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·05 de agosto de 2025

Paulinho teve trajetória discreta pelo Brasil, mas se fixou na Itália e foi ídolo do Livorno

Imagem do artigo:Paulinho teve trajetória discreta pelo Brasil, mas se fixou na Itália e foi ídolo do Livorno

Nenhuma outra grande liga da Europa permitiu que tantos brasileiros desconhecidos em seu próprio país brilhassem quanto a Serie A. O atacante Paulo Sérgio Betanin, o Paulinho, é um desses nomes que passam despercebido para a maioria dos seus compatriotas, mas obtiveram destaque na Itália: o gaúcho chegou cedo à Bota, foi artilheiro da terceirona pelo Sorrento e, em boa passagem pelo Livorno, também teve temporadas prolíficas na segunda e na primeira divisões.

Nascido em 10 de julho de 1986 em Caxias do Sul, Paulinho destacou-se desde cedo pelo seu faro de gol e habilidade técnica. Revelado pelo Juventude, o atacante teve poucas oportunidades na equipe principal antes de chamar a atenção de clubes europeus. Porém, seu talento lhe levara a ganhar chances nas seleções juvenis do Brasil e alavancaria sua transferência para o futebol italiano ainda jovem, pouco após completar 19 anos.


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Em 2005, o gaúcho foi convocado pela seleção brasileira para participar do Sul-Americano Sub-20, integrando um elenco que também tinha Filipe Luís, Diego Souza, Fernandinho, Rafael Sóbis e Rafinha. A tacante com boa movimentação, finalização precisa e inteligência tática, Paulinho disputou quatro partidas na competição e, em seguida, transferiu-se para o futebol italiano, assinando com o Livorno, que havia voltado à Serie A depois de 55 anos de ausência.

Sua adaptação ao futebol europeu não foi imediata, mesmo com sua ascendência italiana, e ele passou por um longo período de amadurecimento antes de se consolidar na equipe. Nas duas primeiras temporadas pelo Livorno, Paulinho teve baixíssima minutagem, ficando atrás de nomes como Cristiano Lucarelli, Igor Protti, Tomas Danilevicius, Raffaele Palladino e Ibrahima Bakayoko durante as gestões de Roberto Donadoni e Carlo Mazzone. Foi um biênio positivo para os amaranto, que ficaram em nono e sexto na Serie A, respectivamente, chegando a se classificarem para a Copa Uefa.

Paulinho chegou cedo ao Livorno, mas demorou a se firmar e só foi brilhar pelos amaranto em sua terceira oportunidade no clube (Getty)

Em 2006-07, Paulinho estreou em competições europeias, recebeu mais espaço com os dois técnicos da temporada – Daniele Arrigoni e Fernando Orsi – e também iniciou sua contagem de gols pelo time da Toscana: o primeiro saiu na Serie A, numa derrota por 3 a 2 para o Catania, em novembro de 2006. O brasileiro anotou três em 26 aparições, mas não convenceu o estafe técnico de que merecia permanecer no elenco. Assim, no verão europeu de 2007, o garoto de 21 anos foi emprestado ao também toscano Grosseto, recém-promovido à segundona italiana.

Na Serie B, o atacante gaúcho chegou até a ser treinado por Stefano Pioli, mas nem ele nem o Grosseto decolaram: numa campanha de parte inferior da tabela dos grifoni, Paulinho somou apenas 10 partidas como titular e, embora entrasse com frequência no segundo tempo, foi peça de rotação de elenco, terminando a temporada com meros dois gols marcados. Ele acabaria voltando ao Livorno, que tinha sido rebaixado, e foi nulo na trajetória de acesso. Passou em branco nos jogos em que atuou (17, somando todas as competições), sendo somente seis como integrante do onze inicial amaranto.

Depois de cinco temporadas na Itália, Paulinho, então com 23 anos, estava numa encruzilhada. Até então, sua contratação era um fracasso retumbante e não havia traços daquele jogador que havia anotado seis gols em 20 partidas pela seleção sub-20 do Brasil. O gaúcho acabaria decidindo dar um passo atrás na carreira, mas a escolha se mostraria acertada, pelo salto posterior.

No verão de 2009, Paulinho foi indicado ao Sorrento, da terceira divisão, por Gennaro Ruotolo – que fora seu colega de vestiário na Toscana entre 2005 e 2006, atuara pelos costieri de 2006 a 2008 e, naquele momento, era técnico do Livorno. O gaúcho assinou com os rossoneri por empréstimo com opção de compra e, finalmente, mostrou sua qualidade: com 15 gols, foi o artilheiro do time da Campânia, nono colocado da Lega Pro Prima Divisione.

