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·24 de novembro de 2025

Os pilares do acesso histórico do Remo à Série A após 31 anos

Imagem do artigo:Os pilares do acesso histórico do Remo à Série A após 31 anos

Depois de 31 anos sem jogar a primeira divisão, o Clube do Remo está de volta à elite. O acesso foi confirmado neste domingo, 23, após vitória diante do Goiás e uma combinação de resultados. A subida histórica do clube paraense tem como protagonistas o técnico Guto Ferreira e o atacante Pedro Rocha.

O tempo de espera foi longo, mas a festa enfim chegou ao Mangueirão. E em confronto épico contra o Goiás, com clima de decisão e virada por 3 a 1 para conquistar uma improvável vaga. Um acesso fruto de um trabalho bem feito coletivo, mas também com destaques individuais.


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Aproveitamento de campeão

"Rei do Acessos", o técnico Guto Ferreira levou mais uma vez uma equipe para a Série A. O treinador começou a Segundona deste ano no Cuiabá e foi demitido depois de 21 rodadas e uma campanha ainda instável. O Dourado acabou no meio da tabela.

Ainda distante do acesso, o Remo apostou em Guto Ferreira a partir da 29ª rodada depois de demitir António Oliveira, que não conseguiu manter o bom trabalho de Daniel Paulista. Essa decisão foi a grande virada de chave para a campanha histórica ser concretizada. 

No Remo, Guto Ferreira rapidamente recuperou a confiança de um elenco que vinha em baixa e achou soluções. O treinador, famoso pelo apelido "Gordiola", acumulou 10 jogos, com 7 vitórias, 2 empates e apenas 1 derrota. 

Para se ter uma comparação, o aproveitamento do Remo com Guto Ferreira foi superior a 76%. Sem ele, a campanha era de 28 jogos, 9 vitórias, 12 empates e 7 derrotas, um aproveitamento de quase 47%. Se a média de pontos conquistados se mantivesse, o Leão terminaria a Série B com 53 pontos, em décimo. 

Antes do jogo contra o Goiás, depois de sete vitórias consecutivas, o Remo chegou a três jogos sem vencer e deixou de depender apenas de si. Guto Ferreira fez mudanças no time titular, sacando Reynaldo na zaga e recolocando Sávio na lateral e dando oportunidades para Cantillo (ex-Corinthians) na base do meio.

"O Guto foi só uma peça. A força da engrenagem veio de muita gente por trás, e essas pessoas são essenciais. Cada um tem sua responsabilidade nessa construção. Se a ficha caiu? Acho que não. Vai demorar. É difícil… vocês não têm noção. Fiquei profundamente emocionado na chegada, com aquele mundo azul, aquela invasão azul", afirmou o treinador.

"O que eu mudei no grupo? Fiz eles entenderem que precisavam entregar mais e que jogaria quem estivesse realmente pensando no amanhã. Aos poucos, todo mundo foi entendendo e todos puderam ajudar. O resto foi circunstância normal de trabalho", explicou.

Com a campanha do Remo, Guto Ferreira se juntou também a Givanildo de Oliveira como o técnico com mais acessos para a Série A na história. São cinco: Ponte Preta (2014), Bahia (2016), Internacional (2017), Sport (2019) e Remo (2025). 

O artilheiro da Série B

Outro importante pilar do Remo na Série B foi o atacante Pedro Rocha, que terminou a competição como o principal artilheiro. Aos 31 anos, o atacante ex-Grêmio, Cruzeiro, Flamengo e Athletico, fez a melhor temporada da sua carreira. 

No Remo, onde chegou nesta temporada, Pedro Rocha marcou 19 gols e deu 9 assistências em 44 partidas. Isso acontece depois de passar 2024 inteiro sem marcar um único gol durante sua passagem por Fortaleza e Criciúma na Série A. 

Essa também foi a temporada mais artilheira de Pedro Rocha desde 2016, quando marcou 12 gols pelo Grêmio. No ano seguinte ele acabou vendido ao futebol russo por 12 milhões de euros.

A aposta em Pedro Rocha se mostrou acertada. Na Série B, o atacante marcou 15 gols e deu 8 assistências, sendo o líder em participações. Ele também mostrou ser decisivo em jogo importante e na "final" contra o Goiás marcou 1 gol e deu 2 assistências. O atacante participou de 8 gols nos últimos 10 jogos. 

