Zerozero
·23 de setembro de 2025
«O dono do clube entrou no balneário a insultar os jogadores e eu atirei-lhe com uma cadeira»

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·23 de setembro de 2025
O '4 Cantos do Mundo' é um podcast do jornalista Diogo Matos ao qual o zerozero se uniu. O conceito é relativamente simples: entrevistas a jogadores/ex-jogadores portugueses que tenham passado por pelo menos quatro países no estrangeiro. Mais do que o lado desportivo, queremos conhecer também a vertente social/cultural destas experiências. Assim, para além de poder contar com uma entrevista nova nos canais do podcast nos dias 10 e 26 de cada mês, pode também ler excertos das conversas no nosso portal.
Atualmente a treinar o Machico, do Campeonato de Portugal, Élio Martins conta com um longo trajeto enquanto jogador profissional. A primeira experiência do extremo no estrangeiro deu-se pelas portas dos cipriotas do DOXA, numa mudança que pode ser descrita como invulgar.
«Fui campeão com o Beira-Mar e conseguimos a subida à 1ª Liga. Toda a gente estava a contar comigo e o treinador-adjunto do Leonardo Jardim, o mister António Vieira, disse-me qual era o salário que tinham disponível para mim. Quando eu lhe disse que tinha um clube que me oferecia quatro vezes mais, ele disse-me, num tom meio a brincar/meio aziado, que podia ir. A verdade é que fui: a possibilidade de rumar a Chipre surgiu porque o André Villas-Boas, com quem eu partilhava o empresário, conhecia o treinador do DOXA, o Nikodimos Papavasiliou. Ou seja, cheguei lá com moral», começou por contar.
A verdade é que a experiência em Chipre foi bem mais curta do que originalmente estava pensado.
«Não aguentei meia época porque, em termos de jogo, de instalações e de massa associativa, as condições não eram as melhores e não tinham nada a ver com as de Portugal», vincou, indo mais longe na explicação:
«Houve um jogo em que estávamos a perder 3-1 ao intervalo contra o AEL Limassol e o dono do clube, um daqueles magnatas, entrou pelo balneário a dar duras a jogadores, a insultar-nos e a chamar-nos nomes. Eu não gostei- afinal de contas era um balneário que tinha jogadores que tinham jogado a Liga dos Campeões-, levantei-me e atirei-lhe com uma cadeira de plástico. Ele tinha dois seguranças com ele, mas eu ceguei e nem os vi. Só lhe disse "Põe-te daqui para fora, não falas assim com os jogadores". Ele lá saiu, mas antes disse ao treinador que eu não entrava.»
O desfecho acabou por ser aquele que Élio Martins queria. «No mesmo dia, o mister Vieira ligou-me a perguntar se não havia a possibilidade de regressar e foi assim que deixei Chipre e voltei ao Beira-Mar», rematou.