Gazeta Esportiva.com
·18 de novembro de 2025
Tuma lamenta “freio repentino” do Cori e defende reforma estatutária do Corinthians

In partnership with
Yahoo sportsGazeta Esportiva.com
·18 de novembro de 2025

Romeu Tuma Júnior respondeu ao pedido do Conselho de Orientação (Cori) do Corinthians para que a votação da reforma do estatuto do clube seja cancelada. Em nota publicada no site oficial do time nesta terça-feira, o presidente do Conselho Deliberativo lamentou o posicionamento do órgão e falou em “crítica vaga”.
Em comunicado divulgado mais cedo, também no site do Corinthians, o Cori disse ter identificado “ilegalidades” no processo e solicitou mais tempo para analisar as propostas. A reunião para a votação do novo estatuto está agendada para o dia 24 de novembro.
Tuma, por sua vez, alegou que o órgão não apresentou nenhuma sugestão ao longo da elaboração do texto e enxerga “freios repentinos” para “impedir os necessários avanços estatutários” do clube. Ele também promete esclarecer a situação “muito em breve”
“Em relação à nota publicada pelo Conselho de Orientação no site oficial do Corinthians, lamento profundamente que a participação do órgão se resuma a tentar impedir os necessários avanços estatutários de que o clube tanto necessita e que foram estabelecidos como metas deste Conselho Deliberativo desde o início da atual gestão, em fevereiro de 2024, quando, em decisão unânime do plenário do colegiado, deliberou-se pela necessidade da Reforma do Estatuto Social.
Causa estranhamento que o órgão – que em nenhum momento encaminhou propostas ou sugestões para integrar a reforma – tenha decidido se manifestar agora em favor de freios repentinos, dificultando o andamento de um processo que convidou e ouviu todos os corinthianos interessados em participar deste momento histórico. Poderia igualmente ter contribuído com soluções construtivas para eventuais pontos que considerasse equivocados. No entanto, nada foi produzido além de uma crítica vaga e, a meu ver, injustificada.
Por respeito ao Conselho de Orientação e a toda a coletividade corinthiana, especialmente àqueles que se dedicaram ao propor caminhos para o fortalecimento de nossa Instituição, todos os esclarecimentos serão apresentados muito em breve.
Ressalto, por fim, que pontos como o Voto do Fiel Torcedor, a responsabilização de dirigentes, a vedação de cargos remunerados do clube para parentes de conselheiros, a reformulação do modelo eleitoral e a definição de critérios objetivos de governança e procedimentos internos, para citar alguns dos pontos da reforma, jamais poderão causar mal ao Corinthians, sejam quais forem as definições tomadas. A inércia, a omissão e a vaidade, certamente, poderão.”

(Foto: André da Silva Costa/Gazeta Press)
Como publicou a Gazeta Esportiva no último dia 13 de novembro, a reforma do estatuto do Corinthians gerou um conflito interno no Parque São Jorge. O presidente do Conselho Deliberativo, Romeu Tuma Júnior, insiste que o CD vote o projeto até o fim deste mês, apesar da pressão de conselheiros.
No entanto, segundo apurou a reportagem, Paulo Pedro e outros membros do Cori entendem que os conselheiros precisam de mais tempo para discutir o projeto e ameaçam judicializar a reforma caso não haja ampla discussão do texto, que foi apresentado em entrevista coletiva no dia 27 de outubro.
Os conselheiros gostariam que houvesse mais reuniões, além do encontro marcado para o dia 24 de novembro, a fim de debater o projeto de forma mais detalhada. Tuma, por sua vez, não pretende ceder. Ele entende que os conselheiros podem se reunir extraoficialmente ao longo do mês para discutir o texto ou enviar propostas ao CD, de modo que o dia 24 seja reservado apenas para a votação do novo estatuto.
O presidente do Conselho já havia manifestado publicamente o desejo de concluir o processo antes do fim de 2025.
As discussões acaloradas no Parque São Jorge podem estagnar o processo de votação do novo estatuto. Em meio a esse cenário, a SAFiel surgiu como alternativa. Entretanto, o projeto que prevê a transformação do Corinthians em uma SAF (Sociedade Anônima do Futebol) ainda não avançou.
Um dos principais motivos é a recomendação do departamento de compliance, que avaliou a proposta do grupo entregue a Romeu Tuma Júnior e ao presidente do clube, Osmar Stabile. O setor levantou questionamentos e sugeriu que a diretoria não assine a carta de intenções neste momento.
Foram três ‘red flags’ (termo em inglês para indicar “sinais de alerta”) apontadas pelo compliance alvinegro. O primeiro ponto é o fato de a empresa Invasão Fiel S.A ter sido aberta recentemente, com capital social baixo, de apenas R$ 3 mil, apesar de prometer arrecadar R$ 2,5 bilhões para quitar dívidas do Corinthians e investir no futebol.

(Foto: Divulgação/SAFiel)
Além disso, o compliance do clube constatou que Maurício Chamati, um dos idealizadores da SAFiel, esteve envolvido em um processo por estelionato na Justiça, que fora arquivado, porém, citado na averiguação. Também pesa contra o empresário, que é cofundador do Mercado Bitcoin, a relação com a antiga gestão do clube, liderada pelo presidente destituído Augusto Melo.
Chamati participou, durante sete meses, do Comitê Independente de Finanças do Corinthians. Os membros do grupo, criado por Pedro Silveira, então diretor financeiro do clube, assinaram um NDA (Non Disclosure Agreement, termo em inglês para “Acordo de Não Divulgação”) válido por cinco anos, a fim de evitar o vazamento de informações sigilosas.
O empresário, portanto, comprometeu-se a manter sigilo sobre os dados aos quais teve acesso. Porém, meses após a dissolução do Comitê, extinto após o impeachment de Augusto Melo, Chamati passou a trabalhar em conjunto com Carlos Teixeira e Eduardo Salusse na elaboração da SAFiel. O projeto foi oficialmente lançado em 28 de outubro deste ano.
Em nota, a SAFiel rebateu as ‘red flags’ apontadas e ressaltou a necessidade de debater a proposta nos órgãos internos do Corinthians. Os integrantes do projeto se dizem “abertos ao diálogo” com conselheiros e associados do Parque São Jorge.
A decisão de assinar ou não a proposta da SAFiel está nas mãos de Osmar Stabile. Porém, a probabilidade do presidente do Corinthians levar o projeto adiante neste momento é baixa, tendo em vista a recomendação do compliance.
Na última terça-feira, após o evento de lançamento do Campeonato Paulista de 2026, na Mercado Livre Arena Pacaembu, o dirigente disse que não irá assinar nada enquanto os questionamentos levantados não forem respondidos.
“Nós recebemos o projeto c levamos para o compliance. O Corinthians tem um compliance que funciona, nessa gestão ele funciona, em outras gestões eu não sei se funcionou ou não, mas nessa gestão ele funciona. A gente não vai deixar nenhuma herança maldita para frente. Se tiver algum apontamento, como teve do compliance, o Corinthians vai aguardar. A diretoria vai aguardar se eles vão resolver o problema dos apontamentos e depois nós vamos conversar sobre a parte técnica, a parte de marketing, toda essa parte”, disse Stabile.
“Tem que passar primeiro pelo compliance. O Corinthians não assina o contrato com ninguém, seja da SAFiel ou de qualquer outra empresa, se tiver qualquer apontamento”, concluiu.









































