Trivela
·10 de setembro de 2022
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Quando Davide Santon entrou em campo para enfrentar Cristiano Ronaldo, em 2009, era considerado uma das grandes promessas do futebol italiano. Surgido na base da Internazionale, era chamado de “novo Facchetti”, uma referência a um lateral histórico que se eternizou como ídolo do clube. Aos 31 anos, Santon anunciou a aposentadoria do futebol ao dizer que seu corpo não pode mais aguentar ser um atleta profissional, tamanhos os danos pelas lesões.
Santon nasceu em Portomaggiore, cidade ao leste de Bolonha. Foi formado na base da Inter e se profissionalizou no ano de 2008. Foi José Mourinho quem o colocou no time principal e foi escalado como titular nas oitavas de final contra o Manchester United, no dia 24 de fevereiro de 2009. Era um jogo da Champions League que a Inter enfrentava o então campeão europeu, com o melhor jogador do mundo, Cristiano Ronaldo.
Foi no jogo de ida, um 0 a 0 em San Siro, que Santon conseguiu anular Cristiano Ronaldo. Teve ótima atuação e foi elogiado. Seria titular também no jogo de volta, mas lá a Inter perdeu por 2 a 0 e acabou eliminada. Ele tinha estreado na Serie A algumas semanas antes do primeiro jogo, no dia 25 de janeiro de 2009, em um jogo contra a Sampdoria. Estreou como titular. Jogaria diversos jogos em sequência naquelas semanas.
Àquela altura, Santon era visto com uma grande revelação. Lateral tipicamente italiano, ótimo defensivamente, alto, com 1,87 metro de altura, e capaz também de chegar ao ataque. As comparações com Giacinto Facchetti, lateral esquerdo lendário, eram exageradas, mas Santon tinha mesmo potencial para ser um jogador de seleção italiana. E foi, por oito jogos.
Foi convocado em 2009, naquele ano que brilhou, ainda quando a Azzurra era dirigida por Marcelo Lippi. Fez cinco dos oito jogos pela seleção italiana naquele ano, quando era só um garoto, de 18u anos. Voltaria a jogar pela Itália em 2010, em um amistoso, e depois em 2011, em outro jogo amistoso. Nunca mais voltaria a jogar pela Itália.
Aos poucos, perdeu espaço na Inter. O clube, então, o emprestadou para o Cesena, em janeiro de 2011. Jogou o segundo semestre da temporada por lá e foi vendido ao Newcastle, em agosto de 2011. Foram quatro anos atuando na Inglaterra e voltaria à Itália em 2015, emprestado à Inter, que o compraria de volta. Mais três anos pelos nerazzurri e foi vendido à Roma em 2018. Ficou no clube até o fim da temporada passada, em 2022.
Sem contrato, ele decidiu se aposentar, sentindo os problemas físicos que o atrapalharam ao longo da carreira se tornarem grandes demais. “Sou forçado a pendurar as minhas chuteiras. Não é que não tenha propostas, mas meu corpo não pode lidar mais com isso depois de tantas lesões”, afirmou o jogador, em entrevista ao Tuttomercatoweb.
“Sou forçado a fazer isso. Não queria, mas eu preciso. Eu fiz exames e consultas sem fim, mas não há nada que possa ser feito. Ainda posso andar, mas não é o suficiente para ser um atleta profissional. Se eu continuar forçando, corro o risco de precisar de uma prótese”, afirmou ainda Santon.
“O joelho esquerdo já era. Ele me impede de fazer muitas coisas. O joelho direito, que eu operei três vezes, removendo cartilagem, o menisco externo inteiro, então assim que eu o estendo um pouco, ele incha e não consigo flexionar”, explicou. “Todas as minhas lesões vêm daí, porque meu joelho direito não pode flexionar, você estender mais o esquerdo e o músculo flexor. Se eu jogo uma partida, arrisco ficar fora das próximas cinco”.
Santon foi acusado de não aceitar propostas para deixar a Roma e ficar recebendo salário sem jogar. “Eu não recusei ninguém, mas eu jamais passaria em um exame médico”, contou o jogador.
A aposentadoria chega precocemente para Santon, em uma época que muitos jogadores conseguem estender suas carreiras por mais tempo, graças a tratamentos modernos e melhores dietas e preparação física. Santon, porém, não tem mais condições. Agora, se ele continuar no futebol, será em outro papel.
Seu último jogo como profissional foi ainda na temporada 2020/21, em 23 de maio de 2021, contra o Spezia. Naquela partida, atuou 45 minutos como lateral esquerdo. Não seria utilizado na temporada seguinte, 2021/22, já lidando com as lesões e fora dos planos do clube.
No total, foram 110 jogos pela Inter, 94 pelo Newcastle, 53 pela Roma e 11 pelo Cesena, além dos oito pela seleção italiana. Após 13 anos da sua estreia, ele deixa o futebol profissional. Que ele possa encontrar o que quer fazer para o resto da vida, porque se para o futebol não é mais possível, ele ainda é jovem para encontrar outros caminhos profissionais.