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·26 de novembro de 2022

Por aquilo que vem jogando na Copa, Kanno tem credenciais para se provar fora do futebol saudita

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A Arábia Saudita sabe que o resultado da partida contra a Polônia poderia ser bem diferente. Faltou a eficiência que pintou do outro lado, especialmente quando Wojciech Szczesny estava com o corpo fechado. No geral, os Falcões Verdes fizeram outra atuação positiva no Mundial, mas faltou bola na casinha e a derrota por 2 a 0 é consequência disso. Ainda assim, alguns destaques sauditas na campanha se reafirmam. Mohamed Kanno, que havia sido um dos melhores do time contra a Argentina, sobrou no meio-campo diante dos poloneses. Pode sair derrotado desta vez, mas carrega um moral que rende vastos elogios.

Kanno é um meio-campista que reúne diferentes virtudes. É um jogador alto e de muita potência, que sobra nesse quesito dentro da equipe da Arábia Saudita. Contudo, completa essa imponência física com qualidade técnica. Constrói boas jogadas e, com suas passadas largas, se manda com frequência ao ataque. Tem drible e capacidade de finalização. Sublinha sua importância dos dois lados do campo, como uma figura combativa na marcação, mas também um perigo ofensivo.


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Contra a Polônia, Kanno teve ainda mais liberdade. Com a lesão de Salman Al-Faraj, o camisa 23 assumiu mais incumbências ofensivas. A partida também pedia agressividade, pela forma como os poloneses preferiam recuar. Kanno dominou o seu setor. Deu seu cartão de visitas logo aos 13 minutos, num avanço pela direita em que rompeu as linhas de marcação e tabelou até soltar um tirambaço de dentro da área. Szczesny espalmou para fora. O meio-campista seria um dos mais ativos da Arábia Saudita nas finalizações e também na construção. Nenhum outro saudita deu mais passes, com alguns lançamentos importantes.

Os companheiros não ajudaram. A defesa se mostrou bem mais vulnerável com as alterações feitas pelo técnico Hervé Renard e o ataque pecou nas grandes chances, em especial no pênalti desperdiçado por Salem Al-Dawsari. Individualmente, de qualquer forma, Kanno terminou como o melhor dos sauditas. Ainda ganhou a maioria das disputas pelo alto e deu combate no meio à Polônia. Em termos de números, o camisa 23 teve uma exibição significantemente superior à que se viu contra a Argentina. Faltou mesmo o coletivo dos Falcões Verdes.

Aos 28 anos, Kanno ganhou mais destaque na seleção saudita apenas recentemente. O meio-campista esteve em campo por apenas 15 minutos no Mundial de 2018 e sequer disputou a Copa da Ásia em 2019. Virou titular absoluto a partir da chegada de Hervé Renard e esteve entre os melhores do time na fase decisiva das Eliminatórias. Ajuda também o sucesso no Al-Hilal. Contratado do Ettifaq em 2017, o volante virou intocável nos alviazuis durante as últimas quatro temporadas, independentemente das contratações de estrangeiros. Foi importante na conquista de duas Champions Asiáticas.

Por sua idade, Kanno não é tão atrativo ao mercado de transferências. Em compensação, por serviços prestados, deveria estar no radar de vários clubes pelo ótimo nível apresentado nessa Copa do Mundo. Se um dia quiser se provar em outro continente, o meio-campista tem qualidade e intensidade para um passo nesse sentido. Talvez só não esteja mesmo disposto a buscar outra cultura, quando deve receber um salário gordo no Al-Hilal, uma das agremiações mais ricas fora da Europa. Seja lá qual for seu destino, fica marcado como referência na campanha mais empolgante da Arábia Saudita desde o sucesso na Copa de 1994. As esperanças de classificação passam pelo camisa 23.

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