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·8. September 2025

Zico lamenta morte de presidente que o vendeu: 'Reconheço a importância'

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No último domingo (7), morreu Antônio Augusto Dunshee de Abranches, presidente do Flamengo no ano mágico de 1981. Aos 88 anos, ele faleceu em decorrência do mal de Alzheimer. Em meio às homenagens, Zico, maior ídolo do clube, deixou sua mensagem.

"Hoje Deus levou um grande ex-presidente do Flamengo. Que ele descanse em paz e Deus conforte os familiares. Tive problemas pessoais com ele, mas reconheço a importância dele para nossa geração", publicou Zico em suas redes sociais.


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A gestão de Dunshee de Abranches, entre 1981 e 1983, é sinônimo da era mais vitoriosa do Flamengo. Sob seu comando, o clube conquistou o Campeonato Carioca, a Libertadores e o Mundial em 1981, além dos Campeonatos Brasileiros de 1982 e 1983.

Contudo, essa mesma administração foi palco de uma crise que culminou na polêmica venda de Zico para a Udinese-ITA, e na posterior renúncia do presidente.

Relação de Dunshee e Zico

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Foto: Reprodução / O Globo

A relação entre Dunshee e Zico começou de forma promissora. Logo no início de seu mandato, em 1981, o presidente enfrentou sua primeira grande prova: a renovação de contrato do Galinho. Aos 28 anos e cobiçado pelo Barcelona, Zico era a joia da coroa rubro-negra.

A negociação foi tensa, mas Dunshee se mostrou determinado. Para viabilizar o pagamento de 50 milhões de cruzeiros em luvas, uma fortuna na época, o presidente buscou uma solução de marketing inovadora.

Com o auxílio de Giulite Coutinho, então presidente da CBF, fechou uma parceria com a Coca-Cola, que não apenas garantiu a permanência do craque, mas também rendeu um contrato publicitário particular para Zico.

A aposta se pagou com juros. Com Zico garantido no time, o Flamengo viveu seu ano de ouro, culminando na histórica vitória por 3 a 0 sobre o Liverpool em Tóquio, que deu ao clube o título mundial.

Impacto da venda do Galinho

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Foto: Acervo O Globo

O "inferno" na relação veio em junho de 1983. No auge, recém-consagrado tricampeão brasileiro, Zico foi vendido para a Udinese por US$ 4 milhões. A notícia caiu como uma bomba para a torcida.

A diretoria justificou a decisão com o alto valor da proposta e o risco de perder o jogador de graça ao final do contrato seguinte, quando ele teria o "passe livre".

A condução do processo, no entanto, foi desastrosa e arranhou permanentemente a imagem do presidente com o ídolo e a torcida. Centenas de torcedores invadiram a sede do clube aos gritos de "Ih, ih, ih, se vender vai explodir".

O ponto de maior atrito foi a postura de Dunshee. Em um impasse, o presidente declarou que só assinaria a venda se Zico admitisse publicamente o desejo de sair. Enquanto isso, o craque rebatia, afirmando que só assumiria a responsabilidade se o Flamengo declarasse não ter condições de mantê-lo.

Símbolo da crise

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Foto: Acervo/ O Globo

O episódio que se tornou o símbolo da crise foi uma sequência de fotos publicadas na capa de O Globo. Em uma, Dunshee aparecia sorrindo; na outra, simulava chorar sobre a camisa 10 de Zico. A imagem foi interpretada pela torcida como "lágrimas de crocodilo", um gesto de cinismo que nunca foi perdoado.

"Ele era uma pessoa muitas vezes irônica, então a questão da camisa foi algo desnecessário. Mas o respeito ao presidente do Flamengo sempre existiu. Não foi o problema da venda, mas o gesto", afirmou Zico em uma entrevista ao Globo Esporte em 2023.

A pressão se tornou insustentável. Após uma derrota por 3 a 0 para o Botafogo, Dunshee de Abranches foi hostilizado no vestiário. Escoltado pela polícia, deixou o Maracanã para anunciar sua renúncia, quatro meses antes do fim do mandato.

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