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·22 de outubro de 2025

Tragédia do Ninho do Urubu: do incêndio às absolvições de 2025

Imagem do artigo:Tragédia do Ninho do Urubu: do incêndio às absolvições de 2025

Um incêndio devastador atingiu o alojamento das categorias de base do Flamengo, no Ninho do Urubu, em 8 de fevereiro de 2019. Tudo começou por volta das 5h da manhã (de Brasília), e a causa teria sido um curto-circuito no ar-condicionado.

O material de revestimento dos contêineres era altamente inflamável, o que fez com que o fogo se espalhasse rapidamente. 26 jovens sonhadores dormiam no alojamento improvisado. Desse número, infelizmente, dez eternos Garotos do Ninho foram vitimados. Seus nomes jamais podem ser esquecidos:


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Athila Paixão (14 anos), Arthur Vinícius de Barros Silva (14), Bernardo Pisetta (14), Christian Esmério (15), Gedson Santos (15), Pablo Henrique da Silva Matos (14), Rykelmo de Souza Vianna (16), Samuel Thomas Rosa (15) e Vitor Isaías (15).

Dyogo Alves, Jhonata Ventura e Cauan Emanuel ficaram feridos, com sequelas respiratórias e queimaduras. Dyogo, o goleiro, segue no clube e hoje é o terceiro goleiro do time profissional.

A maior tragédia da história do clube aconteceu em um alojamento que funcionava de forma irregular. Se confirmou, em seguida, que não existia licença, nem alvará de funcionamento para que aqueles jovens fossem hospedados daquele jeito.

No dia seguinte ao fatídico incidente, a prefeitura afirmou que o Flamengo não tinha autorização para aquela localização alojar jovens atletas.

Roberto Robadey, comandante-geral do Corpo de Bombeiros, declarou, na época, que um projeto inicial havia sido aprovado para o CT. Mas esclareceu que o clube fez ampliações improvisadas, ou seja, um puxadinho, sem tramitação legal, "de forma que o alojamento não tinha documentação". Portanto, sem garantir a segurança dos adolescentes.

Segundo Robadey, a falta de documentação mostra que, possivelmente, não tinham dispositivos de segurança e inspeções adequadas. A perícia apontou exatamente isso: o contêiner era isolado em poliuretano, uma espuma que liberou gases tóxicos e alimentou o fogo.

Além disso, a falta de saídas de emergência, e apenas uma porta como rota de fuga, também foram constatadas. Os bombeiros controlaram o fogo ainda durante a madrugada, mas sem conseguir salvar as dez vítimas.

A repercussão imediata

As primeiras horas da manhã foram tristes, e os brasileiros acordaram com a lamentável notícia nos principais jornais.

A morte de dez jovens, além de três feridos, suscitou o"#ForçaFlamengo" até dos rivais. Os feridos foram levados ao Hospital Municipal Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio de Janeiro.

A tragédia dos Nossos Dez ganhou o país, que repercutiu a triste notícia incessantemente. As autoridades também se manifestaram, e a FERJ anunciou que, logicamente, não havia clima para jogos de futebol, adiando as partidas do Carioca daquele final de semana.

Flamengo x Fluminense foi um dos jogos adiados, em comum acordo com a TV Globo, então detentora dos direitos de transmissão. Os presidentes dos demais clubes concordaram com a decisão.

À imprensa, o então presidente Rodolfo Landim se referiu ao episódio como "a maior tragédia em 123 anos do clube". Em pronunciamento, ele evitou responder perguntas da imprensa.

Homenagens e comoção popular

A comoção foi grande, e as homenagens, diversas. Torcedores do Flamengo, e até de outros clubes, se emocionaram com o episódio.

Aos dez minutos de jogo, até hoje, a torcida do Flamengo canta uma música em homenagem aos Garotos do Ninho.

No primeiro jogo após a tragédia, contra o Fluminense, a derrota por 1 a 0 foi ofuscada pelas homenagens aos jovens que se foram.

Os times adversários também prestaram homenagens, e até o Vasco colocou uma mensagem de força ao Flamengo na sua camisa.

