Última Divisão
·26 de outubro de 2025
Renato Santiago, do campo à gerência da base do São José Esporte Clube

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·26 de outubro de 2025

Com uma carreira marcada por grandes desafios, Renato Santiago passou a atuar fora das quatro linhas, comandando a partir de 2025 as categorias de base do São José Esporte Clube e exercendo seu segundo mandato como vereador em São José dos Campos.
Antes de assumir o cargo no clube, porém, o ex-atacante já marcava gols fora de campo, liderando o projeto Escola Ativa, voltado à formação de atletas e cidadãos em São José dos Campos.
“Em 2016, fui convidado pelo Felício Ramuth (então prefeito de São José dos Campos) para ajudar a escrever o plano de governo dele e topei. Comecei a pensar em projetos com o esporte nas escolas para tirar a molecada da rua”, lembra Renato.
Dessa iniciativa nasceu o Escola Ativa, que se tornou referência na formação de crianças e adolescentes do 1º ao 9º ano do ensino fundamental em escolas públicas da cidade. Com a eleição de Felício Ramuth para prefeito, o programa começou oficialmente em 2018.
“Fui convidado para montar um projeto dentro da Secretaria da Educação, o Escola Ativa. Hoje são 67 escolas e quase 7 mil alunos. A ideia não é apenas formar atletas, mas ensinar os valores do esporte”, comentou Renato em entrevista ao Última Divisão.

