseram: ‘Bem-vindo ao Brasil’. Estou muito frustrado. Eu, como treinador, só consigo interferir em algumas coisas, como preparar os jogadores, trabalhar, treinar”, iniciou o português.

O comandante, visivelmente aborrecido, disse questionar se ainda vale a pena permanecer no país, apesar da satisfação que tem sentido com o grupo e com os torcedores do Cruzeiro.

“A alegria que eu tenho tido no Brasil com os torcedores, com o grupo fantástico que tenho no Cruzeiro, com toda essa gente… estou frustrado se vale a pena continuar no Brasil, quando, na realidade, não somos nós que controlamos os jogos.”

Jardim também citou a falta de critério da arbitragem durante a partida, comparando lances semelhantes que receberam punições distintas em outras ocasiões.

“Com relação ao jogo, foram muitas coisas que aconteceram e não vale a pena relatar. Desde o Kaiki com o lábio todo inchado e o jogo não para. Qualquer lance no primeiro tempo com um jogador adversário no chão, o árbitro parava. O Fabrício (Bruno) não fez falta nenhuma, quem faz é o adversário e tem expulsão… é a dualidade de critérios. O mesmo árbitro expulsou o Rincon, em Santos x Sport, por uma situação idêntica. Dizem ‘bem-vindo ao Brasil’, mas não quero isso pra mim, porque gosto de controlar o jogo, quero que os jogadores sejam os responsáveis dentro de campo.”

Em um dos momentos mais duros da entrevista, o treinador fez críticas à estrutura do futebol brasileiro, apontando a falta de profissionalismo na arbitragem, problemas nos gramados e a ausência de um sindicato forte de jogadores.

“Hoje estava com o Gabriel (Barbosa) e ele me perguntou se o Brasil estava no meu top 5 de ligas, e eu disse que não. Enquanto um grupo de profissionais for gerido ou arbitrado dentro de campo por amadores, enquanto não houver uma padronização dos gramados, enquanto não tiver um sindicato forte dos jogadores para defender um melhor calendário, não vamos entrar no top 5.”

Por fim, Jardim agradeceu e deixou no ar sua continuidade no comando do Cruzeiro:

“Temos talento, emoção, os fãs mais espetaculares com quem já trabalhei, mas sinceramente, não sei se tudo isso vale a pena. Acho melhor acabar por aqui. Obrigado, pessoal.”

Com o resultado, a equipe permaneceu na 3ª colocação, agora com 57 pontos, a quatro do Flamengo e cinco do líder Palmeiras, ambos com um jogo a menos. Na sequência da competição, o Cruzeiro volta a campo no próximo sábado (1º), às 16h, no Mineirão, diante do Vitória, pela 31ª rodada.