O clube inaugurou, em 2023, uma capela ecumênica no CT para relembrar as vidas dos Nossos Dez, como forma de homenageá-los e até receber seus familiares.

A história também se tornou tema de livro, como o 'Longe do Ninho', da jornalista Daniela Arbex. Ela rememora os eventos e as vidas dos meninos. Uma série da Netflix, em parceria com o portal Uol, também foi uma produção com materiais inéditos sobre os eventos.

Em frente ao Maracanã, no muro do metrô, existem pinturas dos dez jogadores que sonhavam jogar no Flamengo profissionalmente.

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Outras homenagens individuais também se espalharam, como na escola Espírito Santo, em Volta Redonda. Arthur Vinícius estudou lá, e hoje, é representado eternamente em um mural em frente ao colégio, como o MundoBola Flamengo pôde registrar em 2023.

Causas e investigações da Tragédia no Ninho do Urubu

A perícia começou logo após o controle do incêndio, e o Corpo de Bombeiros identificou que o curto-circuito no ar-condicionado causou o início das chamas. O laudo pericial do Instituto de Criminalística confirmou a versão.

O gás tóxico da espuma, ao queimar, asfixiou e serviu de combustível para o fogo. As grades na janela, impedindo a saída fácil dos jovens, também foi um fator irregular.

Os documentos de vistoria revelaram as irregularidades e negligências. O Ninho do Urubu estava sem Certificado de Aprovação dos Bombeiros e sem alvará de funcionamento desde 2017. O último alvará válido havia expirado em 2012.

A prefeitura, inclusive, autuou o Flamengo em diversas ocasiões nos anos anteriores por conta de construções não autorizadas. O clube recebeu multas, inclusive sobre o uso de contêineres como dormitórios.

Os Ministérios Públicos Estadual e do Trabalho também fizeram visitas ao CT anteriormente, e a fiscalização apontou o mesmo: a necessidade de melhorias na segurança.

A Defesa Civil interditou o CT no mesmo dia da tragédia, isolando a área do incêndio. O resto do CT pôde ser utilizado durante o dia, mas ninguém podia dormir no Ninho temporariamente. Com o CT esvaziado, alguns jovens voltaram para suas cidades temporariamente, e outros, ficaram em hotéis, custeados pelo clube.

Em maio, o Ministério Público autorizou a reabertura de forma gradual para as categorias de base, mantendo a proibição da pernoite até a obtenção de todas as licenças por parte do clube.

Em junho, saiu o alvará definitivo para que o Flamengo voltasse a utilizar seu CT de forma integral após novas vistorias.

Quatro meses depois da tragédia, os jovens voltavam a dormir no Ninho do Urubu.

E as responsabilidades criminais? A Polícia Civil abriu inquérito para apurar a situação, e muitos funcionários do clube, assim como diretores, tiveram que depor. O mesmo vale para empresas terceirizadas que participaram, por exemplo, da manutenção no ar-condicionado que pegou fogo.

Ainda no fim de fevereiro de 2019, uma CPI foi instaurada na Alerj, com o intuito de investigar as condições dos CT's do estado.

Rodolfo Landim, então presidente, e seu antecessor, Eduardo Bandeira de Mello, foram convocados para dar explicações, mas não compareceram. Na época, o clube afirmou que as explicações já haviam sido dadas por escrito às autoridades.

Durante aquele ano, ainda existiam lacunas. Uma das pendências apontadas era a necessidade de obter, da CBF, cópias do certificado de Clube Formador.

Além disso, explicações da empresa NHJ do Brasil, fabricante dos contêineres, também faltavam. Isso prolongou a investigação durante todo o ano até que as denúncias se consumassem.

Denúncias e indiciamentos da Tragédia no Ninho do Urubu

Com o fim das investigações da Polícia Civil, em 2019, uma lista de indiciados foi apontada. Na conclusão da polícia, seriam pessoas com culpa na Tragédia no Ninho do Urubu.

