Hugogil.pt
·04 de setembro de 2025
João Gabriel questiona incoerência sobre voto dos sócios

In partnership with
Yahoo sportsHugogil.pt
·04 de setembro de 2025
Texto da autoria de João Gabriel
Transparência, estatutos e democracia!
Tenho lido, ouvido e assistido a muitas discussões sobre o voto eletrónico nas eleições do próximo dia 25 de outubro. Há quem levante dúvidas sobre a transparência do processo, muito embora haja países e instituições que já o adotaram, em escala e moldes diferenciados, nos seus processos eleitorais. Os bastonários e órgãos directivos da Ordem dos Advogados e dos Médicos são eleitos por voto electrónico! Nem sequer vou entrar por aí.
Os que estão contra acenam de imediato com a barreira intransponível dos novos estatutos, esgrimindo que os mesmos foram aprovados por 91% de 8.241 sócios que participaram da AG. Estes números estão corretos. Mas são precisamente estes números que colocam em causa a qualidade da democracia que temos no clube!
Por algumas linhas apenas vou-me desviar do que me trouxe aqui: Os novos estatutos são uma obra acéfala que vai trazer uma ingovernabilidade permanente e vão balcanizar o SL Benfica. A estabilidade é algo fundamental na construção de um projeto de sucesso em qualquer clube. Algo que vamos perder! É a democracia a funcionar, dirão! Mas será mesmo assim?
Temos 186 mil sócios com capacidade eleitoral, votaram favoravelmente os novos estatutos cerca de 7.499 sócios, ou seja, esta alteração estatutária foi decidida por cerca de 4,03% dos sócios. 96%, por impossibilidade física, por não poderem viajar até Lisboa para participar e votar, ficaram de fora de uma decisão que vai marcar, pelo menos, a próxima década do Clube.
Em 2021, Rui Costa foi eleito com 84% dos votos de 40.085 sócios, na votação mais participada de sempre, mas mesmo assim apenas 21,55% dos associados que podiam votar.
Muitos candidatos têm sublinhado, nas suas intervenções e propostas, a centralidade dos sócios na vida do clube, destacando a necessidade de valorizar o seu papel, de dar-lhes relevância. Contudo, há aqui uma contradição gritante: como podem defender o papel dos sócios enquanto, ao mesmo tempo, lhes restringem o acesso às urnas no ato eleitoral que se avizinha? Se duvidam do voto eletrónico, tem de se encontrar uma outra fórmula que permita a todos os sócios com capacidade eleitoral poderem votar por correspondência, tal como se faz nas eleições legislativas! Nestas eleições e em todas as AG’s relevantes com impacto no futuro do Clube!
Um Clube que consegue gastar 20, 25 ou 30 milhões em contratações de jogadores tem de ter dinheiro para investir no seu principal ativo: os sócios. Dia 25 de outubro e depois disso, na segunda volta, se houver, tem de haver as mesas eleitorais físicas que forem necessárias em Portugal Continental e Ilhas e o voto por correspondência para todos os sócios que residam no estrangeiro. É o mínimo que todas as listas devem defender, se é que verdadeiramente estão preocupados com os sócios!