Imagem: Câmara de São José dos Campos
O sucesso do projeto impulsionou Renato a se candidatar a vereador em 2020 pelo PSDB. “Com o sucesso do projeto Escola Ativa, fui convencido a me candidatar a vereador e ganhei a eleição. Agora fui reeleito com 6.051 votos”, relembra o vereador, filiado ao União Brasil na segunda legislatura.
“Saio de Juiz de Fora com 14 anos e vou para o Rio jogar na base do Fluminense. Em 1998, eu estava no sub-20 e treinava com o profissional.”
Em 2000, Renato prestou vestibular e foi aprovado na UFJF (Universidade Federal de Juiz de Fora), decidindo se afastar dos gramados por quatro anos, até concluir a graduação de Educação Física. Apesar da pausa, o sonho de jogar futebol profissional permaneceu.
“Sempre quis ser jogador. Com isso, consegui uma oportunidade no Tupi-MG. No Tupi pouco joguei e de lá fui para o Sobradinho-DF.”
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Determinando a retomar a carreira, Renato aproveitou novas oportunidades em clubes de diferentes estados, adaptando-se e mostrando talento. “Em 2001, recebo um convite do Adil, ex-Corinthians e Portuguesa, e do seu empresário para jogar em Brasília pelo Sobradinho. No Sobradinho era um dos artilheiros do Campeonato Brasiliense, e de lá sou contratado pelo América-MG para disputar a Série A do Brasileiro. Em 2002, venho pro São José EC pela primeira vez; em 2003, Figueirense; em 2004, Juventude, e de lá vou para a África jogar no Esperánce-TUN. Depois volto para disputar a Série B do Brasileiro pelo Remo, Guaratinguetá, Marília… Em 2005-2006, tive uma passagem pelo Taubaté e fui artilheiro nos dois anos.”
Em 2008, São José EC e Taubaté disputavam sua contratação. “A proposta salarial do Taubaté era melhor, mas decidi voltar para o São José EC e fico na cidade até encerrar a carreira em 2014.”
No total, Renato marcou 35 gols em 78 jogos com a camisa do São José Esporte Clube, tornando-se o segundo maior artilheiro da história do estádio Martins Pereira – e o segundo maior artilheiro do clube, atrás de Tião Marino.
“Em relação aos números, existem controvérsias. Alguns registros foram perdidos pelo Atlético Joseense — foram três gols que não foram contabilizados”, garante.
Um dos momentos mais marcantes de sua trajetória aconteceu em 2012, contra o Penapolense, pela Série A2 do Campeonato Paulista. Na última rodada, o São José precisava vencer para escapar do rebaixamento. Aos 46 minutos do primeiro tempo, Renato acertou um chute certeiro de fora da área e marcou o gol da vitória, garantindo a permanência da equipe na segunda divisão paulista.
O lance ficou gravado na memória da torcida e também do jogador, que até hoje guarda a camisa usada naquele dia, suja de barro e sangue.
“Foi o gol mais importante da minha carreira. Era o jogo da sobrevivência, e o São José ficou na Série A2 graças àquela vitória”, relembra Renato em entrevista ao GE, em 2018.
Ídolo dentro e fora de campo, Renato conquistou a torcida não apenas pelos gols, mas pela entrega e espírito guerreiro que demonstrava. “Eu era um jogador muito raçudo, brigava com os zagueiros e a torcida se identificava com isso. Não tinha bola perdida.”
A raça fez parte de episódios inusitados.
No meu último jogo pelo São José EC, uma torcedora estava grávida. O time vinha mal e brigando pra não cair, e ela me disse que, se eu fizesse o gol, o filho dela se chamaria Santiago. Fiz o gol da vitória — e o menino tem o meu nome. Fui até no aniversário de 1 ano dele.
Após anos cobrando que o São José EC valorizasse suas categorias de base, Renato viu a chance de transformar esse sonho em realidade com o convite de Oscar Constantino, dono da SAF do clube.
“Sempre critiquei o São José EC por não ter sua categoria de base. Temos vários exemplos de meninos bons que saíram daqui e não jogaram pelo clube: Everton Santos, Yuri Alberto, Casemiro, Lucas Fernandes, Vitor Sá, Vitor Reis, Jailson, Washington ‘Orelha’ e Ricardo Goulart. Todos saíram das escolinhas da cidade”, recorda Renato.
No fim de 2023, Oscar Constantino procurou Renato para iniciar a reestruturação. “Falei pra ele que deveríamos valorizar os profissionais da cidade. Desde o treinador até o preparador físico, todos são de São José dos Campos.”
A comissão técnica do Esplanada Futebol Clube foi incorporada ao projeto, e o clube abriu inscrições online para jovens interessados em vestir a camisa da Águia do Vale.
“Fizemos uma seletiva com inscrições via Google Docs — foram 2.500 inscritos. Em janeiro de 2024 iniciamos o processo de escolha, foi uma loucura. Pensamos que em uma semana teríamos encerrado, mas durou um mês”, descreveu.
“Depois de 27 anos, o nosso sub-17 chegou à 3ª fase do Campeonato Paulista; e depois de 20 anos, o sub-15 também chegou à 3ª fase, no ano de 2024”, celebra Renato.
Hoje, a estrutura da base é motivo de orgulho. “Temos tudo para os meninos — departamento médico e odontológico, academia, psicólogo, materiais de qualidade, rouparia. Queremos acostumá-los com essa vivência profissional.”
Sob a nova regão, o São José EC também tem colhido bons resultados individuais.
“Recentemente, o nosso goleiro do sub-17, o Pedrão, foi vendido ao Fortaleza. Estamos com uma safra de goleiros muito boa.”
Ver essa foto no Instagram Uma publicação compartilhada por São José Esporte Clube – SAF (@saojoseecoficial)
Além disso, o clube mantém parceria com diversas escolinhas da cidade, como Moreira, Bulls, R10, Esplanada e Bora-Bola. “Os meninos do sub-12 e sub-14 jogam pelo São José EC e por suas respectivas escolas; a partir do sub-15, são integrados totalmente à base do clube. Essa medida evita atrapalhar o trabalho nas escolinhas”, justifica.
Em 2025, o São José EC está em processo para se tornar oficialmente um clube formador – “um processo demorado”, segundo Renato. “Precisamos comprovar muitas coisas”, explica.
Agora nos bastidores, o ídolo dos gramados aproveita e deixa um recado para a torcida.
“O trabalho é gigantesco — de formação de atletas e de homens para a cidade. Em breve teremos grandes jogadores no profissional. Temos feito um grande trabalho de condicionamento físico e de aprimoramento técnico. O espaço está aberto aos torcedores, para conhecerem o nosso dia a dia. Respeito muito a torcida do São José EC e sou muito grato a eles.”
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