Portal dos Dragões
·25 maggio 2025
Rui Quinta diz que FC Porto não ganhou com mudanças técnicas e deixa aviso a Villas-Boas: “Não poderá dirigir pela onda, pela manada”

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O FC Porto tem lições significativas a tirar do desempenho insatisfatório na edição 2024/25 da I Liga de futebol, que a mudança de Vítor Bruno para Martín Anselmi não conseguiu corrigir, afirma o ex-treinador-adjunto Rui Quinta.
“Os factos demonstram que a mudança não teve impacto e não trouxe qualquer melhoria ao desempenho da equipa que permitisse a ilusão de lutar por troféus. A única opção que resta agora é analisar o que foi feito, refletir e aproveitar para evoluir, de modo a que, no futuro, o clube consiga demonstrar mais competência e alcançar melhores resultados”, destacou à agência Lusa o técnico, que foi assistente de Vítor Pereira no último bicampeonato ‘azul e branco’, de 2011 a 2013.
O FC Porto repetiu a terceira posição de 2023/24, somando 71 pontos, 11 a menos que o bicampeão Sporting e a nove do ‘vice’ Benfica, na primeira época sob a presidência de André Villas-Boas, que sucedeu a Pinto da Costa após 42 anos e 15 mandatos.
“Entendo o entusiasmo, a paixão, a dedicação e a ligação ao clube, mas quem lidera tem de o fazer com convicções e ideias. Não pode liderar por modas, por massas ou com base no que parece. A diferença, o caminho e a nossa liderança definem-se nos momentos em que as coisas não correm como desejado e, este ano, o primeiro sinal foi a mudança de treinador”, recordou.
Ex-adjunto de Sérgio Conceição, com quem teve uma conturbada separação no final da época passada após 12 anos, Vítor Bruno foi promovido a treinador principal e conquistou a Supertaça Cândido de Oliveira na sua estreia, derrotando o Sporting (4-3, após prolongamento), revertendo uma desvantagem de três golos e conquistando o único troféu da época 2024/25.
Entretanto, essa expectativa foi-se desvanecendo, uma vez que o FC Porto foi eliminado pelo Moreirense na terceira ronda da Taça de Portugal, perdeu para os ‘leões’ na meia-final da Taça da Liga e não conseguiu liderar o campeonato, trocando Vítor Bruno por Martín Anselmi em janeiro, após este ter saído em litígio do Cruz Azul, no México.
“Questiono-me frequentemente se se quer ter razão ou ser campeão. Esta é a pergunta que deve guiar quem lidera. Por mais razão que possamos ter, quem joga são os atletas e, quando não se sentem protegidos ou acompanhados, retraem-se para não se expor e evitam ser criticados. Normalmente, isso resulta em desempenhos fracos como equipa”, observou Rui Quinta.
Martín Anselmi introduziu uma defesa com três centrais, mas a equipa perdeu mais pontos após a mudança do que nos cinco meses anteriores com Vítor Bruno (15 contra 14), que utilizava uma tática de ‘4-2-3-1’ e foi interinamente substituído pelo diretor da formação do clube, José Tavares, após a 18.ª jornada.
“Neste momento, as circunstâncias são especiais, pois o contexto não é favorável. Acredito que, ao fazer uma mudança, por mais difícil que seja, é necessário criar condições para que as pessoas possam expressar as suas ideias. Quem está no clube deve analisar se o tempo permitirá que a expectativa em torno da nova liderança técnica leve a equipa a ser a de um clube que vive para vitórias e troféus”, sublinhou, ciente de que “o grande desafio” de Martín Anselmi é “entusiasmar todos os jogadores com as suas convicções”.
Rui Quinta, de 64 anos, admite que o FC Porto “teve oportunidades para se destacar”, mas não conseguiu, enfrentando rivais “mais competentes” e falhou a qualificação para a Liga dos Campeões pela segunda vez consecutiva, tendo de seguir para a Liga Europa, onde foi eliminado este ano pela Roma no play-off de acesso aos ‘oitavos’.
“O impacto é a diminuição de receitas, mas é uma oportunidade única para explorar soluções que, muitas vezes, o dinheiro não permite considerar. É necessário olhar para a realidade e entender como aproveitar essa situação a favor do clube. Não se trata de palavras ou histórias, mas de trabalhar para que os jogadores se desenvolvam e conquistem, em equipa, o que está em jogo”, concluiu, citando o jovem Rodrigo Mora, que marcou 10 golos e fez quatro assistências em 32 jogos.