Território MLS
·15 de outubro de 2025
João Klauss: o brasileiro que virou a alma do St. Louis City

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·15 de outubro de 2025
Em entrevista exclusiva ao Território MLS, o atacante fala sobre a trajetória que o levou da base do Grêmio à Major League Soccer, o privilégio de fundar um clube do zero e sua conexão crescente com a comunidade de Saint Louis.
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João Klauss carrega no sotaque e na postura o que define um journeyman — aquele jogador moldado pela estrada. Natural de Criciúma e formado nas categorias de base do Grêmio, o atacante viveu de tudo antes de desembarcar nos Estados Unidos: passou por Alemanha, Finlândia, Áustria e Bélgica, acumulando estilos, idiomas e cicatrizes.
“Cada país tem uma cultura, uma maneira de trabalhar. No início é difícil, especialmente quando você não fala a língua, mas isso te fortalece. Hoje vejo o quanto essa experiência me fez crescer como pessoa e profissional”, conta.
A travessia europeia deu a Klauss o olhar de quem entende o futebol como linguagem universal — algo que viria a calhar quando recebeu o telefonema que mudaria sua carreira.
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O ano era 2022. Do outro lado da linha, Lutz Pfannenstiel, diretor esportivo do recém-criado St. Louis City SC e velho conhecido dos tempos de Hoffenheim. A proposta: liderar um projeto do zero em uma liga em plena ascensão.
“Quando o Lutz explicou o projeto, chamou muito minha atenção. Cheguei aqui com o estádio ainda em construção e o centro de treinamento também. Foi único — ver tudo nascer, participar das primeiras partidas, fazer parte da história desde o primeiro dia.”
Hoje, com status de Designated Player e símbolo da equipe, Klauss personifica o que St. Louis imaginava ao entrar na MLS: um clube enraizado na cidade, competitivo e com identidade.
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Com passagem por diversas ligas, o brasileiro é direto ao comparar o futebol americano com o europeu.
“A MLS é uma liga muito física, de muita transição. A maioria dos times joga assim, e isso reflete até a cultura esportiva dos Estados Unidos. Aqui os jovens já chegam com base atlética muito forte, devido à formação universitária e à educação física. É um perfil diferente do brasileiro, mas muito interessante.”
O desafio logístico também é real: fusos horários, longas viagens e jogos noturnos que testam o corpo e a mente. “Muitos não se adaptam. Às vezes você joga na Califórnia e chega em casa às seis da manhã. No fim da temporada, isso pesa”, admite.
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Mesmo num ano irregular do St. Louis City, Klauss viveu momentos marcantes — como o hat-trick diante do LA Galaxy, o primeiro da história do clube.
“Foi um jogo especial. Apesar da temporada não ter sido como queríamos, esse tipo de momento fica. Deixei meu nome na história.”
A campanha oscilante, agravada por trocas de comando técnico, expôs os bastidores de um elenco que precisou se reinventar. “Mudança de treinador é mudança de filosofia. Com o novo técnico, o grupo se reencontrou e manteve a mentalidade forte, mesmo fora dos playoffs.”
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Aos 28 anos, Klauss se transformou em referência dentro do vestiário e fora dele. Além da braçadeira simbólica, o brasileiro tem se dedicado a projetos de educação financeira e apoio à juventude local.
“Saint Louis é uma cidade apaixonada por esportes, muito comunitária. Eu acredito que o desenvolvimento passa pelos jovens — e que educação financeira deveria fazer parte da escola. Se eu conseguir inspirar uma criança ou um jovem a cuidar melhor do futuro, já valeu a pena.”
Com contrato até o fim de 2025 e opção de renovação, Klauss evita falar em planos, mas o sentimento é claro:
“Estou muito adaptado, feliz aqui. Tenho amigos; conheço a cidade. Mas a decisão é do clube. Por enquanto, é aguardar.”
E sobre a Copa do Mundo de 2026, que será disputada em solo americano, ele projeta:
“A MLS cresce a cada ano. Essa Copa pode ser um divisor de águas para o futebol no país. Espero que todos nós possamos viver isso de perto.”
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