"Esse meu destaque individual, ele só foi possível por causa de todos os meus companheiros, e aqui eu sou muito grato a todos eles. Eu venho fazendo um ano brilhante na minha carreira, porque eu devo muito a eles, não é o Pedro Rocha que joga sozinho, tem 11, os outros que ficam também para entrar depois. Esse meu destaque, eu devo muito a eles", declarou recentemente o atacante.  

Além de Pedro Rocha, o Remo também foi buscar reforços estrangeiros que acabaram essenciais para o acesso. No ataque, o uruguaio Diego Hernández, emprestado pelo Botafogo, foi peça importante na reta final com 5 participações em gol. Seu conterrâneo Nicolás Ferreira também teve o mesmo número de contribuições. 

Entre os reforços "exóticos" estão o meia grego Pana Tachtsidis, de 34 anos, de experiência nas elites da Itália (Roma, Hellas Verona, Torino, Genoa..) e Inglaterra (Nottingham Forest). O jogador estava na Romênia, chegou no segundo semestre e fez 9 jogos na Série B. 

Outro nome de destaque foi o atacante João Pedro, com dupla nacionalidade: portuguesa e de Guiné-Bissau. Em 13 jogos, ele marcou 4 gols e deu 1 assistência, tendo marcado duas vezes justamente no jogo mais importante, na virada contra o Goiás

Alto investimento

Mas o Remo, que em 2024 estava na Série C, não chegou à primeira divisão por acaso e fez um alto investimento na contratação de "medalhões", como o próprio Pedro Rocha. Outros jogadores de renome que chegaram ao clube foram Cantillo [ex-Corinthians], Marrony [ex-Atlético-MG], Nathan [ex-Grêmio] e Janderson [ex-Corinthians]. Nem todos deram certo. 

O Executivo de Futebol do Remo é Marcos Braz, que até o ano passado era vice-presidente de futebol do Flamengo. Ele já respondeu sobre questionamentos da origem dos investimentos do Remo

"Existem decisões que não são minhas, mas que a diretoria e a torcida é quem irá tomar a decisão. Parte financeira foi boa para o Remo? A gente já colocou R$ 2,3 milhões aqui, coisa que historicamente antes não se via. Os jogadores que vieram; como é que ta pagando? Existe uma covardia que aí fazem com o Remo em todo um contexto que é passado dessa forma. O Remo está longe desses R$ 4 ou R$ 4,5 milhões por mês. O cara que fala isso é irresponsável, não sabe do que está falando, e se for jornalista, está com a informação errada. Esses aí tem fonte seletiva e são seletivos na fonte. Há um ponto que a torcida do Remo tem que entender é: temos dois jogadores do Fluminense, um (Kayky) o Fluminense paga junto com a gente, com o Remo pagando 50%. O Botafogo tem dois jogadores aqui: um o Botafogo paga 100% e o outro o Remo paga a imagem. Do Santos, também é a mesma coisa. Então, se eu tenho uma boa relação no futebol brasileiro, e se o Remo está tirando proveito desta situação, não se pode fazer a soma, pra jogar na folha. Então assim, a folha do Remo não é uma folha pequena, ela é de meio da tabela, um pouco mais na frente ali, mas tem muita folha próxima a nossa, que é aqui pertinho", concluiu.

Tradição na Série A

Em 2026, o um time da região Norte disputará novamente a primeira divisão do futebol brasileiro desde 2005, quando o Paysandu, rival do Remo, esteve na Elite. 

Na região, o Remo é o clube que mais disputou a primeira divisão do futebol brasileiro. Esteve de maneira seguida entre 1972 e 1980. Também esteve em 1985, 1986, 1993, 1994. Nesta última, acabou na quinta colocação do Grupo C, caindo ainda na primeira fase. 

De volta à Série A, o Remo agora terá um grande desafio, mas conta com sua enorme torcida. 

"O Remo tem o principal para se segurar em uma Série A, que é a torcida, que poucos clubes têm. Talvez, com outro clube, se não tivesse mais tempo, aí sim haveria ainda mais dificuldade. Mas com a torcida, e avançando alguns pontos, poderemos estruturar bem mais rápido", projetou Braz. 

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