O ex-presidente Eduardo Bandeira de Mello foi indiciado pelo delegado responsável, além de outras sete pessoas. Umas ligadas ao clube, e outras, às empresas terceirizadas.

O crime imputado a elas era de homicídio com dolo eventual, ou seja, quando há risco de matar. Além de Bandeira, os indiciados foram os seguintes: Marcos Vinícius Medeiros (monitor e responsável pela supervisão dos alojados), Marcelo de Sá (então diretor de Patrimônio do Flamengo), Luiz Felipe Pondé (engenheiro que teria responsabilidade técnica), Danilo da Silva Duarte, Weslley Gimenes e Fábio Hilário da Silva (funcionários da empresa NHJ), Edson Colman da Silva (sócio da Colman Refrigeração, responsável pela manutenção dos ar-condicionados).

Trata-se de uma cadeia de responsáveis apontados pela polícia, desde o dirigente que estava a frente do clube na montagem dos alojamentos improvisados, até os nomes ligados às empresas responsáveis pela manutenção das irregularidades.

O dolo eventual mostra que a polícia entendeu que os responsáveis sabiam dos riscos que os jovens corriam, o que se mostra de uma gravidade incrível.

O clube e os demais responsáveis teriam assumido os riscos ao manter aquelas condições. Mas essa foi só a etapa do inquérito, e cabia ao Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) formalizar as acusações à Justiça. Ou seja, oficializar as denúncias.

Isso só aconteceu no ano seguinte, após idas e vindas da investigação. Em dezembro de 2020, o MPRJ apresentou a denúncia ao Tribunal de Justiça. A denúncia do MP, porém, enquadrou o caso de forma diferente.

Em vez de dolo eventual, foi apontado incêndio culposo, no artigo 250 do Código Penal, além de lesão corporal culposa, artigo 258.

Esses crimes possuem penas menores, de quatro e três anos de reclusão, respectivamente. No total, foram 11 pessoas denunciadas formalmente.

  • Eduardo Bandeira de Mello - presidente do Flamengo entre 2013 e 2018
  • Márcio Antônioo Garotti Mongelli - diretor financeiro do Flsmengo entre 2017 e 2020
  • Marcelo de Sá - diretor-adjunto de patrimônio do Flamengo
  • Marcos Vinicius Medeiros - monitor da base, encarregado da supervisão do alojamento
  • Carlos Noval - ex-diretor da base do Flamengo
  • Danilo da Silva Duarte - engenheiro da NHJ, fornecedora dos contêineres
  • Weslley Gimenes - engenheiro da NHJ, atuou na parte elétrica dos módulos
  • Fábio Hilário da Silva - engenheiro da NHJ
  • Claudia Pereira Rodrigues - funcionária da NHJ, responsável pela negociação da locação dos contêineres
  • Luiz Felipe Pondé - engenheiro que prestou serviço de consultoria ao Flamengo
  • Edson Colman da Silva - sócio-proprietário da Colman Refrigeração, que fazia a manutenção dos ar-condicionados

Esses foram os réus no processo criminal, que tramitou na 36ª Vara Criminal do RJ. Todos responderam em liberdade se defendendo nas audiências ao longo dos anos.

A indicação de incêndio culposo mostrava negligência grave dos acusados, mas sem intenção de matar. Eles teriam contribuído com a Tragédia, segundo a acusação.

Na denúncia, o MP deixou claro que a Tragédia do Ninho do Urubu poderia ter sido evitada, alegando que aconteceu uma série de erros e omissões, mantendo o alojamento sem alvará e em condições ruins, ingorando os alertas e culminando no episódio trágico. Os acusados, portanto, teriam culpa penal nessa alegação.

Negociações com as famílias das vítimas

A maioria dos acordos foram finalizados até o final de 2021, com as 26 famílias envolvidas no Tragédia do Ninho do Urubu. A negociação que mais se arrastou foi com a família de Christian Esmério, potencial goleiro de muita qualidade com passagens pelas seleções de base.

A família acionou a Justiça cobrando o que considerava justo, mas a quantida foi contestada pela defesa do clube, que classificou o montante como "exorbitante".

