Leonino
·27. Oktober 2025
Lateral com 40 jogos pelo Sporting admite depressão: "Antes de chegar a Lisboa era uma mer**"

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·27. Oktober 2025

Cristiano Piccini terminou a carreira no passado mês de setembro. O antigo jogador do Sporting revelou ter passado por um período de profunda depressão, que teve início ainda no Betis e afetou a sua chegada a Alvalade, na temporada 2017/18.
"Achei que era a mesma coisa que o Spezia, Carrarese, Livorno... E não. Eu era uma criança. Uma bebida aqui, um cigarro ali... E tudo acabou por ir parar ao Twitter. Fui massacrado [pelos adeptos] porque não era visto como profissional - e eles tinham razão. Fisicamente eu era um prodígio, não precisava de comer nem treinar bem. Nem dormia e treinava duas vezes mais do que os outros. Mas depois chegou a hora de pagar o preço, tive problemas com os adeptos", disse à La Gazetta dello Sport.
Piccini recordou também a relação tempestuosa com os béticos: "Rompi o ligamento cruzado depois de 18 jogos a titular, quando era um dos melhores laterais da La Liga. Voltei 6 meses depois e a cada pequeno erro linchavam-me, Escreviam coisas horríveis sobre mim no Instagram e no Twitter. Eu lia e sentia-me mal. Voltei de lesão, fiz três golos e três assistências e eles continuavam a atacar-me. Contra o Leganés marquei o 2-1 e gritei: 'Calem a boca, seus filhos da p***'. Leram os meus lábios e acabou aí".
"Entrava no Twitter, escrevia 'Piccini' e tinha o dia estragado. Cinco deles podiam dizer coisas boas e três coisas más, mas eu concentrava-me nesses três. Durante muito tempo não consegui lidar com isso. Depois assinei pelo Sporting e, antes mesmo de chegar a Lisboa, já era um jogador de mer**. Os adeptos do Betis escreviam isso e os do Sporting liam", assumiu, ainda que tenha conseguido fazer o 'clique' de leão ao peito, às ordens de Jorge Jesus: "Aí disse chega. Ia jogar a Liga dos Campeões e não podia estar com esse veneno na cabeça, gerado por pessoas que não me conheciam. Desliguei tudo e fiz uma grande temporada. O Valencia comprou-me depois".
Em Valencia, Piccini voltou a lesionar-se e tudo descambou novamente: "Depressão, erros, dor, desespero. Foi muito difícil. Passei muitos meses sem ser eu mesmo. Super agressivo, irritado com o mundo, ninguém me suportava por causa do nervosismo e da negatividade que eu demonstrava. Andava triste e deprimido, não tenho vergonha de o dizer. Quando estava no Sporting, comecei a fazer ioga e encontrei um professor com quem conversar. Senti-me bem e isso fez-me sentir melhor. Comecei a partir daí. Quando entras neste ciclo de m****, não queres fazer nada, não queres falar com ninguém, não queres parecer fraco. Pensamos que somos super-heróis, mas não somos. Não queremos demonstrar fraqueza, mas é fundamental. Tens de ser honesto contigo próprio, tens de te libertar da m**** que tens dentro de ti", admitiu.
Para terminar, Piccini referiu que os futebolistas deviam ter mais apoio psicológic: "Esqueçam a questão de se ganhar muito dinheiro e o resto, casas bonitas, carros bonitos, relógios bonitos... Quando se deixa alguém sozinho com dor, ele fica mal. O clube, assim como faz com o fisioterapeuta quando há uma lesão, deveria ter alguém que possa ajudar a assimilar este processo e depois a superá-lo. 'Porque é que isto aconteceu comigo? O que é que eu fiz para merecer isto? Agora que estou ótimo, que tenho tudo, até mesmo recém-casado, tenho de estar assim, sozinho, e não sei como lidar com esta situação.' Não sei o que é certo e o que é errado. Os clubes deveriam ajudar os jogadores a não se sentirem tão sozinhos. Não somos um contrato que pesa quando nos lesionamos, somos um trunfo para o clube".









