O atacante gaúcho teve ótimos números pelo Livorno nas séries A e B: assim, se tornou um dos 10 maiores artilheiros dos toscanos (Getty)

O atacante teve seu vínculo renovado e, ao lado dos ítalo-brasileiros Rômulo Eugênio Togni e Ronaldo Vanin, foi um dos destaques da equipe, com 25 tentos anotados em 31 aparições, somando todos os torneios que disputou. Com 24 gols na terceirona, Paulinho foi o máximo goleador da categoria, só que lesionou o antebraço na reta final da campanha e ficou de fora do momento decisivo da temporada. O Sorrento foi vice-campeão do Grupo A, mas terminaria eliminado pelo Verona nas semifinais dos playoffs de acesso. Teria sido um feito histórico dos costieri, que só disputaram a Serie B em 1971-72.

Embalado por 40 gols em 67 partidas pelos sorrentinos, Paulinho se encheu de moral e voltou ao Livorno disposto a manter a boa média de bolas nas redes. Conseguiu: passou a vestir a camisa 9 (antes, usara a 21 e a 11) e, em 2011-12, foi o artilheiro do time labronico com 15 tentos, sendo 13 na segundona. O ano, porém, foi traumático para o clube, que escapou do rebaixamento por muito pouco. Mas houve algo ainda pior: o gaúcho e seus companheiros tiveram que lidar com a morte do volante Piermario Morosini, que sofreu um mal súbito em duelo com o Pescara, em abril de 2012.

Na busca por juntar os cacos, o Livorno confiou em Paulinho e no zagueiro e volante brasileiro Emerson, contratado como reforço para o elenco que seria dirigido por Davide Nicola. Contando com a dupla verde e amarela entre os destaques, o time amaranto garantiria a terceira posição na temporada regular e subiria para a Serie A através dos playoffs. O atacante gaúcho liderou os labronici em aparições (47, somando todas as competições) e em gols (23). Betanin deixou sua marca nos empates nas semifinais, contra o Brescia, e foi o autor do tento que garantiu o acesso no duelo toscano com o Empoli, no Armando Picchi. Depois de tantos altos e baixos, se tornava ídolo da torcida.

Aos 28 anos, Paulinho teve a oportunidade de voltar a se provar na Serie A e não fez feio, apesar de o Livorno ter sido lanterna da competição e amargado novo rebaixamento. O camisa 9, que também usava a braçadeira de capitão na ausência de Andrea Luci, liderou o time toscano: foi quem mais jogou (35 vezes) e também o seu artilheiro (15 gols). Consagrado como um dos atletas mais prolíficos do campeonato – só nove ficaram acima dele –, o gaúcho se destacou com tentos em empates com Milan e Inter, além de ter anotado uma doppietta tanto contra o Catania quanto ante a Udinese.

Depois de sair do Livorno, Paulinho passou pelo Catar e encerrou sua carreira depois de experiência infrutífera na Cremonese (Getty)

Paulinho poderia ter tentado seguir na elite italiana por outro clube, pois tinha mercado. Não quis: já caminhando para a fase descendente da carreira, preferiu fazer um pé de meia e aceitou uma proposta do Al-Arabi, do Catar. Encerrava, assim, sua trajetória pelo Livorno como o sexto maior artilheiro da história dos labronici, com 56 gols em 183 partidas.

No Oriente Médio, ele encontrou um ambiente sossegado, com uma cultura árabe presente, mas sem imposições rígidas. Por exemplo, sua esposa não precisava usar túnica e hijab, e ele desfrutava de uma vida mais reservada, com acesso a restaurantes brasileiros e outras comodidades. Após três temporadas em Doha, Paulinho decidiu retornar à Itália e acertou com a Cremonese, que havia sido campeã da terceirona e voltara à Serie B depois de uma ausência de 11 anos.

O Paulinho da Cremo, porém, não era o mesmo dos tempos de Livorno. Convivendo com problemas físicos desde sua última temporada no Catar, o brasileiro perdeu a potência que o caracterizava e pouco atuou pelo time lombardo: em um ano e meio, foram 26 partidas e sete gols marcados em campanhas medianas dos grigiorossi. Em fevereiro de 2019, o atacante rescindiu seu contrato de forma amigável e, meses depois, aos 33, encerrou sua carreira.

Embora não tenha se tornado uma estrela de renome internacional, Paulinho teve uma carreira respeitável e conseguiu colocar seu nome na história do tradicional Livorno e do modesto Sorrento. Sua ida precoce para a Europa e a passagem posterior pelo Oriente Médio representam uma história comum a tantos jogadores brasileiros, que buscam oportunidades no exterior para desenvolverem suas carreiras sem sequer atuarem por muito tempo em seu país natal. Não à toa, o anonimato no cenário nacional contrasta com a reputação que o gaúcho construiu na Itália.

Paulo Sérgio Betanin, o Paulinho Nascimento: 10 de janeiro de 1986, em Caxias do Sul (RS) Posição: atacante Clubes: Juventude (2004), Livorno (2005-07, 2008-09 e 2011-14), Grosseto (2007-08), Sorrento (2009-11), Al-Arabi (2014-17) e Cremonese (2017-19)

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