MundoBola
·4. Dezember 2025
O maior clube do Brasil aceitou a sua vocação de gigante

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É preciso admitir que, quando o ano de 2019 aconteceu, ele pegou de surpresa mais de uma geração de rubro-negros. Porque existia, é claro, toda a parcela da nossa torcida que viu a equipe dos anos 80, aquele time que tinha Zico, Junior, Leandro, Adílio e Andrade, entre outros. Eles acompanharam o melhor Flamengo que havia existido, eles viram a maior conquista que pode ser realizada, eles testemunharam o ideal platônico e utópico do rubro-negrismo na prática, então pra eles a barra, é claro, era diferente.
Mas para toda uma geração que amadureceu depois disso e não conseguiu acompanhar nem os últimos respiros daquele time, como o título brasileiro de 1992, a experiência de Flamengo era outra. Não que não ganhássemos coisas, não que não levantássemos taças, porque o maior jejum rubro-negro normalmente ainda é mais vencedor que a era de ouro de outros clubes. Mas havia sempre algo de caótico, de perigoso, de dramático nas nossas conquistas. Sobravam gols inesperados, heróis improváveis, temporadas heróicas seguidas de anos profundamente anti-climáticos.
O clube vencia, o clube conquistava, mas sempre de maneira instável e no que pareciam ser espasmos de sucesso em meio ao caos generalizado, criando até uma visão distorcida de que o Flamengo não era campeão apesar dessa bagunça, mas sim de que essa bagunça era essencial pra que o time fosse campeão.
E então veio 2019. E não que não tenhamos tido o drama, não que não tenha sobrado heroísmo, não que a conquista não tenha tido seus sobressaltos. Mas pela primeira vez em muito tempo o Flamengo era superior, era organizado, e ainda que, como dizia Nelson Rodrigues, “sem sorte não se chupa nem um chicabon” foi possível ver que não tínhamos ali um raio que não ia cair duas vezes no mesmo lugar mas sim um bem construído e posicionado imã de taças.
Muitas taças. 18 delas, desde 2019, com três Libertadores, três Brasileiros e duas Copas do Brasil, números que nem mesmo aquela geração de Zico atingiu. E números que deixam claro que 2019 não foi o ano em que nos permitimos sonhar, mas sim a temporada em que finalmente acordamos desse pesadelo em que o Flamengo era um clube de espasmos, de surtos, jogando mais contra as próprias limitações do que contra os adversários.
E o gol de Samuel Lino - a mais cara contratação da história rubro-negra - que nos garantiu o nono título brasileiro, poucos dias depois do quarto título continental, é mais um reflexo disso. De um clube que se organizou para entrar como favorito em tudo e de um elenco tão forte que os “heróis improváveis” são jogadores de seleção brasileira ou ex-titulares de gigantes europeus.
O Flamengo hoje se planeja para ser o maior, monta times pensando em ser o maior e conquista títulos que permitem se ver como o maior. Somos o clube brasileiro com mais títulos da Libertadores, somos o clube com mais conquistas na chamada “era moderna” do Brasileirão - quando não dava mais pra ser campeão em seis jogos vencendo a Liga da Marinha e o Metropol de Criciúma - e precisamos de apenas mais uma Copa do Brasil para ficar empatados como o clube que mais tem conquistas também nessa competição.
Finalmente ajustamos nossas atitudes, nossas ambições e nossos jogadores ao nosso tamanho e estamos recuperando todo o tempo que foi perdido quando o Flamengo parecia não querer ser tão Flamengo assim. Porque finalmente entendemos que 2019 não foi um sonho, 2025 não foi um ponto fora da curva e nada do que aconteceu nesse meio tempo foi por acaso. Uma equipe rubro-negra forte e campeã? Amigos, esse é apenas o novo normal. E que sorte a nossa poder testemunhar isso.









































