Tudo que dá pra dizer sobre quem assinou melhor contrato de televisão: Grêmio ou Inter?
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O Grêmio assinou contrato com a Libra. A Libra assinou com a Globo. Contrato de cinco anos. E todas as mídias serão exclusivas da Globo. Vale pra Tv aberta, pro Sportv, Premiere e qualquer outra mídia que existir. Tudo é da Globo. Para isso, a emissora pagará pouco mais de R$ 1 bilhão para os oito clubes da Libra, na Série A, dividirem (era R$ 1,3 bilhão, mas o Corinthians saiu e o valor baixou).
Vale lembrar que, no Brasil, existe a “Lei do Mandante”. Então, o clube mandante da partida é quem escolhe qual veículo vai transmitir seu jogo. Ou seja, toda partida do Grêmio, na Arena, vai ser a Globo. E é esse o contrato assinado pelo Tricolor.
O Inter assinou com a Liga Forte, que vendeu 20% para um investidor. Pela sua parte, o Inter ganharia R$ 218 milhões para vender estes 20% das receitas pelos próximos 50 anos. Só que agora vem a informação que o investidor estaria disposto a sair e não completar os 20%. Eles pagaram só R$ 109 milhões no ano passado, tem mais duas parcelas, uma agora em outubro e outra na metade do ano que vem. E o Meneghetti tem a informação que o investidor tá afim de sair. Se sair, o Inter perde R$ 109 milhões, mas teria “apenas” 10% das receitas de televisão empenhadas por 50 anos. Não há nada decidido, mas é assim que essa parte tá andando.
Só que a galera da Liga Forte decidiu que não vai vender tudo para a Globo. Então, eles fatiaram a coisa. Por exemplo, a Record pegou os direitos de TV aberta e o Youtube (deve ser Cazé TV). Ambos, Record e Cazé irão transmitir sempre o mesmo jogo da rodada. Para isso, cada um pagará R$ 210 milhões por ano. Ou seja, somando a dupla, dá R$ 420 milhões apenas pela Record e Cazé, que irão transmitir sempre a mesma partida. O outro contrato que foi fechado, foi com a Amazon. A gigante americana assinou que terá sempre um jogo exclusivo para o Prime Vídeo por R$ 350 milhões. Só nestes dois pacotes, a Liga Forte tem garantidos R$ 770 milhões.
Só que isso não é tudo. Em média, pela quantidade de clubes envolvidos, a tendência é que a Libra tenha quatro jogos por rodada e a Liga Forte seis jogos por rodada (isso é média, depende de quem for mandante naquela rodada, mas é a média). Só que a Liga Forte tem apenas dois jogos comprometidos até então. Um com a Record/Cazé e outro com a Amazon. Eles ainda tem mais quatro jogos sobrando. E aqui vem o pulo final da Liga Forte. Eles estão tentando vender bem estes quatro jogos restantes. Existem alguns possíveis compradores. Tem a ESPN, um possível canal do Mercado Livre e, acredite, até o Premiere tentando fechar. Motivo? O Premiere precisa ter jogos para ofertar. Afinal, hoje, eles só teriam os quatro partidas pra oferecer. Se, por ventura, o Grupo Globo conseguir comprar mais estes quatro jogos da Liga Forte, fica com 8 ou até 9 partidas por rodada pra exibir no Premiere (só não teria a da Amazon, que garantiu exclusividade. Dá pra fazer acordo até com a partida da Record).
Porém, a galera do Forte precisa de dinheiro. Eles sonham em vender por R$ 900 milhões esse pacote de quatro jogos por rodada (dá 152 partidas, ao todo, no campeonato). E esse valor é bem alto pra Globo.
Se, por ventura, o Forte conseguir vender por estes R$ 900 milhões, vão somar com os R$ 770 milhões garantidos, e chegam a R$ 1,6 bilhão em receitas. Um valor muito maior que a Libra. Só que, lembrando, é bem improvável a Globo pagar tanto assim. Quase impossível. Outra, não podemos esquecer que, na teoria, desdes R$ 1,6 bilhão, 20% (ou quem sabe 10%) vão para o parceiro que citei ali em cima, lembra? Se for mesmo os 20%, já cai pra R$ 1,3 bilhão. E a Liga forte tem mais clubes. Ou seja, a divisão será maior.
Por fim, no contrato da Libra, todos os valores agregados de patrocínio serão da Globo. Exemplo, a venda do merchan que rola na hora do gol ou do troféu de melhor em campo, tudo é da Globo. Os clubes não ganham nada mais por isso. Na Liga Forte, essa parte será vendida pelo parceiro que comprou os 20% e fatiada entre os clubes. Pode parecer pouco, mas um merchan de melhor em campo pode render coisa de uns R$ 15 milhões por campeonato. E aí entra mais dinheiro.
Por todas essas diferenças, é muito, mas muito difícil cravar, sem medo de errar, quem fez o melhor contrato. A gente teria que ter acesso a exatamente todas as cláusulas dos dois lados pra saber. Diria mais, acho que só teremos alguma noção ao final de 2025, quando tivermos o balanço de quanto cada um recebeu (e isso ainda pode enganar porque há premiação pela posição no Brasileirão e isso sempre muda as coisas).
Aqui, nessa entrevista, o Allan Simon, especialista em mídia esportiva, conta tudo que sabe sobre os contratos: