Trivela
·05 de agosto de 2022
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·05 de agosto de 2022
Este texto faz parte do Guia da Premier League 2022/23. Clique e leia sobre todos os times.
Cidade: Wolverhampton Estádio: Molineux Stadium (31.700 pessoas)
Era uma temporada arriscada para o Wolverhampton. O trabalho de Nuno Espírito Santo havia dado sinais de desgaste, após dois sétimos lugares consecutivos, e a troca foi natural. Apostou em um técnico pouco experimentado, sem fazer grandes investimentos. No fim, deu tudo certo. O Wolverhampton não alçou voos tão altos, nem atrapalhou tanto os grandes, mas fez o bastante para terminar a Premier League entre os dez primeiros colocados, até que não tão longe de vaga em competições europeias.
Bruno Lage foi esperto e manteve a estrutura de Nuno. Três zagueiros, dois meias, dois alas, dois atacantes mais móveis, um centroavante. Foco em não sofrer gols – quinta melhor defesa – e tentar criar alguma coisa com jogadas objetivas, acionando Raúl Jiménez. O ataque foi um horror. Jiménez e Daniel Podence foram os artilheiros com seis gols cada por todas as competições. Ainda foi melhor que na temporada anterior, quando Rúben Neves e Pedro Neto fizeram cinco cada.
Mas uma fórmula que havia se provado competente com Nuno Espírito Santo funcionou para somar pontos. Depois de um começo hesitante, com três derrotas – contra adversários difíceis: Leicester, Tottenham e Manchester United –, o Wolverhampton ganhou cinco dos sete jogos seguintes. Quase meio caminho andado para evitar o rebaixamento, se alguém estava com medo disso. No começo de dezembro, enfrentou Liverpool e Manchester City em sequência. Saiu sem nada, mas perdeu por apenas 1 a 0, com os Reds precisando de um gol de Origi no apagar das luzes, e o City de um pênalti convertido por Sterling.
Logo em seguida, outra sequência muito boa, com seis vitórias em oito jogos e de repente dava para sonhar com vaga na Liga Europa ou na Conference. Também de repente, o desempenho desapareceu, e o Wolverhampton terminou a Premier League sem vencer as últimas sete rodadas e sofrendo derrotas pesadas. Bruno Lage tem que fazer um profundo diagnóstico para evitar que isso aconteça novamente.
Nathan Collins, do Wolverhampton (Foto: Divulgação)
Principais chegadas: Nathan Collins (Burnley), Hee-chan Hwang (RB Leipzig)
Principais saídas: Rúben Vinagre (Sporting), Marçal (Botafogo), Romain Saïss (Besiktas), John Ruddy (Birmingham), Ki-Jana Hoever (PSV), Fábio Silva (Anderlecht)
Como Hee-chn Hwang já estava no clube e foi apenas confirmado, o Wolverhampton fez uma única contratação. Aproveitando a queda do Burnley, como muitos clubes da Premier League estão fazendo, investiu alto para comprar o zagueiro Nathan Collins. Um reforço diferente para os Lobos. Para começar, ele não é português. E também tem experiência de Premier League. Primeiro, se estabeleceu como um talentoso defensor na Championship pelo Stoke City. Fez 19 jogos pelo Burnley na campanha do rebaixamento e a terminou como titular.
De certa forma, Adama Traoré também é um reforço. Retorna após empréstimo ao Barcelona, mas, se ficar, será a contragosto de Bruno Lage e da diretoria. Está no último ano do seu contrato e não aceitou uma proposta de renovação. O Wolverhampton gostaria de fazer algum dinheiro com ele. Ainda não há interessados. Lage está priorizando jogadores de lado de campo que trabalham mais a bola do que Traoré, famoso pelas suas arrancadas e jogadas de linha de fundo. Talvez não tenha tanto espaço.
