
Gazeta Esportiva.com
·09 de abril de 2025
Maradona foi mantido como “sequestrado” meses antes de sua morte, diz ex-companheira

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·09 de abril de 2025
Verónica Ojeda, ex-companheira de Diego Maradona, disse nesta terça-feira que pessoas de seu entorno o “sequestraram” meses antes de sua morte, durante o julgamento de sete profissionais de saúde pela morte do astro na Argentina em 2020.
Maradona morreu de edema pulmonar causado por insuficiência cardíaca no dia 25 de novembro de 2020, enquanto estava internado em casa após uma neurocirurgia.
Médicos, enfermeiros, um psiquiatra e um psicólogo são acusados de homicídio doloso, o que implica que eles sabiam que suas ações poderiam resultar em morte. Uma oitava acusada — uma enfermeira — será julgada em um caso separado.
“Eu sabia que estavam sequestrando ele, tinha medo de tudo. Aliás, toda vez que eu saía, ele me pedia para eu o levasse”, disse Ojeda, mãe do filho mais novo de Maradona, Diego Fernando, de 12 anos, se referindo às visitas que fez ao ex-companheiro em 2020, antes de ele ser hospitalizado em novembro para uma neurocirurgia.
Ojeda, companheira do ex-jogador de 2005 a 2014, depôs nesta terça-feira no julgamento que acontece em San Isidro, subúrbio ao norte de Buenos Aires, perto da cidade de Tigre, onde o ídolo argentino morreu.
Em seu depoimento, pontuado por lágrimas, ela criticou o entorno de Maradona, incluindo seus assistentes Maximiliano Pomargo e Vanesa Morla, e um de seus guarda-costas, Julio Coria, que foi acusado de perjúrio durante este julgamento, embora nenhum deles seja acusado no caso.
Ela também falou sobre o médico pessoal de Maradona, Luciano Luque, e sua psiquiatra, Agustina Cosachov, que são acusados: “Eles mentiram na cara de todos nós, para toda a família”, disse ela.
Ojeda contou que os médicos “disseram que seria melhor interná-lo em uma casa e que haveria tudo como se fosse um hospital”.
Várias depoentes disseram durante o julgamento, que começou em 11 de março, que não havia equipamento médico na casa onde Maradona morreu.
Ojeda disse que viu o ex-craque pela última vez dois dias antes e que não o encontrou bem.
“Onde Diego estava, havia cheiro de xixi e cocô, então naquele dia eu disse para ele tomar banho e se barbear porque não era certo ele ficar daquele jeito”, disse ela.
Durante o interrogatório, foram reproduzidas conversas entre dois dos réus: a psiquiatra Agustina Cosachov e o psicólogo Carlos Díaz, que estava presente na sala do tribunal.
No chat, Díaz pediu que as alegações dos familiares sobre o paciente fossem descartadas porque eles estavam falando “de um lugar de desconhecimento absoluto”. Ele usou linguagem chula para se referir a Ojeda e perguntou “quem ela é” para questionar o tratamento.
“Sou a mãe de Dieguito Fernando, Carlos Díaz. Sou a mãe do filho de Diego Maradona. Essa sou eu”, exclamou Ojeda em meio às lágrimas em resposta ao chat, que ela descreveu como “nefasto”.
Antes de Ojeda quem depôs nesta terça-feira foi o Dr. Mario Schiter, especialista em terapia intensiva que tratou Maradona durante sua hospitalização em Cuba no início de 2000 e que participou da autópsia a pedido da família.
Schiter disse que o astro era “um paciente com insuficiência cardíaca latente e que, devido ao não cumprimento de cuidados que deveria ter havido dos fatores modificáveis (hábitos ou medicação), ele desenvolveu insuficiência cardíaca” que resultou num edema.
O médico havia recomendado que a família o transferisse para um centro de reabilitação após a neurocirurgia semanas antes de sua morte.
Levá-lo “de um hospital de alta complexidade para a casa do paciente me pareceu arriscado”, disse o médico, que explicou que Maradona às vezes não cumpria seus tratamentos.
No caso de internação domiciliar, “eu teria optado por equipar a unidade como se fosse uma unidade cardio-protegida”, com desfibrilador e equipamentos como eletrocardiógrafo, equipamentos de análise laboratorial, oxigênio e ventilação não invasiva, observou.
Este julgamento continuará pelo menos até julho, com o depoimento de dezenas de testemunhas. Os réus correm o risco de pegar entre 8 e 25 anos de prisão.
A próxima audiência será na quinta-feira, e os médicos que trataram Maradona antes de sua hospitalização irão depor, anunciou o Ministério Público.
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