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·13 de novembro de 2025

Reforma estatutária do Corinthians gera conflito interno e pode parar na Justiça

Imagem do artigo:Reforma estatutária do Corinthians gera conflito interno e pode parar na Justiça

Os bastidores do Parque São Jorge estão cada vez mais aquecidos com as discussões sobre a SAFiel e a reforma do estatuto do Corinthians. Conselheiros do clube estão insatisfeitos com a falta de tempo hábil para debater o projeto apresentado por Romeu Tuma Júnior e consideram a possibilidade de judicializar a proposta.

Como publicado pela Gazeta Esportiva na última semana, Romeu Tuma Júnior, presidente do Conselho Deliberativo, insiste que o CD vote o projeto de reforma estatutária até o fim deste mês, apesar da pressão. A reunião está previamente agendada para 24 de novembro.


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Os planos de Romeu, entretanto, causaram um conflito interno no clube. Segundo apurou a reportagem, Paulo Pedro e outros membros do Cori (Conselho de Orientação), entendem que os conselheiros precisam de mais tempo para discutir o projeto e prometem judicializar a reforma caso não haja ampla discussão do texto, que foi apresentado em entrevista coletiva no dia 27 de outubro.

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(Foto: José Manoel Idalgo/Agência Corinthians)

Os conselheiros gostariam que houvesse mais reuniões, além do encontro marcado para o dia 24 de novembro, a fim de debater o projeto de forma mais detalhada. Tuma, por sua vez, não pretende ceder. Ele entende que os conselheiros podem se reunir extraoficialmente ao longo do mês para discutir o texto ou enviar propostas ao CD, de modo que o dia 24 seja reservado apenas para a votação do novo estatuto.

O presidente do Conselho já havia manifestado publicamente o desejo de concluir o processo antes do fim de 2025.

E a SAFiel?

As discussões acaloradas no Parque São Jorge podem estagnar o processo de votação do novo estatuto. Em meio a esse cenário, a SAFiel surgiu como alternativa. Entretanto, o projeto que prevê a transformação do Corinthians em uma SAF (Sociedade Anônima do Futebol) ainda não avançou.

Um dos principais motivos é a recomendação do departamento de compliance, que avaliou a proposta do grupo entregue a Romeu Tuma Júnior e ao presidente do clube, Osmar Stabile. O setor levantou questionamentos e sugeriu que a diretoria não assine a carta de intenções neste momento.

‘Red flags’

Foram três ‘red flags’ (termo em inglês para indicar “sinais de alerta”) apontadas pelo compliance alvinegro. O primeiro ponto é o fato de a empresa Invasão Fiel S.A ter sido aberta recentemente, com capital social baixo, de apenas R$ 3 mil, apesar de prometer arrecadar R$ 2,5 bilhões para quitar dívidas do Corinthians e investir no futebol.

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(Foto: Divulgação/SAFiel)

Além disso, o compliance do clube constatou que Maurício Chamati, um dos idealizadores da SAFiel, esteve envolvido em um processo por estelionato na Justiça, que fora arquivado, porém, citado na averiguação. Também pesa contra o empresário, que é cofundador do Mercado Bitcoin, a relação com a antiga gestão do clube, liderada pelo presidente destituído Augusto Melo.

Chamati participou, durante sete meses, do Comitê Independente de Finanças do Corinthians. Os membros do grupo, criado por Pedro Silveira, então diretor financeiro do clube, assinaram um NDA (Non Disclosure Agreement, termo em inglês para “Acordo de Não Divulgação”) válido por cinco anos, a fim de evitar o vazamento de informações sigilosas.

O empresário, portanto, comprometeu-se a manter sigilo sobre os dados aos quais teve acesso. Porém, meses após a dissolução do Comitê, extinto após o impeachment de Augusto Melo, Chamati passou a trabalhar em conjunto com Carlos Teixeira e Eduardo Salusse na elaboração da SAFiel. O projeto foi oficialmente lançado em 28 de outubro deste ano.

Em nota, a SAFiel rebateu as ‘red flags’ apontadas e ressaltou a necessidade de debater a proposta nos órgãos internos do Corinthians. Os integrantes do projeto se dizem “abertos ao diálogo” com conselheiros e associados do Parque São Jorge.

Nas mãos de Stabile

A decisão de assinar ou não a proposta da SAFiel está nas mãos de Osmar Stabile. Porém, a probabilidade do presidente do Corinthians levar o projeto adiante neste momento é baixa, tendo em vista a recomendação do compliance.

Na última terça-feira, após o evento de lançamento do Campeonato Paulista de 2026, na Mercado Livre Arena Pacaembu, o dirigente disse que não irá assinar nada enquanto os questionamentos levantados não forem respondidos.

“Nós recebemos o projeto c levamos para o compliance. O Corinthians tem um compliance que funciona, nessa gestão ele funciona, em outras gestões eu não sei se funcionou ou não, mas nessa gestão ele funciona. A gente não vai deixar nenhuma herança maldita para frente. Se tiver algum apontamento, como teve do compliance, o Corinthians vai aguardar. A diretoria vai aguardar se eles vão resolver o problema dos apontamentos e depois nós vamos conversar sobre a parte técnica, a parte de marketing, toda essa parte”, disse Stabile.

“Tem que passar primeiro pelo compliance. O Corinthians não assina o contrato com ninguém, seja da SAFiel ou de qualquer outra empresa, se tiver qualquer apontamento”, concluiu.

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