Outros que estão sem espaço são Patrick Cutrone e Leo Bonatini, que não foram levados para a turnê de pré-temporada pela Espanha. O clube também optou por emprestar o garoto Fábio Silva, contratado por uma nota após a venda de Diogo Jota, para se desenvolver no Anderlecht.
Não vou mentir para vocês: não é o mais profundo da Premier League. Raúl Jiménez começará a temporada machucado, perderá algumas semanas e não há um substituto natural. Deve ser a chance de Hee-chan Hwang mostrar a que veio. Ou Pedro Neto será deslocado, talvez Daniel Podence. Bruno Lage está indicando uma mudança à linha de quatro, uma tentativa de melhorar um pouco o poder de fogo do Wolverhampton.
Isso cria um probleminha: Conor Coady, um dos maiores ídolos do elenco, joga melhor com três zagueiros. Faz cinco anos que não é deixado no banco de reservas por opção. A mudança de formação, testada na pré-temporada, pode deixá-lo um pouco de lado. É verdade que Lage também havia esboçado linha de quatro antes da temporada passada e acabou usando três zagueiros em quase todos os jogos.
Agora a expectativa é que pelo menos varie em algumas rodadas, o que significa uma provável linha de defesa com Nélson Semedo, Max Kilman, Nathan Collins e Rayan Aït-Nouri. Coady, Willy Bolly e Toti seriam opções para o miolo, e Jonny Otto pode jogar nas duas laterais.
O meio-campo começa com Rúben Neves e João Moutinho, 35 anos. Leander Dendoncker parece gostar da função de reserva, e Bruno Jordão retorna de um empréstimo ao Grasshopper. Se jogar em um 4-2-3-1, o setor ofensivo deve ter a prata da casa Morgan Gibbs-White, Pedro Neto e Daniel Podence tentando municiar Jiménez, que não foi bem em sua primeira temporada completa desde a fratura no crânio – o que é até compreensível.
Hee-chan Hwang é praticamente a única outra opção ofensiva, considerando que Cutrone e Bonatini realmente não sejam usados, e se Adama Traoré for vendido. Convenhamos que não é muita coisa.
Bruno Lage, técnico do Wolverhampton (Foto: Nathan Stirk/Getty Images/One Football)
Com as cartas que recebeu, Bruno Lage fez o que dava para fazer. Talvez até um pouco mais, sendo sincero. Manteve a estrutura de Nuno Espírito Santo e priorizou uma primeira temporada mais tranquila antes de pensar em revoluções. Indica novamente que tentará usar linha de quatro para tentar destravar o ataque do Wolverhampton. Em sua relativamente curta passagem pelo Benfica, mostrou que sabe montar times ofensivos, se tiver material humano. Mas não tem muito, e já faz algumas janelas que os Lobos investem pouco. Dependerá demais da recuperação de Jiménez.
Tudo indica que Morgan Gibbs-White terá muito espaço nesta temporada. Talvez até seja titular. Cria das categorias de base dos Lobos de 22 anos, passou por dois empréstimos à Championship. Até havia começado bem pelo Swansea, com um gol e uma assistência em quatro rodadas, mas fraturou o pé e retornou em janeiro. Foi pouco utilizado. Em 2021/22, brilhou pelo Sheffield United. Fez 12 gols por todas as competições e deu nove assistências, jogando em várias posições: pelo lado direito, pelo meio ou como segundo atacante.
O Wolverhampton terminou a Premier Legue na metade superior da tabela em três das últimas quatro temporadas. Esse é o piso que Bruno Lage precisa buscar. Mas precisará fazê-lo com um futebol um pouco mais empolgante. De 47 e 51 gols marcados naquelas duas campanhas em sétimo lugar, o sistema ofensivo dos Lobos produziu 36 e 38 nos últimos dois anos. É muito pouco. Também pode buscar uma campanha relevante nas copas inglesas. Desde o acesso, conseguiu apenas uma semifinal de FA Cup.