Como foi organizada a final da Taça de 2025? «Havia pressão pelo que aconteceu 29 anos antes» | OneFootball

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·15. Oktober 2025

Como foi organizada a final da Taça de 2025? «Havia pressão pelo que aconteceu 29 anos antes»

Artikelbild:Como foi organizada a final da Taça de 2025? «Havia pressão pelo que aconteceu 29 anos antes»

O segundo dia do S4 Congress, evento promovido pela Autoridade para a Prevenção e o Combate à Violência no Desporto e do qual o zerozero é parceiro, iniciou-se com um painel no qual foi analisada a organização da final da Taça de Portugal de 2025, partida na qual o Sporting bateu o rival Portugal no prolongamento.

Carlos Lucas, diretor de competições e eventos da Federação Portuguesa de Futebol, foi um dos oradores e começou por traças as linhas gerais dos desafios associados ao ato de se organizar um jogo deste género.


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«Os princípios da final de Taça aplicam-se a vários outros eventos. Ainda assim, quando estamos a organizar um evento destes somos como empregados de café ou prestadores de serviços. No Jamor temos de prestar serviços às equipas, aos adeptos...», vincou, acrescentando que as primeiras reuniões aconteceram em janeiro e apresentando alguns números da final de 2025:

  • 700 ARDs (seguranças)
  • Mais de 800 elementos da PSP
  • 120 Cruz Vermelha + 120 Bombeiros
  • 10 Contentores Serviços ao Público
  • Operação de Gestão de Resíduos: 65 mil litros
  • 3 km de vedação + 10 km de cabos de TV
  • 7.920 litros de água

O dirigente destacou ainda outro aspeto que foi importante para a Federação Portuguesa de Futebol: «Certas coisas não dependem de nós: o que se poderia passar na discussão do título duas semanas antes podia ter impacto na final da Taça de Portugal. A FPF não tinha controlo sobre isso, mas tinha conhecimento da situação e estava preparada para reagir.»

Por seu lado, Marco Abreu, consultor de segurança que trabalhou vários anos com a FPF, realçou outros aspetos.

«Estudámos diversos cenários para a final, analisámos o que fizemos no passado para perceber o que podíamos repetir ou fazer melhor. Um dos dados desta final é que não haveria autocarros a vir do norte, a probabilidade de termos autocarros era diminuta. Ou seja, as pessoas viriam pelos próprios meios e não podíamos ter uma zona de parque menor do que a outra. Assim sendo, fomos procurar alternativas para contornar isso», asseverou, indo depois a um ponto incontornável desta final:

«Sabíamos da pressão que tínhamos este ano em concreto, pelo jogo em si e pelos riscos que este acarretava- dizia-se que era aquele jogo que não ia correr. Se há 29 anos houve um morto, este ano ia ser uma catástrofe. Todos nós, em algum momento, pensamos nisso, mas falámos durante meses.»

De resto, questionado sobre se o facto de os adeptos do Benfica terem sido na bancada norte e os adeptos do Sporting na bancada sul teve algo a ver com a tragédia da final de 1996, o consultor foi perentório. «A alocação doa adeptos é consultada entre todos os parceiros e responsáveis, considerando fatores de segurança. Quando não há uma preferência, que no fundo foi o que aconteceu, olhamos para o histórico, para a localização em ficaram na última vez que foram ao Jamor. É uma questão de rotatividade», explicou.

Características do estádio são desafio

Carla Duarte, comandante da divisão policial de Oeiras, também marcou presença neste painel e destacou algumas das dificuldades que as autoridades policiais sentiram.

«Houve um grande reforço do policiamento na zona das vedações. Dentro de campo tivemos alguns problemas relacionados com as características do campo. Houve momentos em que os jogadores se aproximaram muito da berma e os adeptos. Essa é uma situação que tem de ser repensada para o futuro. Quando o Sporting fez o empate, saiu do nosso controlo. Há muita energia no ar no seio dos adeptos e penso que, no Estádio Nacional, é algo que tem de ser pensado para o futuro», vincou, acrescentando ainda que uma das mensagens mais passadas tantas para polícias como para ARDs esteve relacionada com a «necessidade de se resistir a provocações».

Carlos Lucas, da FPF, também se pronunciou sobre as especificidades do Estádio Nacional: «Quando dizem que o Jamor não tem condições de segurança por causa das infraestruturas temporárias que colocamos… Quando fazemos uma Supertaça no Algarve, o número de estruturas temporárias que colocamos é idêntico. O Jamor tem algumas especificidades que o tornam mais complicado em termos de segurança, principalmente por causa da mata- provavelmente há mais ocorrências de entorses do que em qualquer outro estádio. No entanto, também tem aspetos positivos: conseguimos ter mais pessoas dentro do estádio mais cedo porque elas estão nas imediações do estádio desde o dia anterior.»

Segurança médica sempre presente

O quarto orador foi Tiago Augusto, coordenador da Unidade de Planeamento de Eventos, Protocolo de Estado e Gestão de Crises do INEM, também prestou alguns esclarecimentos sobre a forma de atuação das unidades de pronto-socorro.

«Não temos uma ambulância em cada esquina, portanto é fundamental o planeamento que o promotor, os parceiros e o próprio dispositivo fazem. É importante garantir que o dispositivo médico é suficiente porque há sempre incidentes. Perante isto, o INEM tem de ter uma visão macro sobre o evento: tem de perceber qual é o nível de stress que o vai sofrer naquela área e que medidas deve implementar. Olhando para a Taça de Portugal, todos os anos são uma aprendizagem: há ocasiões em aumentamos o número de operacionais e outras em que diminuímos, depende sempre do grau de risco do encontro», rematou.

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