A cronologia das negociações mostra que os primeiros encontros tiveram oferta baixa e poucos acordos. A sugestão era de R$ 2 milhões por dano moral a cada família, mas o Flamengo fez uma contraproposta, que girava em torno de R$ 300 mil a R$ 400 mil.

Os dirigentes também ofereceram uma pensão mensal equivalente a um salário mínimo por dez anos. Isso significava 10% do que foi proposto, que era de pensão de R$ 10 mil por 30 anos.

O Flamengo recebeu críticas, principalmente ao divulgar nota oficial reforçando a postura. O acordo coletivo não aconteceu, fazendo com que o clube partisse para negociações individuais.

Um teto foi estipulado pelo clube: cada mãe e pai casados teriam direito a um valor pouco acima de R$ 1 milhão, com pensão de longo prazo.

O total se aproximava de R$ 2 milhões, e era de metade do valor para cada familiar caso a guarda fosse dividida. Até 2020, o Flamengo acertou com quatro famílias. Com mudanças nas propostas, sete famílias das vítimas recusaram, enquanto as famílias de Vitor Isaías, Áthila Paixão e Gedson Santos foram as primeiras a aceitar.

O pai de Rykelmo foi o quarto familiar a dar um basta nas negociações depois de tanto sofrimento. A Justiça determinou que o Flamengo seguisse pagando R$ 10 mil por mês aos familiares sem acordo, além de pagar tratamento psicológico, assim como para as famílias dos sobreviventes.

Na sequência, o clube intensificou as negociações, o que foi importante para assinar contrato de indenização com as famílias de Arthur Vinícius, Bernardo Pisetta, Jorge Eduardo Santos, Pablo Henrique da Silva Matos e Samuel Thomas Rosa. Dessa forma, 2021 se encerrou com 25 acordos entre as 26 famílias.

Faltava apenas a de Christian. A família do arqueiro de 15 anos pedia R$ 9,3 milhoes divididos em R$ 5,4 milhões por danos morais, além de R$ 3,9 milhões de pensão. Era cobrado o valor à vista, o que o clube não quis fazer.

A defesa flamenguista desejava pagar R$ 150 mil e 500 salários mínimos, o que dava em torno de R$ 499 mil por danos morais, além de juros. Finalmente, em fevereiro de 2025, com dois meses da gestão de Bap, o acordo aconteceu. Em nota, a família de Christian diz que a gestão teve "postura mais empática e consciente".

Processo criminal e réus excluídos

O processo criminal se arrastou enquanto o Flamengo negociava com as famílias. Após a denúncia, em 2021, se iniciou a coleta de provas e depoimentos.

A necessidade de ouvir dezenas de testemunhas, complexidade técnica de engenharia e perícia, e até a pandemia de Covid-19, atrasou o judiciário.

A primeira audiência de julgamento só aconteceu em agosto de 2023. Ou seja, quatro anos e meio após a Tragédia no Ninho do Urubu.

Foram ouvidas 21 testemunhas de acusação. Algumas delas, figuras do alto escalão flamenguista, como Reinaldo Belotti, ex-CEO do clube, e Alexandre Wrobel, ex-vice de Patrimônio do Flamengo.

A segunda audiência só aconteceu em abril de 2024, com 12 testemunhas de acusação. Cinco jovens sobreviventes estiveram nesse meio: Caike Duarte, Filipe Chrysman, Naydjel Callebe, Pablo Ruan e Gabriel de Castro. Eles rememoraram a noite trágica.

Em outubro de 2024, ou seja, há um ano, a terceira audiência: 12 testemunhas de defesa. Depois dessas etapas, começaram os interrogatórios  dos réus, no fim do ano passado.

Tudo isso ilustra a lentidão do processo, que após mais de seis anos do incidente, segue sem responsabilizados.

Com isso, alguns réus acabaram escapando do processo. Os motivos foram diversos. Dos 11 denunciados, apenas sete enfrentaram a Justiça.

O monitor Marcos Vinícius Medeiros foi absolvido ainda na fase inicial do processo, antes das audiências de instrução. As circunstâncias disso não foral divulgadas, mas se presume que o juiz não tenha tido elementos suficientes para responsabilizá-lo. Ele deixou de responder em 2021.

O engenheiro Luiz Felipe Pondé, e Carlos Noval, ex-diretor de base, tiveram suas denúncias rejeitadas pelo juiz em primeira instância. Eles não chegaram a se tornar réus formais. O MP recorreu da decisão, mas a rejeição foi mantida em março do ano passado.

O ex-presidente Eduardo Bandeira de Mello foi réu durante a maior parte do período. Mas em fevereiro desse ano, teve o nome retirado da ação penal após determinação da Justiça. O motivo foi técnico-jurídico: EBM completou 70 anos em 2024. O Código Penal faz com que os prazos de prescrição se reduzam pela metade. Ou seja, como a pena máxima é de sete anos, o prazo de prescrição seria de oito anos. Para Bandeira, seria de quatro. Sua punição foi, legalmente, impossibilitada.

Dessa forma, foram mantidos sete réus até o fato mais recente, em outubro de 2025: Garotti, Marcelo de Sá, Danilo, Fábio, Weslley, Claudia e Edson. Rodolfo Landim jamais foi indiciado ou denunciado criminalmente. Sua gestão tinha apenas 40 dias quando a Tragédia do Ninho do Urubu aconteceu.

Julgamento final e absolvição

O desfecho se deu na última terça-feira (21), quase sete anos após o ocorrido. Tiago Fernandes de Barros, juiz responsável pelo caso, proferiu a sentença.

Os sete réus que ainda respondiam ao processo em liberdade, foram absolvidos em primeira instância. O magistrado julgou a ação improcedente, livrando os sete nomes de culpa penal.

Vale lembrar que o MP já anunciou que vai recorrer dessa decisão. Assim, o processo ainda pode voltar a ser julgado, e os réus ainda não podem dormir tranquilos. Mas, em um primeiro momento, eles foram totalmente absolvidos.

O resumo das 227 páginas da sentença é de que não há provas suficientes de conduta culposa por parte dos sete réus. O argumento é que, apesar da origem técnica do incêndio, ou seja, o curto-circuito no ar-condicionado, Tragédia no Ninho do Urubu envolveu "múltiplos fatores técnicos e estruturais".

Dessa forma, a visão do juiz é de que isso invibializa a atribuição de culpa penal a pessoas dentro do Direito Penal.

"O Direito Penal não pode converter complexidade sistêmica em culpa individual", de acordo com o parecer. A insinuação é de que a Tragédia no Ninho do Urubu aconteceu por diversas circuntâncias, mas não de omissão ou ato de algum dos réus.

Cada réu, inclusive, teve sua situação analisada pelo juiz. A conclusão é de que as atribuições específicas de cada um não incluíam prevenir incêndio, faltando provas para vincular tais ações.

A sentença levanta que Marcelo de Sá poderia não saber sobre o alvará vencido. A falta de alvará "não redunda no incremento do risco de haver ignição em um ar-condicionado", segundo o documento.

Márcio Garotti foi destacado pelo juiz como economista sem expertise técnica, alegando que sua única função era liberar verbas.

Danilo, Fábio e Weslley, segundo a Justiça, tinham funções delimitadas, e nenhum tinha o poder de criar projetos de segurança contra incêndio.

Claudia, por sua vez, que assinou o contrato de locação dos contêineres, também não teria formação técnica e não interferiu nas instalações, segundo a visão do juiz. Edson Colman também se livrou por "insuficiência de provas".

Sem nenhuma negligência concreta, nenhum dos sete réus foram responsabilizados.

Agora, resta aguardar o MP recorrer e ficar de olho no que vem a seguir. Fato é que os Nossos Dez jamais devem ser esquecidos, e os Garotos do Ninho vitimados na Tragédia do Ninho do Urubu ainda aguardam por responsabilização e justiça. Principalmente por parte de seus familiares, que ainda sofrem diariamente com a saudade.

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