A história do menino que ofereceu um “abraço de alma” ao goleiro Unsain, após a derrota do Defensa y Justicia para o Boca | OneFootball

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·22 de agosto de 2022

A história do menino que ofereceu um “abraço de alma” ao goleiro Unsain, após a derrota do Defensa y Justicia para o Boca

Imagem do artigo:A história do menino que ofereceu um “abraço de alma” ao goleiro Unsain, após a derrota do Defensa y Justicia para o Boca

Ezequiel Unsain não escondia a frustração no Estádio Tito Tomaghello. O Defensa y Justicia empatava com o Boca Juniors até os 47 do segundo tempo, quando um gol de Luis Vázquez determinou o triunfo xeneize por 1 a 0. Capitão dos auriverdes e símbolo da ascensão recente do clube, Unsain lamentava ajoelhado no gramado. Foi quando um menino que invadiu o campo gerou uma das cenas mais ternas já vistas no futebol: também se ajoelhou e abraçou o arqueiro. Ambos ficaram ali por alguns segundos, antes de se levantarem e saírem caminhando abraçados, ao lado do zagueiro Nazareno Colombo. Tudo mais emblemático ao ocorrer na data em que se comemora o Dia das Crianças na Argentina – o que gerou até ações especiais do clube na noite.

O detalhe é que Unsain não conhecia o menino, conforme relatou depois. O garoto estava ali por compaixão e apoio incondicional ao seu clube, ao seu ídolo. Que a invasão não devesse acontecer em circunstâncias normais, que bom que ocorreu, para proporcionar uma imagem tão forte. O Defensa y Justicia divulgou uma mensagem nas suas redes sociais, para entrar em contato com a criança. Seu nome é Tiziano Carrizo, conforme identificou uma rádio local. Tem 12 anos e é fanático pelo clube.


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“Disse a Unsain para que não chorasse, que no futebol se ganha e se perde”, afirmou Tiziano, em entrevista à Rádio DSports. “Eu me emocionei muito, porque ele estava triste e chorando. Queria pedir a camisa. Eu pretendo ser goleiro como ele”. Apesar do sonho de ser goleiro, o menino atua no meio-campo de um clube de bairro. Unsain daria seu par de luvas ao fã no Dia das Crianças. Pela intenção do Defensa y Justicia em reencontrar o garoto, é bem possível que receba outros tantos presentes em breve.

Num país como a Argentina, em que a identidade do futebol é tão ligada aos bairros, mais notável ainda que tudo aconteça no Defensa y Justicia – uma equipe que ascendeu exatamente a partir do empenho da comunidade local em Florencio Varela. “Meu pai sempre me leva ao estádio. Eu me lembro das primeiras vezes que ele me levou, que colocou uma camiseta. Eu me assustava um pouco com o barulho dos tambores, mas depois me acostumei”, relatou o garoto.

Segundo o pai de Tiziano, Daniel Carrizo, todos em sua família são sócios do Defensa y Justicia. Neste domingo, desde o primeiro minuto o menino dizia que entraria em campo, mas o pai não acreditava que isso aconteceria. “Ele é fanático por Unsain e leva bandeiras, cartazes, mas nunca se passou nada. Ele tinha comentado, antes da partida, que ia cumprir seu sonho e num momento falou que ia ao vestiário. Mas eu só me dei conta quando ele subiu o alambrado e estava com metade do corpo para dentro. Eu o vi entrar correndo, gritei e ele não me escutou. Depois, os seguranças o acompanharam e eu o esperei no portão”, contou Daniel.

A cena, além do mais, ganha simbolismo pela fotografia mais famosa do futebol argentino. Em 1978, logo após a conquista da primeira Copa do Mundo pela Albiceleste, um torcedor sem os braços se aproximou para comemorar com Ubaldo Fillol e Alberto Tarantini, ajoelhados no gramado. Era o chamado “abraço de alma”, capturado magnificamente pelas lentes de Ricardo Osvaldo Alfieri. O torcedor, Víctor Dell’Aquila, virou uma figura célebre nos estádios do país. De certa maneira, Tiziano Carrizo e Ezequiel Unsain recriam a cena.

O Defensa y Justicia faz uma campanha morna no Campeonato Argentino, no 23° lugar, com 15 pontos em 15 rodadas. Passa longe do impacto de outros anos recentes na tabela. Entretanto, essa será a temporada lembrada por um abraço. Um abraço que diz bastante sobre o sentimento que conduz o clube, e o futebol como um todo.

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